domingo, 5 de novembro de 2017

Turismo: impulso da economia portuguesa

Segundo a Base de Dados Portugal Contemporâneo (PORDATA), realizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, o défice público português, em percentagem do PIB, oscilou da seguinte forma nos últimos três anos: -7,2% (2014), -4,4% (2015), -2,0% (2016). Além disso, é ainda importante referir que, neste último período analisado, Portugal diferenciou-se apenas por 0,3 pontos percentuais do défice da União Europeia. No entanto, a questão mantém-se: como se explica a ascensão da economia portuguesa? Turismo. O turismo tem a sua quota-parte para este, aparente, sucesso.
Vejamos: antes de poder refletir sobre o impacto económico que o turismo tem na nossa economia, temos de o compreender, isto é, questões como o tipo de turismo e sazonalidade são cruciais para esta análise.
Primeiramente, o turismo português é um turismo muito diversificado, onde encontramos tipos de turismo como o balnear, rural, religioso e cultural. Segundo, Portugal é mais visitado no verão, apesar de na última meia década ter duplicado as suas presenças estrangeiras no inverno (fonte: OMT – Organização Mundial do Turismo). Deste modo, podemos afirmar que o turismo português é peculiar, uma vez que tem expressividade o ano inteiro e, devido aos vários tipos de turismo, consegue criar impacto em todas as regiões do país, de norte a sul, do litoral ao interior. O que é que isto significa? Entrada constante de fundos monetários estrangeiros.
Contudo, o que nos serve um turismo tão sofisticado se não tivermos um plano de comunicação ao mesmo nível? É aqui que entra o Estado Português e, na minha opinião, o principal motivo do crescimento económico supra apresentado. Por outras palavras, a ferramenta de trabalho do século XXI, o Google e o antigo presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo. A partir de 2014, grande parte das verbas do turismo foram canalizadas para o marketing digital. As redes socais passaram a ser tão ou mais importantes do que a presença em qualquer feira de turismo.
Afinal de contas, é através da internet que se escolhem os destinos de férias, se compram voos e marcam hotéis. Deste modo, com o objetivo de enfatizar a relação entre a internet e o turismo, cito as palavras de Luís Barra: “Mais de metade de todo o orçamento do Turismo de Portugal passou a ser entregue à Google, nomeadamente para a compra de palavras-chave que garantiam que fosse dada prioridade a sites nacionais. E para o Facebook seguia outra fatia de leão: 25% das verbas”.
Ponto de situação: já refletimos sobre dois temas determinantes para o sucesso do turismo português (carateristícas sazonais e geográficas, assim como a restruturação do plano de comunicação). No entanto, pouco podemos fazer se não tivermos infra-estruturas adequadas, isto é, aeroportos. A implementação de companhias aéreas low cost, como a EasyJet e RyanAir no Porto, Faro e Lisboa, permitiu um aumento sem precedentes do número de passageiros a aterrar em Portugal.
Assim sendo, já temos a receita para o sucesso. O que nos falta analisar? Os resultados obtidos pela mesma. Como todos sabemos, o ano passado foi “ouro sobre azul” para o turismo português e, respetivamente, para economia portuguesa. Em 2016, a balança de viagens e turismo foi de 8830,63 milhões de euros, comparada com os 1923,31 milhões em 1996. Vejamos. em 10 anos, este balança quase que quintuplicou e atualmente o sector do turismo representa 15,3% das exportações nacionais e 8,2% do emprego nacional.
Em suma, nunca houve tantos turistas a visitar Portugal. O turismo é o maior exportador de serviços e afirmou-se em definitivo como um dos principais motores da economia. Por fim, estes recentes acontecimentos devem-se, em grande parte, às infra-estruturas aeroportuárias, ao investimento feito pelo governo no marketing digital e às carateristícas do nosso turismo. Tudo isto contribuiu para a diminuição do défice português, aproximando-o do da União Europeia.

José Miguel F. Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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