quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Dívida portuguesa ultrapassa os 250 mil milhões de euros

A dívida portuguesa continua a ser um tema que paira sobre as conversas e debates do futuro, sendo uma vez mais assunto dado que, pela primeira vez, a dívida ultrapassou o limiar dos 250 mil milhões de euros. Este número impressiona, no entanto não revela a solidez das nossas finanças públicas. O que realmente é relevante é o peso do endividamento do estado na economia, que por sua vez sofreu uma queda no dia 16 de outubro deste mesmo ano.
Na realidade, nos últimos anos, a dívida tem renovado sucessivos máximos históricos, sendo que na década de 90 esteve estabilizada, flutuando entre os 50% e os 60% do PIB. Na década passada, assistiu-se a um agravamento sério com a chegada da crise financeira global, a que se seguiu a crise do euro e de Portugal. Em apenas quatro anos, entre 2008 e 2012, a dívida alcançou os 126% do PIB. Nos últimos anos ela tem rondado os 130%, sendo das mais elevadas entre os países da área euro, apenas superada pela Grécia e pela Itália.
Contudo isto, Mário Centeno prometeu a maior redução anual do endividamento público dos últimos 19 anos, com o pagamento de uma obrigação do tesouro bem como com o pagamento antecipado ao FMI, que provocou uma queda no endividamento público de 3,5% do PIB. Porém, em termos absolutos, a dívida continuará a aumentar nos próximos meses.
 Numa análise ao Orçamento de Estado para 2018, verifiquei a ausência de medidas para reduzir estruturalmente a dívida, contendo apenas a estratégia de consolidação orçamental baseada quase exclusivamente no crescimento económico.
Deste modo, na minha opinião, perante o que se tem vindo a verificar nos últimos anos e considerando a melhoria na economia do nosso pais, acho necessário aplicar estratégias de consolidação orçamental com medidas estruturais, e não só estratégias que permitam exclusivamente obter crescimento nominal. Também é minha opinião que existe uma grande necessidade de voltar a atrair os investidores institucionais estrangeiros, apesar das condições de mercado não ajudarem mas, para os atrair, é preciso demonstrar que as obrigações portuguesas são uma oportunidade de investimento interessante. Talvez assim seja possível trabalhar para uma redução da dívida de forma consistente.

Rui Magalhães

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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