Portugal tem-se deparado com um aumento gradual do peso nos grupos etários seniores, acompanhado por uma redução do peso da população jovem, encontrando-se assim entre os países mais envelhecidos do mundo e com a taxa de natalidade mais baixa da Europa, um caso bem diferente ao que se verificava há 40 anos.
A diminuição drástica de nascimentos teve, em parte, a influência da alteração da mentalidade de certos indivíduos, que tiverem de viver em condições mais precárias devido a estarem integrados em famílias numerosas, condições estas que não iriam querer para os seus filhos. Para tal, também contribuiu a possibilidade de planear o nascimento dos filhos, através da introdução no mercado de métodos contracetivos, o que levou ao adiamento do nascimento do primeiro filho, e também a alteração dos hábitos sociais dos jovens, particularmente o “adiamento da transição para a vida adulta”, para prolongar os estudos, o que levou, posteriormente, ao adiamento na entrada do mercado de trabalho. Segundo dados da PORDATA, a idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho aumentou cerca de 4.7 anos entre 1960 e 2013, passando a idade média da mãe dos 25 para os 29.7 anos. Este atraso da chegada do primeiro filho implica o atraso do segundo, em muitos casos cancelado.
Esta situação social foi-se, também, agravando com a crise económica em que vivemos, o que levou as famílias a reduzirem o seu agregado familiar comparativamente com o das famílias dos anos 60 e 70, uma vez estas não terem a capacidade financeira para a criação de mais filhos.
Mas Portugal ainda se têm deparado com outro impacto da crise económica: a emigração em massa. Esta, maioritariamente efetuada pela população qualificada, com o intuito de criar vida no país escolhido, tem levado a um desfasamento cada vez maior entre os jovens e o seu país de origem. Jovens estes, potenciadores da criação de novas famílias e de novas gerações. Em 2012, verificou-se um total de aproximadamente 52 mil emigrantes permanentes, onde cerca de 29 mil tinha idades compreendidas entre os 20 e os 34, segundo o INE e PORDATA.
Esta situação social tem gerado uma serie de questões e preocupações entre as instituições governamentais, que têm tentado criar medidas de incentivo à natalidade. No entanto, essas medidas não têm sido suficientes para contrariar o envelhecimento do país, sendo que muitas das vezes as medidas governamentais são criticadas pela população por serem anti-natalistas.
Portugal deu assim uma volta de 180º, derivada de vários fatores, nas últimas décadas. Resta agora saber se conseguirá retomar essa volta e voltar a atingir certos patamares já presenciados, especialmente o da natalidade.
Ana Ribeiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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