quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O Envelhecimento da População

O envelhecimento da população é um tema de que ouvimos falar com mais frequência, seja porque esta questão merece mais atenção, seja porque o “ser velho” é uma realidade que está gradualmente mais presente na nossa sociedade. Este assunto sempre me suscitou muita curiosidade, não só pela especulação de que esta apenas se irá estabilizar em 2049 mas, também, pelas projeções de que o ano de 2031 será marcado pelo número simbólico dos 10 milhões de habitantes em Portugal, que todos nós decorámos desde o ensino básico.  
Na verdade, o envelhecimento da população é um fator preocupante na Europa, pois é um continente onde a taxa de natalidade tem diminuído, progressivamente, na maioria dos países, e a esperança média de vida tem vindo a aumentar consideravelmente, sendo já apelidada de “Europa idosa”. E Portugal não é exceção, uma vez que somos os quintos mais velhos na Europa, nomeadamente o Alentejo, que é a região mais envelhecida, seguindo-se o Centro do país e o Algarve. Em termos médios, os idosos representam, nestas duas primeiras regiões, uma percentagem mais alta do que a média verificada no país. Por outro lado, os Açores e a Madeira destacam-se como as regiões mais jovens.
O facto de a população portuguesa estar a envelhecer, a decrescer e com falta de ativos para suportar os custos do envelhecimento tem provocado um aumento da preocupação nos portugueses. De facto, em 2050, os idosos deverão representar 32% da nossa população, o que se traduz numa sociedade muito grisalha, caraterística dos dias de hoje pois já é visível uma estrutura etária muito envelhecida. O número de idosos duplicou em Portugal desde 1970, com especial destaque para as pessoas com 80 anos, que são cinco vezes mais.
Podemos apontar como principais causas para este crescente envelhecimento as condições socioeconómicas da sociedade, nomeadamente a diminuição do número de residentes no país, os nascimentos já não compensarem as mortes (desde 2005), e o saldo natural (diferença entre os nados-vivos e os óbitos) estar cada vez menor. Porém, este poderia ser compensado com o número de estrangeiros que escolhem Portugal para viver, mas até estes últimos são cada vez menos face aos que saem. Por sua vez, o declínio na taxa de mortalidade infantil e o aumento significativo da esperança média de vida, que resulta da melhoria das condições de vida, dos progressos da medicina e da assistência médica, juntamente com a baixa natalidade que se verifica entre os portugueses, já não asseguram a renovação de gerações.
O mais alarmante, na minha opinião, é o número de idosos ultrapassar o de jovens crianças, o que leva ao aumento da dependência dos mais idosos bem como ao aumento da longevidade média da população.
De facto, o número de idosos passará de 2,1 milhões para 2,8 milhões entre 2017 e 2080, o que pode ser explicado pelo decréscimo da população jovem, a par do aumento da população idosa. O índice de envelhecimento mais do que duplicará, passando de 147 em 2017 para 317 idosos por cada 100 jovens em 2080, e este só tenderá a estabilizar perto de 2060. Efetivamente, conseguimos desde já alertar para uma “morte previsível” se os portugueses e os europeus nada fizerem.
Por outro lado, já há muito que se houve falar em incentivar a natalidade através do aumento do abono de família, da licença de parto, maior apoio da legislação laboral às futuras mães, como medidas socioeconómicas que invertem a tendência para o envelhecimento. Porém, penso que o envelhecimento da população é, atualmente, um fenómeno universal e é preciso também mudar mentalidades, o que faz com que estas medidas não sejam suficientes.  
As consequências do envelhecimento da população são bem visíveis no que concerne ao aumento das despesas com a saúde, sustentabilidade da Segurança Social, devido ao pagamento de reformas, à diminuição da produtividade e do espírito criativo e de iniciativa, que são tão caraterísticos dos mais jovens.
Em suma, esta visibilidade permite que cada um de nós possa refletir com um maior conhecimento do que está em causa e, assim, poder dar um contributo mais adequado e mais eficiente para solucionar este problema.

Inês Isabel Carvalho Garcia Pinto Pereira

 [artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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