terça-feira, 14 de junho de 2011

TIC em Portugal: uma aposta essencial

O mundo atual é altamente globalizado, com forte comércio internacional, e concorrência entre países. Nesse cenário, são as economias mais dinâmicas que conseguem efetivamente estabelecer uma posição favorável no mercado mundial. Em um contexto como este, a saída para países como Portugal, que enfrenta dificuldades econômicas, é o investimento em inovação e criação de novas tecnologias, que podem gerar o aumento da produtividade interna e com isso melhorar a sua competitividade a nível internacional. Conforme afirmou Augusto López-Claro, um dos diretores do Fórum Econômico Mundial, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) apresentam “um dos motores mais importantes para aumentar a eficiência e produtividade no seio da vertiginosa economia mundial”.
Segundo o estudo da IDC “Mercado de TIC – Análise e Previsões 2005-2010”, que analisou vários mercados que constituem o mercado das TIC, o mercado nacional de tecnologias português registrou um crescimento de 7%, em 2006, com receitas a alcançarem 7,6 mil milhões de euros. Ainda segundo este estudo, a previsão é de que o sector de tecnologias de informação (hardware, software e serviços de TI) continue em crescimento. Vale destacar que a faturação desse sector atingiu 2,73 mil milhões de euros, em 2006, mais que 7% que no ano anterior e, em 2007, o crescimento foi de 8,1%. Na área de serviços de telecomunicações, em 2006, foram registradas receitas superiores a 5 mil milhões de euros (mais 3,1% que no ano anterior).
De acordo com o estudo sobre “Competências em TIC” divulgado pelo Eurostat para o ano de 2006, Portugal ocupava a 7a posição dos países da União Europeia em termos de competências na utilização de computadores, considerando jovens entre os 16 e 24 anos. Nesse indicador, Portugal mostrou possuir um desempenho acima da média da UE25, estando abaixo somente da Eslovênia, Luxemburgo, Áustria, Dinamarca, Hungria e Estônia. Ao considerar a população entre 16 e 74 anos, Portugal apresenta um desempenho muito próximo ao da média europeia. Ainda segundo esse estudo, 68% dos jovens portugueses entre 16 e 24 anos utilizaram a Internet pelo menos uma vez na semana anterior à realização dos inquéritos, o que coloca Portugal perto da média europeia, no mesmo patamar de países como a Espanha e França, e acima de países como a Itália e a Irlanda.
O relatório anual sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a escola de negócios INSEAD, “The Global Information Technology Report 2009-2010”, mostrou que a Suécia é o país que melhor aproveita as TIC no seu processo de desenvolvimento, ocupando a 1a posição do ranking. Este país é imediatamente seguido por Singapura e pela Dinamarca. Suíça e Estados Unidos completam o top 5, e a Malásia (27a posição) é o país de rendimentos médios com a melhor performance. Portugal ocupa a 33a posição, sendo colocado no grupo de países com rendimentos mais altos. Este relatório constitui uma extensa análise do impacto das TIC no processo de desenvolvimento econômico, social e ambiental bem como na competitividade das nações.
Segundo Flávio 2004, em seu estudo “O perfil- tipo do Trabalhador TIC em Portugal”, em 2000, existiam em Portugal 3.221 estabelecimentos TIC (1% do total nacional) onde trabalhavam 63.090 trabalhadores (2,4% do total nacional). Entretanto, em termos regionais nota-se que a quase totalidade destes estabelecimentos está localizada nas duas áreas metropolitanas, Lisboa e Porto, e em algumas cidades de média dimensão. Nesse mesmo ano, os trabalhadores envolvidos com as TIC, representavam 2,5% dos trabalhadores portugueses, valor superior à população empregada em todo o sector primário, que também acompanha a aglomeração nas duas áreas metropolitanas supracitadas. Segundo o autor, o perfil tipo do trabalhador TIC em Portugal é caracterizado por uma força de trabalho majoritariamente masculina, com uma estrutura etária muito jovem e com tendência para um progressivo rejuvenescimento.
Assim, é possível perceber que a importância do sector de TIC na economia portuguesa tem crescido de uma forma muito expressiva ao longo dos últimos anos e a tendência é continuar assim. Esse fato tem colocado o país em uma situação favorável face a outras economias, e em posição de destaque nos rankings mundiais. Tudo isso mostra que a aposta nesse setor tem sido elementar para o país, sobretudo pelos incrementos de produtividade que novas tecnologias podem gerar. Além disso, as ações de qualificação e especialização profissional, sobretudo para a população jovem, permitiram que o sector TIC se tornasse um dos mais produtivos da economia portuguesa. Entretanto, esse mercado ainda é marcado por uma excessiva concentração territorial, em torno das áreas mais dinâmicas do país.

Vanessa Ferreira

Fonte:
• Eurostat
• http://mobilenews.blogs.sapo.pt
• http://aeiou.expresso.pt
• http://www.planotecnologico.pt
• Nunes, Flávio, 2004, O perfil-tipo do trabalhador TIC em Portugal, Revista TEXTOS de la CiberSociedad, 4. Temática Variada. Disponível em:http://www.cibersociedad.net

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. “Economia Portuguesa e Européia”, do Curso de Economia (1o ciclo) da EEC/UMinho]

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