sábado, 10 de novembro de 2018

A escolaridade dos portugueses

Num momento de constante progresso e transformação, aliado ao crescimento exponencial da tecnologia, somos confrontados diariamente com a necessidade de estarmos sempre atualizados, sempre a par do que se passa à nossa volta e no mundo. Ora bem, a imposição desta busca constante por formação e atualização leva-nos à importância cada vez mais acentuada do investimento em educação no mundo atual. Hoje em dia, é exigido um conhecimento alargado no mercado de trabalho, que abrange várias áreas, sendo o domínio das tecnologias primordial.
Assim, atendendo às necessidades dos mercados, a elevada escolaridade detém grande relevância para a nossa população. Quando focamos a nossa atenção para o nosso país, existe ainda um grave problema nesta área, pois Portugal é o quarto país da OCDE com níveis de escolaridade mais baixos entre os jovens adultos. O relatório da OCDE “Education at a Glance 2018” revela que quase um terço dos jovens adultos portugueses não terminou o secundário, um valor que só é ultrapassado pelo México, Turquia e Espanha. Atendendo a dados do Observatório das Desigualdades em 2008, cerca de 70% da população ativa portuguesa não tinha concluído um nível de escolaridade superior ao 3º ciclo do ensino básico. E atualmente como se encontram os níveis de escolaridade dos portugueses? Como evoluiu ao longo do tempo?
Segundo dados do Pordata, a população residente com 15 e mais anos sem nível de escolaridade era de 1 613,5 milhares em 1998, passando para 646,7 milhares em 2017, verificando-se assim uma diminuição muito significativa das pessoas sem qualquer tipo de escolaridade. Em relação ao ensino básico 1º ciclo, também o número de pessoas diminuiu. O número dos que possuíam apenas este nível de estudos passou de 2898,6 milhares (1998) para 1986,7 milhares em 2017. É importante também referir a evolução que ocorreu no número de pessoas que apenas frequentava a escola até ao 3º ciclo do ensino básico, escolaridade obrigatória durante muito tempo. Em 1998, concluíram o 3º ciclo 1185 milhares de portugueses. Já em 2017 terminaram os seus estudos 1805,2 milhares, ficando com o 9º ano de escolaridade.
Em 2013 passa a ser obrigatório 12 anos de escolaridade, medida imposta no governo do antigo primeiro-ministro José Sócrates. Tendo em conta esta nova imposição no sistema da educação, os números refletem isso mesmo. Dado que a população com 15 e mais anos com ensino secundário, em 1998, era de 871,9 milhares, em 2013, passa para 1650,5 milhares, e mais recentemente atingiu os 1865,6 milhares (2017). Quanto à conclusão do ensino superior em Portugal, este tem vindo a aumentar ao longo do tempo. No ano de 1998 apenas 518 milhares de portugueses detinham como nível de escolaridade mais elevado o ensino superior. Em 2017, passou-se para 1604,2 milhares de portugueses, observando-se assim um acréscimo muito grande da adesão da população ao ensino superior durante estes 19 anos.
Uma vez analisados os dados relativos ao nível de escolaridade, importa agora fazer referência à taxa de abandono precoce de educação no nosso país, que explica os valores elevados que ainda se verificam de pessoas sem escolaridade, só com o 1º ciclo do ensino básico ou só com o 2º ciclo.
É visível desta forma, que a taxa de abandono precoce tem sofrido um decréscimo ao longo do tempo, sendo este um bom indicador de evolução da educação em Portugal. Por exemplo, 50% da população em 1992 abandonava precocemente a escola, porém, em 2017, já só 12,6% da população o fazia. O sexo masculino apresenta uma taxa de abandono precoce superior ao sexo feminino.
Neste seguimento, apesar dos resultados serem positivos, dado que a conclusão dos níveis de escolaridade mais elevados pelos portugueses terem aumentado, existe ainda um longo caminho a percorrer quando comparado com outros países da União Europeia. Destaca-se o aumento da escolaridade, em especial das mulheres, que foi extremamente significativo.
Todavia, existem mais alguns dados que podem suscitar interesse, mesmo numa ótica de políticas públicas, como a ainda muito baixa escolaridade dos empregadores em Portugal. Com o intuito de melhorar a educação da população adulta, o Governo atual lançou um plano que pretende ser um seguimento do antigo programa Novas Oportunidades.
 Existem pessoas que defendem que estudar compensa, ao passo que outras defendem precisamente o contrário. Na minha opinião, o aumento do nosso conhecimento irá compensar sempre, sendo de extrema importância o enriquecimento pessoal que se adquire.
Para finalizar, como já foi mencionado inicialmente, é de elevada importância o aumento da educação e formação da população, quer a um nível profissional, quer em termos pessoais, e mesmo para a sociedade os contributos são gigantescos. As pessoas aumentam as suas competências, tornam-se mais informadas e, consequentemente, as suas decisões são mais conscientes e ponderadas.

Ana Cláudia da Silva Pereira

Referências:
·         Pordata;
·         Observatório das desigualdades;
·         Jornal de Notícias.

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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