quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Portugal Verde

Tendo em conta o cenário mundial atual, as energias renováveis estão cada vez mais a desenvolver um importante papel no progresso económico. O uso deste tipo de energia possui muitos benefícios potenciais, nomeadamente a diminuição da emissão dos gases de efeito de estufa, a diversificação dos fornecedores de energia e uma diminuição da dependência dos combustíveis fósseis. O incremento da atividade neste setor tem, de igual forma, o potencial de estimular o emprego através da criação de postos de trabalho em novas tecnologias “verdes” o que, na minha opinião, revela ser um ponto bastante vantajoso para a atividade económica.
Segundo dados expostos em junho de 2018 pelo Eurostat, a produção primária de energias renováveis na EU-28, em 2016, foi equivalente a 211 milhões de toneladas de petróleo. Tendo em conta este número elevado, a quantidade de energia renovável produzida na EU-28 cresceu no total em 66,6%, entre 2006 e 2016, equivalente a um acréscimo médio de 5,3% por ano. Portugal não se deixa ficar atrás e mantém-se na liderança como o terceiro país da União Europeia com maior percentagem das suas necessidades energéticas satisfeitas através de energias renováveis, segundo um recente estudo do Eurostat. Juntamente com Portugal encontra-se a Dinamarca, ambos com 54 % da energia consumida de origem renovável. Em primeiro lugar temos a Áustria, com 73%, seguida da Suécia, com 65%. Abaixo de Portugal e Dinamarca temos, para completar o top 5, a Letónia com 51%.
         Considerando a informação supramencionada, não é de admirar que apesar do crescimento da atividade económica, em 2016, se tenha registado um decréscimo do impacto ambiental em Portugal. Tal fenómeno não acontecia desde 2010, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Os três indicadores analisados no relatório publicado pelo INE, este outubro, são o Potencial de Aquecimento Global, o Potencial de Acidificação e o Potencial de Formação de Ozono Troposférico. Segundo o estudo, estes três indicadores ambientais decresceram relativamente ao ano anterior, consequência da diminuição das emissões da maior parte dos gases que contribuem para o seu cálculo. Contrariamente, o Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços base, cresceu 1,6%.
Olhando para um horizonte temporal mais alargado, verifica-se que os mesmos indicadores têm revelado descidas significativas entre 1995 e 2016, ao contrário da atividade económica ,que registou um aumento em volume de 28,5%.
         Em relação aos diversos ramos da atividade económica, registou-se um significativo decréscimo da intensidade de emissões de gases com efeito de estufa no ramo da Energia, Água e Saneamento, no valor de -40,4 %, quando em comparação com 1995. No entanto, o mesmo foi considerado, em 2016, como o ramo de atividade que mais contribui para o Potencial de Aquecimento Global, apresentando um valor de 31,1%.
A forma de energia renovável com um maior peso na produção de energia elétrica é a hídrica, o que, na minha opinião, pode ser preocupante. Apesar da energia eólica e solar estarem a crescer, uma dependência na energia hídrica é sinónimo de uma dependência dos níveis de precipitação. Com todas as inconsistências na meteorologia causadas pelo aquecimento global, com anos de seca e outros de chuva intensa, as energias “amigas do ambiente”, que representam sustentabilidade a longo prazo e consequentemente um crescimento económico saudável para o planeta, estarem sujeitas a algo que é tão volátil como a meteorologia, devido às repercussões já visíveis do aquecimento global, é algo que se deve tentar corrigir.
Uma crescente aposta nas produções de energia eólica, solar fotovoltaica e a ondomotriz, mais conhecida como energia das ondas, sendo esta última, na minha opinião a mais óbvia de ser explorada devido à localização geográfica de Portugal, seria vantajoso para o país. Desta forma, seria possível tirar o peso da energia hídrica e, assim, quebrar a ligação entre as emissões causadoras do Potencial de Aquecimento Global e os níveis de precipitação, o que faria com que a análise da associação entre o PAG e o VAB não fosse tão influenciada pelos níveis de pluviosidade.

Margarida Natal Mendes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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