Atualmente, são cada vez mais os estudantes que abandonam o ensino superior ou que nem chegam a concorrer. Mas será isto apenas “porque sim”?
Um país em crise, com propinas que aumentam, apoios que diminuem e bolsas que não são suficientes… Ano após ano, assistimos a um número cada vez maior de jovens que deixa os estudos após o 12º ano, sendo que a sua maioria não consegue suportar os custos associados à universidade. Estudar a tempo inteiro não é para todos. Muitos são os alunos que têm estatuto de trabalhador-estudante, no entanto, nem todos conseguem conciliar o trabalho com o estudo, sendo obrigados a desistir da sua formação.
A nível europeu, somos um de dez, entre 34 países, com propinas mais elevadas. Comparativamente com França, onde o salário mínimo é de 1430€ por mês e se pagam propinas anuais de 177€, em Portugal as propinas rondam os 1000€ anuais, onde o salário mínimo mensal é de apenas 505€. Serve-nos de exemplo o Chipre, onde, apesar do valor das propinas ascender aos 3410€ anuais, todos podem estudar, uma vez que este valor é integralmente pago pelo Estado. Fomos o segundo país, dos 47 que constituem a EHEA (Área Europeia do Ensino Superior), que mais estudantes perdeu entre 2003 e 2009, mas nada disto é apenas um mero acaso.
Viver neste país com um salário mínimo já é difícil. Com todos os cortes e aumentos de impostos e preços que têm havido, e muitas vezes sem apoios do estado, investir na formação é uma tarefa quase impossível. No que diz respeito ao ensino superior, os cortes no orçamento de estado aproximam-se dos 30% em apenas 3 anos, sendo anunciados novos cortes de até 1,5% em 2015.
Muitas manifestações já foram feitas, mas parece que quem está no poder não entende que o futuro está cada vez mais comprometido. Como país desenvolvido que somos, deveria apostar-se mais na educação, na qualificação daqueles que são realmente o futuro deste país. Incentiva-se a emigração, manda-se para fora os recém-licenciados, aqueles que têm o espírito jovem e empreendedor de que precisamos... Vivemos num país livre, ou pelo menos é o que dizem, porque, para muitos, apostar na educação ou ir para o mercado de trabalho não é mais um direito de escolha, mas sim uma obrigação.
Margarida Sampaio
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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