sábado, 5 de maio de 2012

Ensino na Finlândia

          A Finlândia é um país nórdico de sucesso que pertence à EU desde 1995 e trouxe ao mundo grandes empresas, como a Nokia, e um exemplo no que toca a políticas públicas e ao crescimento económico sustentável, bem como grandes capacidades de negociação internacional. A Finlândia é hoje um líder mundial no que toca ao desenvolvimento dos telefones móveis e redes de comunicação. Devido aos cortes orçamentais nas despesas públicas do país a partir de 1990, o Governo viu-se obrigado a reduzir a sua contribuição para a cooperação para o desenvolvimento, de 0,7% do PNB para 0,3%. Contudo, o Governo assumiu, política e publicamente, o compromisso de atingir o nível anterior de contribuições na primeira década deste século. Não podemos deixar de nos lembrar que, em matéria de ajuda pública ao desenvolvimento, a Finlândia sempre foi um exemplo a seguir.
É impossível não tomar como referência o sistema de ensino de um país cujas tradições democráticas devem ser um exemplo para todos os países europeus, e não só, e cujo nível de literacia da população ascende, virtualmente, aos 100%. Ainda que a sua organização formal se apresente muito similar à portuguesa, o grau de eficácia do sistema de ensino finlandês é bastante elevado, sendo que 56% da população acima dos 15 anos completa o ensino secundário.
Em traços gerais, o sistema educativo finlandês agrupa a escolaridade obrigatória, o ensino secundário geral e profissional, o ensino superior e a educação de adultos. A escolaridade obrigatória consiste num programa educacional de 9 anos para todas as crianças em idade escolar que tem o seu início aos sete anos. O ensino secundário está dividido entre as escolas secundárias gerais (três anos, que terminam com a realização de um exame) e as escolas profissionais (três anos, que conferem qualificações profissionais básicas). Relativamente ao Ensino Superior, ele é neste momento assegurado por 20 universidades e 33 institutos politécnicos. Atualmente, as escolas profissionais têm ainda programas de estudo que conferem aos estudantes uma qualificação profissional superior, no entanto, a tendência é para que este sistema seja progressivamente desmantelado, passando estes cursos a ser, única e exclusivamente, da competência dos Institutos Politécnicos.
Uma das características do sistema educativo finlandês é a aposta cada vez maior na educação ao longo da vida. Todas as universidades finlandesas têm neste momento um centro de formação contínua, que gere cursos de formação profissional, e universidades abertas. Este tipo de formação profissional não confere nenhum grau específico, no entanto, a atualização de conhecimentos que este tipo de curso permite, bem como os diplomas que são entregues aos estudantes, são amplamente valorizados pelos empregadores. Ao nível do ensino superior, assiste-se a um crescente empenho no fortalecimento das relações com o exterior, nomeadamente com os países da União Europeia, da qual a Finlândia faz parte desde 1995. Aliás, já antes de serem membros de pleno direito da U.E, os finlandeses participavam (desde 1990) em Programas Comunitários para a Educação e Formação Profissional, sendo a sua participação no Sócrates e Leonardo da Vinci as manifestações mais claras deste envolvimento.
No que toca ao ensino superior, Todas as reformas propostas pelo Governo relativamente ao ensino superior têm sido determinadas por questões que não afetam apenas a Finlândia, mas que se fazem sentir um pouco por toda a Europa, e entre as quais se destacam a necessidade de investir na investigação em determinados sectores chave, de adaptação das instituições às constantes mudanças no mercado de trabalho e de tornar o financiamento das instituições cada vez mais racional.
Nos finais de 1995, o Governo, ao definir as linhas gerais de ação para o sistema educativo até ao ano 2000, manifestou a intenção de apostar na Educação e na Investigação, considerando-as como cruciais para a estratégia global do país, cujos objetivos máximos são o bem-estar dos cidadãos, a promoção da diversidade cultural, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade. Os grandes objetivos para os próximos anos, tal como foram definidos pelo Governo para este nível de ensino, são a promoção da qualidade, a igualdade de oportunidades e a educação ao longo da vida. No campo da investigação a grande aposta será também a qualidade, a ética, a liberdade de investigação e o equilíbrio entre a investigação pura e a investigação aplicada.
Salvaguardar o desenvolvimento harmonioso dos mecanismos de inovação é também fundamental para se conseguir melhorias na economia e na situação de desemprego que afeta atualmente o país. Definiram-se, assim, o princípio da educação ao longo da vida, a resposta às mudanças no mercado de trabalho, a internacionalização e o ensino de línguas estrangeiras como as grandes traves mestras da política educativa para o ensino superior nos próximos anos.

Pedro Calado

 [artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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