sexta-feira, 3 de junho de 2011

A questão da energia nuclear em Portugal

O tema da energia nuclear em Portugal, nomeadamente a construção de uma central nuclear, sempre foi uma matéria com bastante pertinência no nosso país. Isto deve-se ao facto de que associado aos benefícios económicos que podem advir da construção de uma central nuclear, também está uma extensa lista de riscos.
O investidor português Patrik Monteiro de Barros volta a afirmar que «Portugal tem capacidade para ter uma ou duas centrais» e acrescenta que «A questão central é que, se quisermos ser competitivos e ser um País que produz e que exporta, temos de ter acesso à energia, e nos próximos anos a solução mais competitiva, em termos de preço, mais limpa, em termos de emissões de CO2, e mais segura, é o nuclear». Na verdade, concordando em parte com esta ideia, os benefícios económicos que advêm desta construção são inegáveis. Para além de reduzir a dependência energética do país face ao exterior, permitindo reduzir o défice e aumentar a competitividade, esta é também uma fonte mais concentrada na geração de energia, ou seja, um pequeno pedaço de urânio pode abastecer uma cidade inteira, fazendo assim com que não sejam necessários grandes investimentos no recurso.
Pelo contrário, o jornal Expresso avança com a notícia de que 70% dos portugueses estão contra a construção de uma central nuclear, de acordo com o estudo feito pela Associação Portuguesa de Energia (APE). O argumento principal, a meu ver, relaciona-se com os diversos problemas que se têm vivido no Japão, especialmente com as explosões das centrais nucleares, ou seja, estão relacionados com problema de segurança mundial. Mas, por outro lado, a questão também pode transparecer uma insustentabilidade a nível financeiro: apesar do que é apresentado relativamente à desnecessidade de grandes investimentos, a verdade é que para além dos custos que Portugal não seria capaz de suportar devido à crise económica e financeira que se está a atravessar, (visto que era essencial um oneroso investimento inicial para além dos custos de manutenção) a exploração do urânio, essencial para a produção de energia nuclear ainda não é consistente, ou seja, não está desenvolvida o suficiente, fazendo com que ainda fosse fundamental importar o urânio. Ora isto acentuaria ainda mais a dependência face ao exterior. Finalmente é importante referir que ainda não foi implementado um método eficiente de armazenar os resíduos, o que suporta ainda mais as ideias contra a construção de uma central nuclear.
De tudo o que é aqui discutido, a verdade é que existem alternativas para contornar esta situação. É possível conciliar os prós de ambas as posições. Se os argumentos apontados pelo investidor português prendem-se essencialmente em realçar as potencialidades do país com o objectivo de promoção da competitividade e redução de uma das maiores dependências que o país enfrenta, a dependência energética, é possível que este objectivo também possa ser alcançado com um incentivo à promoção de outras potencialidades nacionais, nomeadamente as Energias Renováveis. As Energias Renováveis são aquelas que mais podem contribuir para a redução de dependência energética nacional. Associado a esta questão, ainda contribui para o fomento da economia portuguesa noutros sentidos. Em termos de criação de emprego, permite o desenvolvimento de pequenas empresas e consequentemente aumenta os postos de trabalho. Também contribui para a dinamização das zonas rurais, ajudando na redução das assimetrias regionais, uma vez que as zonas rurais oferecem uma vasta superfície livre e podem, assim, fornecer espaço para, por exemplo, a implementação de painéis solares.
Assim sendo, creio que apenas na aposta em algo que, de facto, mostra-se como sustentável, poderemos melhorar a nossa situação. Embora a ideia da criação de centrais nucleares possa parecer tentadora do ponto de vista económico, o país possui outras alternativas que pode desenvolver. Para além dos benefícios ambientais, as energias renováveis oferecem um vasto leque de vantagens económicas, e creio que esta deve ser a nossa maior aposta.

Luísa do Nascimento Lourenço

Bibliografia:

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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