O
crédito bancário consiste na modalidade de empréstimo de capital, neste caso em
relação às empresas, assente na confiança.
Relativamente
a Portugal, o valor dos empréstimos concedidos ao setor empresarial assume,
atualmente, o mínimo histórico. Durante os primeiros 7 meses do ano corrente,
os bancos atribuíram
16.478 milhões de euros às empresas, segundo os dados do Banco de Portugal. Este montante descreve o pior arranque
de ano desde que há
registo. Menos 8% face ao período homólogo de 2016.
A
falta de financiamento por parte da banca nacional justifica-se por numerosos e
variados motivos, sendo que o desajustamento entre a oferta e a procura de
crédito, de acordo com Filipe Garcia, é o predominante. Conforme o economista
da IMF, “Os bancos querem emprestar a empresas com melhor saúde financeira, que
têm estado a desalavancar ou que não encontram projetos interessantes para
investir. Pelo contrário, as empresas que precisam de crédito não têm
encontrado vontade dos bancos em aumentar o envolvimento. Ou seja, as empresas
a quem os bancos querem emprestar não precisam de crédito e às empresas que
precisam de crédito os bancos não querem emprestar”.
As
grandes empresas têm sido as maiores lesadas no que toca ao acesso ao crédito.
Estas coletaram 6.570 milhões de euros durante os primeiros 7 meses de 2017.
Comparativamente ao mesmo período do pretérito ano, ocorreu um decréscimo de
13,1%. As pequenas e médias empresas, por sua vez, conquistaram 9.908 milhões
de euros entre janeiro e junho do presente ano, um montante que significa uma
queda de 4,5% face a 2016. Se as empresas, principalmente as pequenas e médias,
revelam dificuldades em aceder ao crédito, problemas futuros surgirão. Estas
necessitam de capital para investir e, desta forma, potenciar o seu produto.
Não
obstante as operações se situarem em mínimos, Filipe Garcia acredita que esta é
uma preferência por parte dos bancos, já que se encontram mais criteriosos nas
suas decisões. A abertura para a concessão de créditos existe, embora com maior
facilidade em relação às famílias. No que concerne às empresas, os bancos optam
por
selecionar
ponderadamente quem querem, ou não, financiar de modo a não correrem riscos
exorbitantes.
Embora exista a consciencialização de que
os bloqueios existentes ao financiamento do setor empresarial são um problema,
previsões de 6 dos maiores bancos a operar em Portugal mostram que o crédito às
empresas irá continuar em declínio até 2019. É preciso, portanto, encontrar um
conjunto de alternativas que promovam o financiamento, já que este continua a
ser uma prioridade, principalmente para as pequenas e médias empresas.
A
linha Capitalizar, lançada em janeiro deste ano, consiste num plano estratégico
estimulado pelo Governo, que tem a finalidade de apoiar a capitalização das
empresas, a retoma do investimento e o relançamento da economia. O Ministério
da Economia espera que esta linha de crédito venha a suportar 20 mil empresas.
Para além desta possibilidade, também outras medidas devem ser tidas em conta:
criar condições para que o setor empresarial possa reduzir a sua dependência
face à banca; abrir o mercado de capitais às médias empresas; entre outras. Sem
estes passos, as empresas continuarão em recessão, o que constitui um sério
travão ao investimento em Portugal.
No
meu ponto de vista, é fundamental que os bancos, mesmo com todas as suas
reticências, se mostrem predispostos a emprestar quando possível, pois só desta
forma as empresas poderão recuperar a sua atividade e gerar números que sejam
positivos para a economia nacional. Em consequência do bom funcionamento da
atividade empresarial, surgirão novos postos de trabalho, o que fomentará, por
exemplo, o consumo interno. Posto isto, as condições necessárias para a
economia florescer passam pela restauração do crédito, embora existam
alternativas a que as empresas podem recorrer.
Diana Esteves Antunes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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