Portugal está em crise há treze anos. Entre 2001 e 2009, o nosso país cresceu pouco mais de 1% ao ano, chegando a apresentar até valores negativos que alcançaram o seu pico em 2009, com uma taxa de cerca de -3,07%. Este crescimento é muito inferior ao dos países que rivalizavam com Portugal na União Europeia nesse espaço de tempo. No mesmo período, a Grécia e a República Checa cresceram cerca de 4% ao ano, a Eslováquia 6% ao ano e os países bálticos mais de 8% ao ano.
Atualmente, após a saída da troika, o FMI previa uma taxa de crescimento de 1,2%, a qual foi alterada para 1%, indo então de encontro à prevista pelo Governo. As expectativas de uma retoma forte da economia europeia que ajudaria Portugal a sair da crise estão a tornar-se na segunda metade deste ano cada vez mais reduzidas. O FMI reviu em baixa as previsões de crescimento e de inflação para a zona euro, com especial dureza para a maiores economias, como a Alemanha, França e Itália. Portugal foi uma exceção entre os países que já foram sujeitos a um programa da troika e também viu o seu crescimento e inflação ficarem a níveis mais baixos do que o inicialmente previsto.
No passado mês de Julho, o Fundo apontava para um crescimento de 1,1% na zona euro em 2014. Agora, passados três meses, a estimativa passou para 0,8%. Foi nas maiores economias da zona euro que se registaram as mais significativas revisões em baixa. Alemanha, ainda assim a crescer 1,4%, França cada vez mais perto da estagnação, com 0,4%, e Itália em recessão em 2014, com uma quebra de 0,2%, ficaram agora com previsões mais pessimistas, tornando inevitável um abrandamento do total da economia da zona euro. As principais causas apontadas são uma procura inadequada, dívida elevada e desemprego. A previsão para a taxa de inflação na zona euro é agora de 0,5% em 2014. Previamente, era de 0,9% e de 0,9% em 2015 (antes era de 1,2%).
Especificamente para os países endividados, como Portugal, o Fundo insiste na mensagem muitas vezes transmitida nos últimos anos de que são necessárias reformas estruturais. Maior flexibilidade nos mercados de trabalho e de produto nos países endividados e mais investimento privado e em infraestruturas nos países credores, são algumas das principais sugestões deste para aumentar a produtividade, o emprego e o crescimento, ajudando assim a reequilibrar a zona euro.
Na minha opinião, enquanto não houver um consenso e um equilíbrio de todos os países da União Europeia, Portugal nunca mais conseguirá atingir os valores esperados e convenientes ao seu crescimento e desenvolvimento, de forma a tornar-se um país competitivo e gerador de uma economia sólida. A zona euro funciona como uma pirâmide, na qual são os vários países que a constituem que formam a sua estrutura e são os países com maior força económica que formam a sua base, seguindo-se aqueles com menor poder económico. Se os primeiros não estiverem bem, torna-se ainda mais difícil o bem-estar dos segundos e assim sucessivamente.
Concluo dando ênfase à analogia referida anteriormente e reforçando a ideia de que se a Europa como um todo não impulsionar a economia, Portugal sozinho não conseguirá também impulsionar a sua economia e a ”pirâmide” desmoronar-se-á.
Ana Rafaela Oliveira Duarte Maia
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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