Já dizia Derek Bok, Ex-Presidente da Universidade de Harvard (1971-1991), “If you think education is expensive, try ignorance”. Portugal tem vindo a aprender a lição, mas da maneira mais difícil.
Existe uma forte relação entre educação e desenvolvimento desde sempre. Para haver desenvolvimento económico, tem de existir investimento em educação e formação da população. Uma população com mais conhecimento traduz-se numa população que trabalha melhor, mais curiosa, mais inovadora e mais produtiva; traduz-se em empresas mais bem geridas e num país economicamente mais estável.
Em 1999, a despesa de Portugal em ensino era de 8.352 mihões de Euros. Em 2011, este valor passou para apenas 10.950,35 milhões de Euros. Quando comparado com outros países da União Europeia, é claro o desinteresse por parte do Estado português em investir na formação do nosso capital humano. Em 2004, o orçamento de estado para a educação sofreu um corte de 4,2% em relação a 2003. Em 2008, 2011 e 2012, verificam-se mais reduções na despesa relativa a educação, reduções estas que se têm acentuado cada vez mais.
As medidas tomadas para reduzir a despesa nesta área passaram pela criação de agrupamentos escolares, que levou a diminuição de necessidade de contratação e ao despedimento de professores. As consequências são óbvias: o desempenho dos professores tornou-se mais fraco e a qualidade do ensino tem vindo a degradar-se cada vez mais: a eliminação de disciplinas e o aumento de alunos por turmas levam a um desinteresse crescente por parte dos jovens, que se reflete no seu desempenho e que se traduz muitas vezes em reprovações (que têm um custo alto para o estado).
No que diz respeito ao ensino superior, as propinas têm vindo a aumentar e as bolsas a reduzir-se, o que provoca uma taxa de abandono escolar cada vez mais alta, principalmente devido a incapacidade financeira.
Em 2013, a percentagem de pessoas com o nível de ensino secundário ou mais foi de 40%. Na União Europeia (28 países) este valor foi de 75,2%. Mas, afinal, o que é que isto diz sobre o nosso país? O facto da qualidade da nossa mão-de-obra ser radicalmente inferior ao resto da União Europeia coloca-nos automaticamente num patamar mais baixo, tornando-nos dependentes de todos esses países, pois são eles quem tem mais capacidade de inovar, criar novos produtos e empresas… Já não basta sermos um país pequeno com limitações fisícas. Teremos nós também de nos limitar à ignorância?
O Estado português tem de começar a olhar para a Educação não como um custo mas sim como um investimento. Se Portugal quer, um dia, tornar-se numa economia sustentável, isso terá de passar pela qualificação e formação do capital humano.
Margarida de Barros Martins
Fontes/Entidades:
Eurostat / UNESCO-UIS / OCDE / Entidades Nacionais, PORDATA
Referências:
O INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO EM PORTUGAL: RETORNOS E HETEROGENEIDADE http://www.esec.pt/cdi/ebooks/docs/Alves_Investimento.pdf
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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