segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Receio da tecnologia

Num mundo cada vez mais tecnológico e em constante mudança, nomes como robotização, inovação e inteligência artificial poderão afetar os trabalhadores nas mais diversas áreas.
Dados recolhidos pelo FMI e pela OCDE mostram que cerca de 45% dos empregos existentes hoje podem ser automatizados e que 10% correm o risco de desaparecer. Porém, mais do que uma possível eliminação de empregos, a digitalização e a robotização trarão consigo uma transformação das funções e do papel do trabalho humano nas organizações.
O sucesso requer a aceitação da mudança e tornar-se competitivo. Para isso, o futuro passa pela compreensão das novas oportunidades associadas à automatização do trabalho, bem como do valor que se poderá gerar através da redistribuição de tarefas. Se é verdade que a introdução da tecnologia leva a uma perda considerável de humanos no mercado de trabalho, também é verdade que esta evolução irá oferecer à população mais-valias que anteriormente eram inimagináveis. O que antes era considerado um serviço premium vai acabar por converter-se num serviço standard. Desta forma, num futuro dominado pela tecnologia, será fundamental que todas as organizações, sejam elas privadas ou públicas, se adaptem e reinventem os seus modelos e estratégias.
Num mundo em que o trabalho humano se torna cada vez mais escasso, será este mesmo o principal fator de diferenciação entre as organizações. À medida que a tecnologia assume um papel cada vez mais importante nas nossas vidas, e onde há cada vez menos vagas, o futuro de todas as organizações requer pessoal altamente qualificado, sendo necessário adaptar-se à revolução digital redefinindo a sua força de trabalho por parte das empresas. Uma vez que a tecnologia vai substituir as tarefas consideradas mecânicas e rotineiras e que ainda são executadas a partir do trabalho humano, espera-se que os trabalhadores aprimorem as suas caraterísticas humanas, que são essenciais no ambiente de trabalho, como a inteligência emocional e a criatividade, que facilitam as relações entre as pessoas, e a flexibilidade cognitiva, caraterísticas estas que nunca poderão ser alcançadas por máquinas. Ironicamente, com mais processos digitais e com um avanço na tecnologia, as capacidades específicas dos recursos humanos desempenharão um papel cada vez mais relevante no sucesso sustentável das organizações.

Entre as vantagens desta nova abordagem estão o acesso a melhores ideias e experiências. O futuro da coexistência entre tecnologia e pessoas nas organizações deve, por isso, ser visto não como uma ameaça mas sim como uma oportunidade para melhorar o trabalho, ao elevar os níveis de exigência na prestação de serviços. Assim, redução de custos, expansão do mercado, aumento da produtividade e uma melhor gestão dos seus trabalhadores são benefícios da evolução tecnológica. Temos o exemplo da indústria farmacêutica, que acrescentou mais de 1,5 mil milhões de euros ao PIB português em 2016, face a 2000, o suficiente para cobrir todo o orçamento para a Ciência, Educação e Tecnologia. Assim, através de um estudo da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica foi revelado que medicamentos inovadores evitaram 110 mil mortes em Portugal desde 1990. Outro exemplo é o caso da Inteligência Artificial (IA), uma tendência tecnológica.

            Em suma, se, por um lado, a tecnologia causa medo em quem teme ser substituído por ela na empresa em que trabalha, por outro, ela abre uma ampla gama de oportunidades para quem está disposto a abraçá-la. A palavra-chave é “adaptação”. A evolução tecnológica representa benefícios materiais e imateriais que ajudam as empresas, independentemente do tamanho, a melhorar processos, a capacitar equipas e a oferecer melhores produtos, resultando num maior lucro e numa posição no mercado mais cimentada.
Diogo Emanuel Gonçalves Cardoso

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: