Portugal foi um país vanguardista na institucionalização do turismo, há um século, e tornou-se um dos mais importantes países turísticos europeus. Os seus recursos naturais e culturais e os produtos e destinos turísticos próprios, reconhecidos nacional e internacionalmente, são aspectos relevantes quando pensamos e falamos de como ultrapassar a crise actual.
Até inícios da década de 60, o movimento de turistas em Portugal era bastante modesto. Desde então registou-se um aumento muito significativo, a ponto do turismo assumir hoje uma importância económica extraordinária em Portugal, quer pelas receitas financeiras directas e indirectas geradas, quer pela criação de emprego.
Um dos aspetos fundamentais para a mudança é, certamente, o turismo com a inovação. Mas como?
Segundo Jorge Mangorrinha, presidente da comissão nacional do centenário do turismo em Portugal, “é determinante a aposta, designadamente, nas redes de conhecimento, externa e internamente, para a afirmação do turismo português como valor económico e cultural perante os mercados. O papel das redes é fundamental para a gestão da inovação e consequente melhoria da competitividade do sector turístico, a que se associa o impacto das tecnologias e das indústrias criativas e culturais na potenciação dessa inovação.
Internamente, a diversidade e a biodiversidade do nosso país sempre potenciaram a criação de produtos, destinos e marcas valorativas de uma estratégia turística nacional que, por sua vez, se deve articular, coerentemente, com a própria marca do País.”
Ao longo de 2013, crescemos nas taxas de ocupação, nos visitantes e nas receitas médias, conquistamos mais do triplo dos prémios do que no ano 2012 e o nível de satisfação dos turistas que nos visitaram e a vontade de regressar ultrapassou a barreira dos 90%.
O número de turistas estrangeiros a procurar Portugal cresceu significativamente na última década, registando-se um aumento superior a 2,5 milhões de pessoas entre 2004 e 2013.
Assim, depois de ter fechado 2013 com crescimentos recordes em receitas e dormidas, o sector do turismo volta a surpreender pela positiva. De acordo com os dados da actividade turística divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro mês de 2014, a hotelaria registou 1,7 milhões de dormidas, uma subida homóloga de 10,1% e mais 8,6% face a Dezembro do ano passado.
O INE justifica este desempenho com o contributo dos turistas residentes, cujas dormidas em unidades hoteleiras aumentaram 9,6%, assim como dos não residentes, que registaram um crescimento de 10,3%. No que se refere aos principais mercados emissores, o destaque vai para os crescimentos das dormidas dos hóspedes oriundos da Irlanda, França e Brasil.
Os dados do INE revelam ainda que a taxa de ocupação situou-se em 22%, mais 1,7 pontos percentuais face ao mesmo período em 2013.
Com isto, o sucesso caberá aos destinos que souberem adoptar as estratégias mais criativas e em que o sector público adopte as políticas adequadas para facilitar o desenvolvimento das empresas turísticas, em cooperação permanente com o sector privado, tendo em conta as suas necessidades e tentando ajudar na resolução dos seus problemas, sem se substituir a ele.
Felizmente, a oferta turística tem crescido, com sinais de qualidade e diversificando as experiências disponíveis, e Portugal soube manter-se no grupo dos países que se adaptaram às novas tendências. Estamos, na minha opinião, no caminho certo e os resultados estão à vista - o sector do turismo é o que mais contribui para o PIB, para a exportação de bens e serviços e para a criação de emprego.
Contudo, não basta as diversas características incríveis que temos - clima, paisagem, história e cultura, gastronomia, vinhos –, não chega ter infra-estruturas e equipamentos de grande qualidade, empresários empenhados, profissionais qualificados, uma tutela atenta e disponível e reconhecimento internacional junto das entidades e organizações ligadas ao sector. É importante não esquecer que a concorrência é feroz. Portugal tem de reinvestir em novos produtos e serviços, identificar novos mercados, apostar em mais promoção e, sobretudo, saber reunir todos os agentes do sector em torno de uma estratégia comum de crescimento e inovação. Só assim seremos capazes de colocar Portugal na restrita linha da frente dos destinos mais procurados do mundo.
Susana Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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