segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Descida da taxa de desemprego: Será que estamos no bom caminho?

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego define o peso da população desempregada sobre o total da população activa. Numa perspectiva histórica, em 1973, a taxa de desemprego encontrava-se no seu nível natural. 
Se compararmos a taxa de desemprego de Portugal com a taxa de desemprego da média europeia verifica-se que, até 2006, Portugal registou uma taxa de desemprego inferior. No entanto, a partir desse mesmo ano esta foi aumentando, apresentando uma taxa superior à da média europeia até ao actual ano, atingindo, segundo dados do Banco de Portugal, a mais elevada percentagem em 2013, com 17,5%. 
Actualmente, a taxa de desemprego em Portugal encontra-se nos 13,9%, verificada no segundo semestre deste ano, registando a maior descida na taxa de desemprego dos países da União Europeia. Apesar de se ter reduzido significativamente, ainda consideramos esta taxa relativamente elevada, quando comparada com alguns países europeus, como a Áustria e a Alemanha. Continuamos a apresentar a quinta taxa de desemprego mais elevada da Europa, atrás da Grécia, da Espanha, da Croácia e do Chipre. Com uma taxa de desemprego ainda num nível tão elevado, o país terá sempre muitas dificuldades em entrar num ciclo sustentado de crescimento económico. 
Mas o que poderá ter ajudado nesta diminuição da taxa de desemprego? Na minha opinião, a diminuição da taxa de desemprego é explicada pelo sucesso das medidas de inserção no mercado de trabalho promovidas pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Consideramos desempregados “ocupados” aqueles que se encontram inscritos no IEFP mas em situação de trabalho socialmente necessário, formação profissional ou estágio profissional. Os dados dos centros de emprego mostram que se todos os "ocupados” fossem contabilizados como desempregados, então o desemprego ainda estaria a subir. 
Segundo dados do IEFP, estavam registadas 65 mil pessoas (valores registados em Março) só em Estágios-Emprego e Contratos Emprego Inserção, que consistem na realização de trabalho socialmente necessário por parte dos desempregados beneficiários de subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego ou rendimento social de inserção. Os desempregados que estejam em tal situação promovidos pelo IEFP são considerados como empregados. O que podemos verificar é que está a ser criado um sistema de ocupação dos desempregados, que permite diminuir desta forma, artificialmente, a taxa de desemprego, mas sem conseguir resultados efetivos. 
Então, é importante salientar que, apesar dessa descida na taxa de desemprego ser uma boa notícia, há ainda motivos de preocupação. Não nos devemos esquecer que esta taxa ainda está bastante elevada e que a descida é bastante lenta. 
Uma outra questão importante a referir é a situação da queda do emprego num período em que a taxa de desemprego diminui. Isto deve-se ao facto de que a taxa de desemprego não está diretamente relacionada com as variações no nível de emprego. O desemprego é calculado como a percentagem da população ativa que está desempregada. Como neste trimestre houve uma redução mais rápida do número de desempregados do que da população ativa, o rácio melhorou. Devemos também preocupar-nos com a elevada emigração de jovens qualificados, bem como a elevada taxa de desemprego jovem. 
Concluimos então que, apesar desta descida acentuada na taxa de desemprego ter sido bastante relevante, ainda é relativamente cedo para avaliar as medidas adotadas pelo Governo. 

Ana Pereira 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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