Com o rebentar da crise, o fenómeno que marcou o país nos anos 60 parece estar a repetir-se. À medida que o desemprego sobe e os apoios aos desempregados vão sendo cortados, são cada vez mais os que decidem abandonar Portugal e procurar um novo rumo.
Na década de 60 eram vários os fatores que levaram ao significativo fluxo migratório. Os jovens deixaram o país para fugir à guerra colonial, ao regime político vigente na altura bem como às dificuldades económicas que então se faziam sentir.
No entanto, hoje a emigração tem outros contornos. Dos cerca de cem mil portugueses que estão a emigrar anualmente, a maioria deles são jovens qualificados, entre os 25 e os 34 anos - as grandes vítimas do desemprego nacional. As dificuldades em encontrar um emprego qualificado, as condições pouco aliciantes e as perspetivas de progressão de carreira não são suficientes para a população mais qualificada de sempre!
Na caracterização da população jovem em Portugal o INE destaca que, "apesar do aumento do nível de ensino e das qualificações, a situação económica dificulta a inserção dos jovens no mercado de trabalho (em que a taxa de desemprego jovem é quase o dobro da taxa de desemprego total)" e, por isso, muitos dos que não quiseram deitar fora o investimento de uma vida emigraram.
Assim como o INE, outras entidades reportam também dados que suportam esta análise. O estudo – “Geração 2020 - o Futuro de Portugal aos olhos dos universitários” – reportou que 46% dos universitários que participou no estudo acredita que em 2020 estará a viver fora de Portugal. Já o relatório da Comissão Europeia – “Emprego e Situação Social na União Europeia” – calcula que o fluxo de emigrantes subiu entre 2008 e 2012, tendo registado o maior aumento de toda a UE.
Aludindo aos dados divulgados, é de frisar a importância do sucedido, pois é algo que deve preocupar a todos, visto que são aqueles que mais podem contribuir para o crescimento no país que o estão a abandonar.
Posto isto, a taxa de emigração dos qualificados é um indicador problemático da chamada ‘fuga de cérebros’, que ao diminuir o capital humano, limita o potencial de crescimento dos países em crise.
Com o objetivo de inverter este défice migratório, o Governo deve desenvolver a sua economia de forma mais dinâmica de modo a atrair mão-de-obra qualificada e promovendo a inovação, tornando o país atrativo para que os jovens portugueses, aqueles em que Portugal investiu muito e que deixaram o nosso país, regressem, pois se isso for conseguido a nossa economia também beneficiará dos conhecimentos obtidos por estes no estrangeiro.
Portugal deve então apostar na diversificação da estrutura produtiva e na diminuição dos interesses instalados na Economia Portuguesa para dar lugar ao capital humano português.
Diana Viana Abreu
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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