segunda-feira, 6 de junho de 2011

Empresas municipais

As empresas municipais em Portugal foram criadas para “exploração de actividades que prossigam fins de reconhecido interesse público”. Atendendo ao objectivo estabelecido em Diário da República para as empresas municipais, torna-se ambíguo o significado de “interesse público” quando são analisados os resultados anuais destas empresas, das quais se espera eficiência e sobretudo utilidade para a comunidade em geral.
Actualmente, existem 286 empresas municipais, sendo que 41 das mesmas já declararam falência técnica, o que representa 15% do seu total, falência essa que significa a perda de emprego para 2.856 pessoas. Apesar de ano após ano serem apresentados prejuízos na maioria delas, continuam a ser geridas da mesma forma e também pelas mesmas pessoas, o que trás consequências bastante negativas, que com as soluções certas poderiam ser evitadas.
Ainda assim, o mais curioso é que a criação de empresas municipais continua a aumentar, já que desde o ano 2000 foram criadas mais de 198 empresas, sendo este valor justificado pelos incentivos fiscais existentes para a criação das mesmas.
Hoje em dia, no actual contexto económico-social em que nos é exigido uma consolidação orçamental, não é de todo sustentável continuar a financiar empresas municipais que apresentam constantemente resultados negativos, não cumprindo, por isso, o seu objectivo de satisfazer o interesse público. Assim, o próprio ex-ministro das finanças considera a privatização como a solução para uma boa parte destas empresas, que pela sua má gestão e consequente falência significam um aumento das despesas do Estado.
Na minha opinião, a privatização seria uma solução viável para empresas municipais que não prestam um serviço público considerado essencial, de forma a inverter a situação financeira de algumas delas (que acaba por se reflectir na saúde económica do próprio Estado). A obtenção de receitas extraordinárias com a privatização destas empresas seria de extrema importância para os cofres do nosso Estado, e ao mesmo tempo poderia significar uma melhoria da sua eficiência na prestação dos seus serviços. (Tendo em conta que a privatização serve, não raras vezes, de incentivo para uma produção a um ritmo superior e com um espírito mais competitivo, do qual, neste momento, Portugal necessita).
Quais as razões dos maus resultados financeiros das empresas municipais?
A principal razão refere-se à falta de eficiência, gestão pouco rigorosa e fiscalização insuficiente de algumas empresas. Outro dos factores criticados é o salário dos gestores de empresas municipais. Não é compreensível um gestor de uma empresa municipal que aufere milhares de euros anuais apresente todos os anos prejuízos constantes na sua empresa. Muitas vezes também é apontado o poder político como tendo influência negativa nestas empresas, apesar de existirem excelentes profissionais na classe política e com bons exemplos na gestão de empresas, contribuindo de sobremaneira para o sucesso e eficácia daquilo que se espera ser um veículo para a concretização do interesse público.

Nuno Alves

Bibliografia:

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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