O consumo de energia é bastante importante no desenrolar da actividade das indústrias, na medida em que estas usam maioritariamente fontes de energia não renováveis, como a energia nuclear e, principalmente, os combustíveis fósseis. Contudo este tipo de energia não só tem impactes nefastos no ambiente como, também, o seu esgotamento proveniente da exploração excessiva leva à procura de outras alternativas mais sustentáveis e inesgotáveis, cada vez mais possíveis de serem aproveitadas com as tecnologias disponíveis. É sobre este ponto de vista mais prático, que se apoia nos resultados économicos ao nível do produto e do desemprego, que os países se debruçam quando optam por este tipo de recurso.
As energias renováveis foram uma das grandes bandeiras do Governo de José Sócrates (12 de Março de 2005 - 21 de Junho de 2011) e foi sobre a alçada do seu Governo que começou um grande investimento neste tipo de energias sustentáveis, que ainda hoje dá frutos. Sócrates defende que “a reforma portuguesa da área energética foi uma das reformas mais bem conseguidas em todo o mundo num curto espaço de tempo”, sustentando-se no facto de, em 2010, 53 % da eletricidade consumida em Portugal ter sido produzida com base em energias renováveis.
A aposta neste tipo de energia surgiu numa altura em que era necessário evitar a dependência do nosso país em relação à oscilação do preço do petróleo, o que levou ao desenvolvimento que permitiu a Portugal alcançar uma posição forte no sector das energias renováveis a nível mundial, que aliado ao nosso enorme potencial de aproveitamento e exploração de fontes de energias “limpas” acelerou este processo. Este investimento levou a que no último ano 58,3% do total da electricidade consumida fosse produzida a partir de fontes renováveis, sendo, sem dúvida, um dos países do mundo com maior produção de energia elétrica de forma sustentável. No que concerne à produção nacional, a contribuição é ligeiramente superior, fixando-se em 61,7%. Face a este aumento da produção de energia renovável no ano transacto, foi possível reduzir a electricidade importada em cerca de 2,8 vezes, refletindo-se num decréscimo de 10% do total de electricidade consumida.
Se olharmos para o mês de Setembro que acabou de findar, 64% da electricidade consumida é proveniente destas energias “limpas”, desses 64% , 31,8% é proveniente da Grande Hídrica (que corresponde essencialmente às barragens), sendo esta a principal fonte de geração de energia eléctrica “verde”. Os restantes 32,8% correspondem a uma combinação de outros tipos: éolica (23%), biomassa (5,4%), pequenas centrais hídricas (2,8%) e solar fotovoltaica (1,3%) .
Relativamente às consequências económicas verificadas no último ano, tivemos consequências bastante positivas na economia, o que resultou na criação (directa e indirecta) de cerca de 40 mil novos postos de trabalho e, consequentemente, numa contribuição de 2730 milhões de euros para o PIB, diminuindo também em 1479 milhões de euros as importações de energias não renováveis. Isto levou também à diminuição da nossa dependência no sector energético, para além dos ganhos relacionados com o produto nacional e a diminuição do desemprego.
O futuro das energias em Portugal é também bastante promissor, devido a empresas como a EDP renováveis, uma subsidiária da EDP, que tem crescido de forma bastante ambiciosa nos últimos anos, tornando-se numa empresa com operações de exploração de energia solar, eólica, provenientes de ondas e hídrica, bem como biomassa, espalhadas por todo o mundo, fazendo dela líder mundial no sector das energias renováveis.
Finalizando, apesar de alguns obstáculos traduzidos num desinvestimento no que toca à exploração destas fontes de energias alternativas no último ano, devido a erros do Governo, que "com contas mal feitas e uma lógica de curto-prazo, provocou em 2013 a estagnação do setor com consequências ambientais, económicas e sociais negativas para o futuro", segundo a Organização Ambientalista Quercus, Portugal ainda assim mantém uma posição cimeira na exploração deste tipo de recursos devido ao seu imenso potencial. Daí resultam as consequências positivas acima referidas, com expressão objetivável no crescimento económico sustentável do nosso país, nomeadamente.
É importante, também, ressalvar que este investimeto energético envolve elevados preços pagos pelas renováveis, o que resulta no crescimento das tarifas pagas pelos utilizadores, que se tem verificado nos últimos anos.
Bruno Ricardo Marques Magalhães
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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