A necessidade de recuperar a economia portuguesa é um tema recorrente na sociedade moderna. Pela terceira vez nas últimas três décadas democráticas estamos em crise e, por esta mesma razão, foi necessária uma crescente intervenção externa. É importante compreender a situação mas, mais do que isso, entender o problema. Este passa por uma diminuição abrupta da procura interna e do poder de compra dos consumidores. Porém, muitos dos sectores que caracterizam a economia portuguesa conseguiram inovar e “dar o salto” para outros mercados. Exemplo disso são o sector do calçado, sector têxtil e cortiça.
O principal segredo desta recuperação económica passa pelo impacto que os mencionados sectores têm na Balança Comercial. Com as exportações do calçado a crescerem a um ritmo mais acelerado que as importações, o contributo para a balança comercial, em 2013, foi de 1,3 milhões de euros. Quanto ao saldo do sector Têxtil e vestuário, este foi o melhor dos últimos 7 anos, atingindo, em 2013, o valor de 1.085 milhões de euros. Este sector é extremamente importante, tanto do ponto de vista da Balança comercial, como do ponto de vista do peso das exportações nacionais, contribuindo com quase 10%.
A indústria corticeira é a “pérola” da economia portuguesa. Com mais de 300 anos de história, a cortiça é dos produtos naturais mais valorizados a nível internacional. Deste modo, possui uma forte relação com a cultura portuguesa, assegurando uma posição forte no mercado mundial. Assim, irei esmiuçar com mais veemência o sector da cortiça e, por isso, convém, desde já, realçar o papel da Corticeira Amorim, uma vez que esta “é a maior empresa mundial de produtos de cortiça e a mais internacional das empresas”, liderando todo o sector. Contribui “como nenhuma outra para a economia e para a inovação da fileira da cortiça”.
Como referi anteriormente, a cortiça é um “sector com tradição”, em evolução e que, nos dias de hoje, se apresenta bastante renovado. A sua importância tem sido reforçada através dos produtos inovadores que esta indústria coloca nos mercados. Como podemos observar no nosso quotidiano, o sector da cortiça destaca-se pelo fabrico de rolhas, que constituem 60% das exportações. Segundo dados do INE, em 2012, o montante geral das exportações cresceu 5% em volume face ao ano anterior.
O nosso principal importador está no mercado intracomunitário, no entanto tem-se verificado uma tendência de subida do mercado norte-americano. Isto comprova os bons resultados de exportação da cortiça nos últimos anos, sendo que a balança comercial registou um saldo bastante positivo, de 815,9 milhões de euros. Perante este cenário, verifica-se que Portugal assume a liderança na exportação de produtos de cortiça. Tudo isto se deve ao facto do investimento neste sector ser forte, assim como a capacidade de renovação e adaptação, que conseguem ir além da tradição. Este acontecimento tem sido um fator chave na conquista de novos segmentos de mercado.
Sendo, como referido, Portugal o maior produtor mundial de cortiça, acredito que com a atual conjuntura económica portuguesa o mercado de vendas da indústria corticeira não irá sofrer grandes alterações, visto que o sector de exportações não depende propriamente de mercados nacionais, mas sim de internacionais. Contudo, a crise portuguesa poderá afetar de alguma forma as empresas, gerando tensões, desconfiança e instabilidade. O mesmo serve para os restantes dois sectores falados acima.
A meu ver, apesar de a crise não deixar estes três sectores indiferentes, não me parece que estes deixem de ser geradores de emprego. O importante passa por apostar nos jovens, criando várias formações de cariz profissional, abarcando não só técnicas relacionados com o sector em questão mas também com a capacidade de comunicação, de comércio, de gestão... O objetivo disto é nada mais do que sustentar ambas as indústrias com novos profissionais qualificados, permitindo, assim, aumentar a qualidade do produto.
Com isto, todos os sectores abordados passam a ser mais desenvolvidos, enriquecendo a Balança Comercial de Portugal e, a par desta, contribuindo para a recuperação da economia. Deste modo, considero importante estar atento a sectores como estes, através do apoio ao seu desenvolvimento sustentável uma vez que “têm muito a dizer a Portugal”.
José Luís Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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