domingo, 5 de novembro de 2017

Caso da Uber: reflexão

A entrada da Uber na Europa tem sido, no mínimo, agitada. O conceito da Uber é bastante simples: basta ter um smartphone e um destino para estar apto para realizar uma viagem. Bem ao estilo dos populares táxis, exceto com a pequena grande vantagem de ter um preço bem mais em conta.
A falta de competição neste mercado faz com que os preços sejam altos e os serviços fracos. O testemunho daqueles que já usaram ambos é de que as piores experiências com a Uber, ainda assim, foram melhores que as melhores viagens de táxi. Estes afirmam que a desonestidade do taxista para com o passageiro, especialmente quando este é turista, é comum, e qualquer incentivo para que os taxistas não defraudem o passageiro é bom, não só para o consumidor mas para o bem-estar social.
Segundo estudos, em norma, os condutores da Uber auferem mais do que os de táxis tradicionais. Isto deve-se ao facto de o moderno software da Uber permite aos condutores uma melhor otimização do seu tempo e serviços, captando uma maior parte do bolo do mercado. “O maior salário por hora entre os condutores da Uber sugere que a utilização deste meio, em termos de tempo gasto no carro com um passageiro, aumentou com a Uber, pois a sua plataforma permite uma melhor correspondência entre motoristas e passageiros. Mas para motoristas de táxi tradicionais o efeito foi contrário, com um declínio na quantidade de tempo que eles têm um passageiro em seu veículo”, afirmou Carl Benedikt Frey, da Universidade de Oxford.
Um dos argumentos contra a Uber é a de que o mercado é de tamanho fixo e, portanto, os condutores da Uber estarão a desviar os passageiros. Mas isso constitui um problema? Contudo, do meu ponto de vista, a realidade é que a Uber aumentou significativamente o tamanho do mercado, recebendo de braços abertos os novos consumidores que até então nunca tinham considerado o táxi um meio de deslocação.
Todavia, terei de assumir que algumas das tentativas da Uber em contornar a legislação, ao passar-se apenas por uma mera aplicação de smartphone com o inocente intuito de conectar pessoas, parece-me desonesta. A falta de bom senso aqui mostrada deixa qualquer um de pé atrás. Para além disso, pelo facto de ser uma multinacional, usufruem também de planos mais leves de impostos, aquilo com que a comunidade taxista poderá apenas sonhar em gozar.
Ainda assim, os pros prevalecem sobre os contras, e a atitude agressiva e vil da comunidade taxista tem de ser condenada. A Uber constitui um perigo para o seu negócio. Penso que a sua principal intenção é afastar a competição do mercado uma vez que esta mostrou ser capaz de oferecer serviços de qualidade, que superam facilmente os oferecidos por táxis. Ter acesso na aplicação à estimativa do preço a pagar pela viagem, o sistema de pontos que permitem julgar o motorista, permitindo prever-se a qualidade da viagem, são algumas das muitas vantagens da Uber. A decisão de banir a Uber (verificada em alguns países europeus, por exemplo, Bulgária, Itália, e a indisponibilidade para negociar e chegar a um consenso constitui um ataque à evolução, e pode ser interpretada como uma mensagem de proteção de mercado.
Esta alternativa não é perfeita mas há uma clara margem de progressão se houver disposição de ambas entidades parao diálogo, de modo a oferecer aos consumidores melhores serviços.

Rui Azevedo

Referências bibliográficas
·         https://www.publico.pt/2017/09/22/tecnologia/noticia/uber-perde-licenca-para-operar-em-londres-1786347

 [artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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