domingo, 5 de novembro de 2017

Uma relação para o futuro

As empresas que estão a fazer negócio hoje da mesma forma que o faziam ontem, correm sérios riscos de não estarem a fazer negócio amanhã. Para cada organização sobreviver e ter sucesso tem de se tornar num agente de mudança e a forma mais eficaz de gerenciar a mudança é criá-la. É preciso produzir Saber e saber aplicar esse Saber. É neste contexto que surge a relação entre universidades e empresas.
Podemos ver as universidades como universidades formadoras, quando transferem para o mundo empresarial capital humano qualificado com novas competências, e como universidades criadoras, que transferem para este mundo exterior o conhecimento e a inovação. Não tenho dúvidas de que em Portugal há boas universidades e também não duvido da qualidade e do rigor do conhecimento científico produzido pelos nossos investigadores. No entanto, acredito que este conhecimento científico não tem sido devidamente transferido para o mundo empresarial, como seria desejável.
Temos hoje a geração mais bem formada de sempre, estamos incomparavelmente melhor no nível das infraestruturas e no entanto o nosso desenvolvimento e crescimento económico não acompanha esta evolução. Uma possível explicação para este acontecimento poderá ser a fraca cooperação entre as universidades e as empresas. A Comissão Europeia referiu esta fraca cooperação como a causa para a falta de interesse dos investidores em investigação e desenvolvimento (R&D).
Na minha opinião, é necessário, num primeira fase, identificar as falhas nesta relação. Será que a falha está na relação entre as empresas e a universidade formadora? Estarão as universidades a criar mão-de-obra muito qualificada, mas não com as caraterísticas que as empresas precisam? Ou será que o problema está na relação entre empresas e a universidade criadora, e estarão as universidades a desenvolver soluções que não são as soluções que as empresas precisam? 
Há seguramente muito trabalho a fazer, designadamente na dinamização de um diálogo permanente (e reforço aqui o permanente) entre académicos e técnicos das empresas, tendo em vista a identificação dos problemas concretos que estas enfrentam e para as quais os investigadores podem ser chamados a colaborar. E a forma das empresas estarem mais presentes nas universidades e de reforçarem as suas relações passa por programas de investigação e desenvolvimento (com parcerias entre as universidades e as empresas), participação em ações de formação, participação de empresários em palestras e debates nas universidades, programas de estágios de curta duração durante as licenciaturas e não apenas no final, e muito mais iniciativas.
Do meu ponto de vista, uma relação forte entre as universidades e as empresas só traz benefícios mútuos. As universidades, para além de obterem financiamento por parte das empresas, tem a hipótese de verificar a aplicabilidade do Conhecimento/Saber produzidos, mediante a sua integração em processos produtivos concretos e a integração dos recém-licenciados nas empresas da comunidade permitirá aferir a adequação das formações às necessidades concretas do mercado. Por outro lado, as empresas têm a oportunidade de desenvolver as aptidões dos recursos humanos que já têm ao seu serviço, influenciarem na orientação para determinadas formações mais adequadas às necessidades do mundo empresarial e têm ao seu dispor o conhecimento produzido pela universidade de forma a inovar constantemente os meios de produção.
Penso que há universidades, como por exemplo a Universidade do Minho, que já estão sensibilizadas para este problema e já adotaram programas no sentido de melhorar a cooperação com as empresas, no entanto, há ainda empresas que não compreenderam a importância nesta relação e uma relação não se constrói só de um lado.

Bruna Filipa Matos Azevedo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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