"O empreendedorismo é uma revolução silenciosa que será para o séc. XXI mais do que a revolução industrial para o séc. XX” (Timmons, 1990)
Fazendo uma retrospectiva da conjuntura económica portuguesa, na última década, Portugal foi um país de poucos progressos: em média crescemos menos de 1% ao ano, o desemprego praticamente duplicou, a dívida pública atingiu valores excessivos desde os 50% até aos 80% do PIB, o crédito às famílias sofreu o mesmo crescimento e o endividamento externo não parou de crescer. Portugal foi um país mal gerido, nos últimos anos, o que levou à situação económica actual do país. Gastamos mais do que aquilo que produzimos e, agora, vamos ter de pagar.
As contas do FMI mostram que seria preciso ganhar o jackpot do Euromilhões todos os dias - cerca de 100 milhões de euros - até ao final de 2012, para ultrapassar a crise sem qualquer esforço. Mas, recuperar Portugal exige agora um esforço que só é possível se todos contribuirmos. Não há milagres e ficar de braços cruzados não é a solução. Neste momento, a solução é reflectirmos sobre quais as alternativas possíveis para superar as dificuldades deste ano e, provavelmente, da próxima década.
A persistência de elevadas taxas de desemprego e a falta de oferta de emprego não devem ser vistas como uma desmotivação, mas sim como um incentivo aos portugueses em inovar. Por vezes, a solução passa por criar o seu próprio emprego. O emprego para toda a vida já não existe e, por isso, é fulcral começar-se a pensar na hipótese de gerarmos o nosso próprio emprego. No estado actual dos portugueses, denota-se uma absoluta necessidade de mudança de atitude assente num espírito inovador e empreendedor: fazer a diferença, identificar e explorar oportunidades ao máximo, assumir riscos, determinação e dedicação. É este espírito que conduz ao conceito de empreendedorismo: "O empreendedorismo é o fenómeno associado com a actividade empreendedora, sendo a actividade empreendedora toda a acção humana empresarial em busca da criação de valor através da criação ou expansão da actividade económica pela identificação e exploração de novos produtos, processos ou mercados" (in " A Framework for Addressing and Measuring Entrepreneurship", OECD)
Este fenómeno tem sido vastamente considerado um aspecto chave no desenvolvimento económico dos países e no bem-estar das sociedades. As vantagens são nítidas: a criação de novas empresas conduz a investimentos nas economias locais, criação de postos de trabalho, melhoria na competitividade e promoção de métodos, técnicas e modelos inovadores. É também uma forma de aproveitar o potencial dos indivíduos e explorar os interesses da sociedade (protecção do ambiente, produção de serviços de saúde, de serviços de educação e de segurança social).
Neste sentido, a formação, o apoio, a promoção e o fomento da iniciativa de uma cultura empreendedora e da criação de empresas, deverá ser um dos objectivos estratégicos prioritários de qualquer governo central, local ou de qualquer instituição (associações empresariais, universidades, etc.).
Assim, considero que o empreendedorismo é, neste momento, um dos poucos “antídotos” de que os portugueses dispõem para ultrapassar a falta de boas condições de vida.
Filipa Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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