A Finlândia é um país nórdico de
sucesso que pertence à EU desde 1995 e trouxe ao mundo grandes empresas, como a
Nokia, e um exemplo no que toca a políticas públicas e ao crescimento económico
sustentável, bem como grandes capacidades de negociação internacional. A Finlândia
é hoje um líder mundial no que toca ao desenvolvimento dos telefones móveis e
redes de comunicação. Devido aos cortes orçamentais nas despesas públicas do
país a partir de 1990, o Governo viu-se obrigado a reduzir a sua contribuição
para a cooperação para o desenvolvimento, de 0,7% do PNB para 0,3%. Contudo, o
Governo assumiu, política e publicamente, o compromisso de atingir o nível
anterior de contribuições na primeira década deste século. Não podemos deixar de nos lembrar que, em matéria de ajuda
pública ao desenvolvimento, a Finlândia sempre foi um exemplo a seguir.
É impossível não tomar como referência o
sistema de ensino de um país cujas tradições democráticas devem ser um exemplo
para todos os países europeus, e não só, e cujo nível de literacia da população
ascende, virtualmente, aos 100%. Ainda que a sua organização formal se
apresente muito similar à portuguesa, o grau de eficácia do sistema de ensino
finlandês é bastante elevado, sendo que 56% da população acima dos 15 anos completa
o ensino secundário.
Em traços
gerais, o sistema educativo finlandês agrupa a escolaridade obrigatória, o
ensino secundário geral e profissional, o ensino superior e a educação de
adultos. A escolaridade obrigatória consiste num programa educacional de 9 anos
para todas as crianças em idade escolar que tem o seu início aos sete anos. O
ensino secundário está dividido entre as escolas secundárias gerais (três anos,
que terminam com a realização de um exame) e as escolas profissionais (três
anos, que conferem qualificações profissionais básicas). Relativamente ao Ensino
Superior, ele é neste momento assegurado por 20 universidades e 33 institutos
politécnicos. Atualmente, as escolas profissionais têm ainda programas de
estudo que conferem aos estudantes uma qualificação profissional superior, no
entanto, a tendência é para que este sistema seja progressivamente
desmantelado, passando estes cursos a ser, única e exclusivamente, da
competência dos Institutos Politécnicos.
Uma das
características do sistema educativo finlandês é a aposta cada vez maior na
educação ao longo da vida. Todas as universidades finlandesas têm neste momento
um centro de formação contínua, que gere cursos de formação profissional, e
universidades abertas. Este tipo de formação profissional não confere nenhum
grau específico, no entanto, a atualização de conhecimentos que este tipo de
curso permite, bem como os diplomas que são entregues aos estudantes, são
amplamente valorizados pelos empregadores. Ao nível do ensino superior, assiste-se
a um crescente empenho no fortalecimento das relações com o exterior,
nomeadamente com os países da União Europeia, da qual a Finlândia faz parte
desde 1995. Aliás, já antes de serem membros de pleno direito da U.E, os
finlandeses participavam (desde 1990) em Programas Comunitários
para a Educação e Formação Profissional, sendo a sua participação no Sócrates e
Leonardo da Vinci as manifestações mais claras deste envolvimento.
No que toca ao ensino superior, Todas as
reformas propostas pelo Governo relativamente ao ensino superior têm sido
determinadas por questões que não afetam apenas a Finlândia, mas que se fazem
sentir um pouco por toda a Europa, e entre as quais se destacam a necessidade
de investir na investigação em determinados sectores chave, de adaptação das
instituições às constantes mudanças no mercado de trabalho e de tornar o
financiamento das instituições cada vez mais racional.
Nos finais de 1995, o Governo, ao definir
as linhas gerais de ação para o sistema educativo até ao ano 2000, manifestou a
intenção de apostar na Educação e na Investigação, considerando-as como
cruciais para a estratégia global do país, cujos objetivos máximos são o
bem-estar dos cidadãos, a promoção da diversidade cultural, o desenvolvimento
sustentável e a prosperidade. Os grandes objetivos para os próximos anos, tal
como foram definidos pelo Governo para este nível de ensino, são a promoção da
qualidade, a igualdade de oportunidades e a educação ao longo da vida. No campo
da investigação a grande aposta será também a qualidade, a ética, a liberdade
de investigação e o equilíbrio entre a investigação pura e a investigação
aplicada.
Salvaguardar o desenvolvimento harmonioso
dos mecanismos de inovação é também fundamental para se conseguir melhorias na
economia e na situação de desemprego que afeta atualmente o país. Definiram-se,
assim, o princípio da educação ao longo da vida, a resposta às mudanças no
mercado de trabalho, a internacionalização e o ensino de línguas estrangeiras
como as grandes traves mestras da política educativa para o ensino superior nos
próximos anos.
Pedro Calado
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