quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Dragão Chinês e a sua extensão pela Europa

“Considerada uma espécie de fábrica global, a China produz, e em boa medida exporta, quantidades impressionantes de uma gama imensa de produtos presentes no quotidiano de consumidores e empresas de todo o mundo” (Revista Exame, Março 2011)

Em 1949, os comunistas chineses dominaram Pequim, ascendendo ao poder Mao Tse-Tung, aclamado como o novo líder da Républica Popular da China – o maior país do mundo estava arruinado pela guerra civil e Mao preconizava uma transformação político-económica denominada “ O Grande Salto em frente”.
Porém esse “salto” não foi assim tão grande, sendo que no final da década de 50 do século passado milhões de pessoas morreram de fome devido às políticas falhadas do governo; nos anos 60 o sistema universitário foi destruído pela Revolução Cultural, época em que milhões de cidadãos instruídos foram obrigados a trabalhar no campo.
O que provocou então, o despertar deste dragão? O crescimento invejável da China e o seu peso na economia mundial é indiscutível: A China apresenta-se como a segunda maior economia de todo o mundo com um crescimento de mais de 1000% entre 1992 e 2000. A lista de produtos “made in China” é extremamente vasta: cigarros, produtos electrónicos, carvão, automóveis, aço, calçado, vestuário, alumínio. Porém é em itens como as câmaras digitais, bicicletas e isqueiros que a produção excede o somatório de todos os demais países em conjunto (cerca de 70% da PM) .
Diversos factores estão por detrás deste progresso. Em 1978, com a ascensão de Deng Xiaoping à presidência chinesa, o comércio internacional tornou-se a chave mais importante deste Império: uma mão de obra barata e cada vez mais qualificada e uma divisa considerada, por muitos, subvalorizada (yuan renminbi) atraem multinacionais estrangeiras e permitem a edificação de grandes empresas nacionais. Hoje, esta estrela emergente destaca-se, apresentando-se como o maior exportador mundial (exportações que atingiram os 1,5 biliões de dólares, em 2010) e como o segundo maior importador mundial (registando as importações um valor que ronda os 1,3 biliões de dólares). A sua influência na Europa tem crescido exponencialmente. A par do Banco Central Europeu, e tendo sempre em conta a sua balança corrente, a China apareceu na Europa como "bombeiro"-ajudante permitindo apagar os fogos da crise da dívida soberana em vários países da zona euro.
Ao todo, a China detém 302,28 mil milhões de euros em títulos de dívidas de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. Deste modo a China reforça a sua presença na Europa, escolhendo os países mais endividados onde possui mais oportunidades de negócio rentável.
No entanto, é importante notar que o relacionamento entre a Europa e a China arrecada alguns problemas: A Europa possui um enorme défice comercial em relação à China. Pequim poderá utilizar essa vantagem para ditar as regras. No entanto, é importante ter em conta que a China precisa da Europa já que esta representa um mercado suficiente grande que permite contrabalançar as relações da China com os Estados Unidos da América. A China tem interesse em manter a Europa como uma entidade forte a nível mundial para manter a economia chinesa igualmente forte, bem como para assegurar o seu equilíbrio político.
Em acrescento, é interessante comparar a produção chinesa com a portuguesa. Os produtos chineses são fortes concorrentes no nosso mercado, tanto nacional como internacional o que pode pôr em risco a competitividade. Para Portugal, a aposta das empresas na diferenciação e qualidade do seu produto serão alternativas mais prósperas e seguras.
Em jeito de conclusão, são indiscutíveis as vantagens que a relação com a China traz à Europa. No entanto é sempre necessário ter em atenção o tipo de acordos que são estabelecidos, tendo em mente que a intervenção chinesa pode trazer com ela problemas para o comércio externo, a produção industrial europeia e o comércio intra-comunitário. O ´trade-off` entre intervenção Chinesa e alguma protecção do comércio europeu poderá ser a atitude mais viável em tempos de negociação.

Ana Francisca Silva

Bibliografia:
Revista Exame, Março de 2011

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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