terça-feira, 6 de novembro de 2018

“Quem não tem cão, caça com gato”

“Europa 2020” é a estratégia da União Europeia para melhorar a sua competitividade e produtividade, assegurando uma economia social de mercado sustentável, permitindo um crescimento sustentável.
Esta estratégia desenvolve-se com base em metas em diferentes áreas, como, por exemplo: da empregabilidade (garantir uma taxa de emprego de 75% na faixa etária entre os 20 e os 64 anos); da investigação e desenvolvimento (investir 3% do PIB nestes setores); da educação (reduzir  abandono escolar para menos de 10% e aumentar para pelo menos, 40% a percentagem de pessoas entre os 30 e os 34 anos que concluíram estudos superiores); da pobreza e exclusão social (diminuir em, pelo menos, 20 milhões o número de pessoas em situação de risco de pobreza e exclusão social); e, por fim, das alterações climáticas e energia (reduzir em 20% as emissões de gases com efeito de estufa em relação aos níveis de 1990; aumentar para 20% a parte da energia proveniente de fontes renováveis; aumentar em 20% a eficiência energética).
Antes desta nova estratégia, outras já tinham sido implementadas, como é exemplo o Sexto Programa de Ação da União em matéria de Ambiente (PAA), que deixou muitas metas por cumprir. Então, o que nos leva a acreditar que a Estratégia da Europa 2020 resultará?!
Apesar de as metas serem globais para a União Europeia, como um todo, estas são, posteriormente, adaptadas a cada país, dependendo do seu grau de desenvolvimento.
Por exemplo, Portugal deverá atingir 2,7% de despesas em investigação e desenvolvimento ou aumentar as emissões de gases com efeito de estufa em 1% face ao ano de 2005. Podemos ver que, Portugal não está a adotar a segunda opção.
O Potencial do efeito de estufa diz-nos quanto dióxido de carbono e outros gases causadores do aquecimento global são emitidos na agricultura, indústria, comércio ou noutros serviços, em toneladas equivalentes de dióxido de carbono. Poderíamos ser levados a pensar que a sua diminuição prejudicaria o desenvolvimento económico das indústrias, o que não é correto. Tal contradição deve-se aos novos mecanismos mais eficientes que a tecnologia nos tem proporcionado para a redução da poluição, assim como aos acordos feitos entre países. Apesar da sua diminuição no total, a realidade é que em alguns setores, como na agricultura, a educação ou nas atividades imobiliárias, o valor aumentou, embora tenha sido uma subida muito ligeira.
O campo referente ao das energias, principalmente das energias renováveis, é um dos de maior destaque para o nosso país. O objetivo da União Europeia seria aumentar para 20% a parte da energia proveniente de fontes renováveis, no entanto, em 2016, a Europa ficou-se pelos 17% de consumo de energia de fontes renováveis. No nosso país, é notório o enorme esforço feito para que a meta seja alcançada com a implementação de inúmeras medidas, como a obrigatoriedade de ter painéis solares nas casas construídas, o aumento da produção de energia eólica nos últimos anos, e os estudos feitos para um maior aproveitamento das ondas marítimas na produção de energia. Tudo isto mostra a forte consciencialização face aos problemas que o nosso planeta enfrenta.
No entanto, é quase impossível acreditar que algum dia a Europa tenha energia tão barata como os EUA têm, assim como um crescimento do consumo pela via do aumento da população.
Outra área com um grande relevo é a educação, uma vez que uma população mais formada permite o aumento da produtividade e o desenvolvimento do país.
Por exemplo, no que diz respeito ao sistema de ensino, em Portugal, a taxa de população com o ensino superior atingiu apenas 34,6% e a taxa de abandono escolar precoce ficou perto do 12,6% (longe do objetivo da União Europeia, mas o valor mais baixo desde 1992). Nestes dois campos, a União Europeia ficou mais perto de atingir o resultado pretendido, com cerca de 39,1% da população com ensino superior e apenas 10,6% de abandono precoce do ensino.
É certo que o facto de a escolaridade obrigatória ter aumentado levou a que os jovens tivessem que frequentar a escola por mais tempo, quer quisessem quer não. Esta é, a meu ver, a razão fulcral para a diminuição do abandono escolar de 23% em 2011, ano em que esta medida ainda não tinha sido tomada, para 20,5% em 2012, ano em que a medida foi implementada. No entanto, esta medida não foi suficiente para que Portugal conseguisse atingir os objetivos da União Europeia, estando, todavia, cada vez mais perto. Tiago Brandão afirmou durante uma audição que houve “algumas medidas genéricas que permitiram esta descida, como o aumento de escolaridade obrigatória, e defendeu que "agora são precisas medidas muito mais individualizadas"
“A Estratégia Europa 2020 da UE tenta ultrapassar as desvantagens recorrendo aos vetores onde poderá ter vantagens comparativas. Em linguagem popular, quem não tem cão caça com gato!” (Henrique Jacinto, Diretor- Geral da OVO Solutions).

Cláudia Sofia Amorim Rodrigues

Referências:
http://www.ambienteonline.pt/canal/detalhe/estrategia-europa-2020
           Jornal PÚBLICO
Jornal NEGOCIOS
Dados retirados de PORDATA

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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