Depois da crise financeira internacional, os portugueses têm visto as suas condições económicas piorarem continuadamente. Mais do que cortes salariais, muitos deles perderam os seus empregos.
Portugal tem um estado dito social, que tem como uma das funções ajudar os mais desfavorecidos, e fá-lo quando algum cidadão é dispensado das suas funções com o subsídio de desemprego. Durante alguns meses esse indivíduo e a sua família têm uma subsistência garantida, mas o que fazer depois desse período? É nesta altura que os problemas se agravam. Sem dinheiro não há casa, roupa, medicamentos ou comida, ou pelo menos não haveria caso as instituições de solidariedade social não existissem.
É errado pensar que quem se dirige a instituições de solidariedade se trate meramente de população imigrante, quem não consegue arranjar emprego, ou quem não dispõe de apoios da segurança social. Tratam-se fundamentalmente de famílias portuguesas, grande parte delas jovens, com os elementos do agregado com idades inferiores a 30 anos que diariamente necessitam de apoio social por não terem possibilidades de assumirem os seus compromissos.
E o que é facto é que nos últimos três anos, mais de 75% das instituições de solidariedade social registaram um aumento no número de pedidos de ajuda, consequência do aumento da vulnerabilidade económica resultante não só do crescente desemprego, mas também de questões relacionadas com o endividamento.
Toma um tom agravado quando cerca de 20% dos pedidos de ajuda dos carenciados decorrem de um aconselhamento proveniente da Segurança Social, demonstrando que este tipo de organizações parece ser, cada vez mais, um recurso sistémico para combater a privação e a pobreza quando o Estado Social com a sua Segurança Social já não consegue. E pior de tudo é que cada vez mais os pedidos de ajuda começam a ser rejeitados pelas próprias instituições, que não conseguem responder a todos os pedidos. Embora alguns apelos sejam rejeitados devido às características de quem diz necessitar, envolvendo questões relacionadas com o rendimento ou com a impossibilidade da instituição ter condições para adequar os seus serviços às necessidades requeridas, a verdade é que mais de 50% dos pedidos de ajuda são rejeitados devido a factores que nada têm a ver com os necessitados.
É necessário que o estado coopere de uma forma mais intensiva com este tipo de organizações e que haja uma mobilização e consciencialização social, que se incentivem mais as pessoas a participarem em actividades de voluntariado, mais acções como as do Banco Alimentar Contra a Fome, para que nunca falte a este tipo de Instituições de Solidariedade Social meios físicos e humanos para fazer face aos crescentes pedidos, que se estima que já ultrapassem os 500.000.
Bibliografia Utilizada:
• Banco Alimentar Contra a Fome & Entrajuda; Relatório Preliminar do Inquérito às Instituições de Solidariedade Social (Nov. 2010)
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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