Na última década
houve um aumento acentuado e contínuo da taxa de desemprego estrutural. Dados
do Banco de Portugal apontam que o ano de 2013 terminou com uma taxa de desemprego de 14,2%, sendo que a taxa de desemprego
estrutural rondou os 11,5%, tornando este facto um dos fenómenos mais gravosos
da evolução da economia portuguesa.
A resolução do
problema do desemprego estrutural está necessariamente dependente da reestruturação
da economia e da transferência de recursos do setor não transacionável para o
transacionável, sendo que a transferência de capital humano não será nunca
instantânea, pois requer a adequação dos trabalhadores que estão hoje no
desemprego aos requisitos de qualificação, de localização geográfica, etc. Tudo
isto vai levar tempo, certamente muito mais do que o desejável do ponto de
vista da gestão do impacto do desemprego de longa duração, sendo necessários a
criação e o reforço de mecanismos de apoio à requalificação dos desempregados
de longo-prazo para se ajustarem às novas oportunidades de emprego e para
evitar que passem para a inatividade.
No entanto, Carlos
Costa, Governador do Banco de Portugal, que no passado dia 23 de Setembro
discursava numa conferência organizada pelo Fórum para a Competitividade
dedicada ao Pós-Troika, sugeriu que trabalhadores com longas carreiras
contributivas e neste momento menos produtivos (devido a vários fatores),
possam ser substituídos, através de um pré-pensionamento, por desempregados
mais jovens e mais bem preparados, reduzindo desta forma o desemprego
estrutural e elevando a produtividade nacional. Esta sugestão, que surpreendeu
pela novidade, tem como vantagens a maior rapidez no combate a este tipo de
desemprego, pois como vimos as reformas levam bastante tempo a surtirem efeito,
e a contribuírem para a elevação da produtividade. Esta sugestão parece ser,
também, interessante do ponto de vista do equilíbrio social, ou seja, com esta
integração de jovens desempregados no mercado de trabalho, evita-se o desgaste
mental e a fuga de cérebros, bem como se estabiliza o padrão social/económico
dos mais velhos, uma vez que todas estas transformações profissionais e
salariais que tem ocorrido, demasiadamente depressa, provocam uma enorme
desmotivação e incerteza entre os mesmos.
Em termos
financeiros, ao invés das aparentes vantagens enumeradas anteriormente, esta
sugestão poderá ser desequilibrada. Ao adotar-se esta medida, haverá um aumento
das despesas da Segurança Social, em resultado do aumento dos encargos sociais
com estas reformas antecipadas e com o não recebimento das contribuições destes
trabalhadores mas, em boa verdade, este aumento da despesa poderá também ser mitigado
com o facto de estes “novos empregados” deixarem de receber contribuições
sociais futuras.
Telmo Filipe Lino Martins
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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