terça-feira, 13 de novembro de 2018

Precisamos de mão de obra desesperadamente!? A culpa é dos jovens?

O Coordenador do Observatório da Emigração afirmou, no sábado passado, que Portugal “precisa desesperadamente” de imigrantes para combater a falta de mão-de-obra. Para Rui Pena Pires, o problema demográfico que Portugal e a Europa enfrentam de falta de mão-de-obra em alguns setores só se resolve com mais imigração. O país “precisa desesperadamente de imigrantes” e passa “demasiado tempo a falar dos problemas da natalidade”, considerou. As políticas para a natalidade não têm resultados a curto prazo, como tal não é através das mesmas que se vai resolver de imediato um problema de falta de mão-de-obra já existente em muitos setores.
Os perfis especializados, ou seja, eletricistas, soldadores, mecânicos, e os técnicos, como motoristas, engenheiros, informáticos, professores, pessoas para as áreas de apoio ao cliente, advogados e investigadores, gestores de projeto e alguns administrativos, são as classes profissionais com mais escassez de recursos humanos. Os motivos para a falta de trabalhadores para efetuar estas funções são diversos e variam de setor para setor.
Ser eletricista, soldador ou mecânico não faz parte das opções da maior parte dos jovens, por serem consideradas profissões “menores” e com remuneração salarial mais reduzida do que aquela que os mesmos pretendem auferir no futuro. Por outro lado, há outras como ser engenheiros e informáticos, que têm as caraterísticas opostas das profissões anteriores, mas que ainda assim há falta de trabalhadores, ou seja, apesar de muitos jovens escolherem seguir estas áreas, a oferta ainda não chega para a procura.
Quando os jovens que seguem para o ensino superior têm de decidir o seu futuro, trata-se de uma escolha difícil quando ainda se é tão jovem. Essas escolhas, muitas vezes, não têm em consideração os aspetos mais importantes, como: quais os setores que estão a precisar de mais profissionais neste momento, quer isto dizer, quais os cursos com maior empregabilidade. Aquilo que pesa mais, muitas vezes, nesta tomada de decisão é aquilo que os pais acham ou querem para os filhos. Alguns encontram-se mal informados e pensam que profissões ditas com mais “prestígio” são o melhor para os seus filhos, mas certamente algumas delas não precisam de mais profissionais neste momento. Isto fará com o melhor se torne no pior, pois estes acabarão por ir parar ao desemprego após terminaram a sua formação ou então terão de efetuar funções que nada tem a ver com a mesma.
Outro problema é a sociedade machista em que vivemos, que ainda considera que certas funções são só para homens e outras só para mulheres, como tal a grande maioria dos alunos de certas engenharias com mais procura no mercado de trabalho são rapazes. Deste modo, profissões altamente especializadas como as engenharias ficam com falta de trabalhadores.
Para combater este problema, a solução será pelo regresso de alguns emigrantes, mas também pela via da imigração, dado que a oferta interna do nosso mercado de trabalho não satisfaz a procura. Contudo, para conseguir atrair imigrantes Portugal terá de colocar menos obstáculos aos processos de entrada e tomar a iniciativa de fazer recrutamento em vários países. Talvez esta seja uma situação ainda mais complicada neste momento dado os movimentos nacionalistas que estão a nascer por toda a Europa.
Quero com isto dizer que, na minha opinião, parte do problema de termos, por um lado, desemprego mas, por outro lado, precisarmos urgentemente de importar mão-de-obra é a decisão tomada pelos jovens para o seu futuro profissional.
Ana Patrícia Costa Alves
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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