sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Portugal além-fronteiras (versão revista)

           No final do mês de setembro, Portugal foi eleito, pela primeira vez, o melhor destino Europeu dos World Travel Awards, os “Óscares” do Turismo.
         Os World Travel Awards, criados em 1993, consistem numa gala onde são atribuídos os mais prestigiados prémios de turismo. Portugal competiu com países como a Áustria, Reino Unido, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Turquia, sagrando-se vitorioso não apenas na categoria de melhor destino Europeu, pois foi o país que recebeu o maior número de prémios, 30% do total. Comparativamente ao ano anterior, Portugal conquistou mais 13 “Óscares”, o que revela que o turismo nacional continua em ascensão.
         São inúmeros os motivos que fazem de Portugal um país tão distinto. A gastronomia, o clima e o povo português, a meu ver, continuam a ser os ingredientes que mais entusiasmam os turistas. Para Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, o sucesso que hoje se verifica no setor deve-se a todos aqueles que diariamente se esforçam para garantir e fazer persistir a competitividade a nível nacional/internacional. Acrescenta, ainda, que “Este é, sem dúvida, também um reconhecimento da nossa estratégia turística e dos bons resultados que, ano após ano, o setor tem vindo a alcançar”.
         Desde 2014 que os resultados provenientes da atividade turística começaram a ganhar outras proporções, em resultado da inovação das estratégias aplicadas na promoção do mesmo. O dinamismo vivido faz com que o número de empresas a vigorar no mercado de trabalho aumente e, consequentemente, faça expandir o emprego criado. Segundo a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, o emprego no turismo conta, em 2017, com um crescimento de cerca 16%. Traduzindo esta percentagem em valores, nos últimos 18 meses foram gerados 60 mil postos de trabalho.
         O turismo é a grande aposta da economia portuguesa. Os benefícios económicos que acarreta são evidentes: para além de criar novos postos e trabalho, ajudou Portugal a sair da recente crise e, ainda, favoreceu a divulgação do país no estrangeiro. O setor do turismo português apresenta um programa de estratégias dinamizadoras que tem revelado frutos e que posicionam Portugal numa das primeiras opções por parte dos turistas.
         Apesar da efemeridade do turismo, colocam-se agora questões que podem dificultar a prosperidade do mesmo. Será que o turismo é perdurável? Será que Portugal é um destino singular o suficiente para que não possa, no futuro, ser substituído? Será que o excesso de turismo não se poderá tornar num pesadelo para a população portuguesa?
Na minha opinião, o turismo é uma oportunidade de desenvolvimento. No entanto, apresenta alguns aspetos negativos: a vida em certas regiões do país, devido à elevada procura pelos turistas, está-se a tornar intolerável; as rendas dispararam, e muitos não conseguem suportá-las; o número de restaurantes portugueses está a diminuir, dando lugar aos franchisings; as lojas tradicionais estão a ser substituídas por espaços com caraterísticas internacionais; existem cada vez mais hotéis, e menos habitantes. Ou seja, a massificação do turismo está a fazer com que, lentamente, Portugal perca o seu encanto próprio.
Em suma, desde há 3 anos consecutivos que o turismo português tem estado a crescer intensamente, e a tendência é continuar. Este traduz-se numa importante atividade económica, pois garante emprego e exportações. No entanto, é fundamental uma boa gestão política, que defenda os interesses dos residentes, assim como instrumentos que acautelem as consequências do excesso de turismo.

Diana Esteves Antunes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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