quarta-feira, 2 de maio de 2012

Produtividade como estímulo ao crescimento

  Actualmente, a União Europeia está mergulhada numa conjuntura económica de incerteza, devido ao alargado endividamento público de alguns países que abalaram toda a estrutura económica da UE, necessitando, esses países, da intervenção do FMI para controlarem as suas finanças públicas. Como todos bem sabemos, o FMI tem como forma para alcançar este objectivo a implementação de medidas de austeridade, dando poucas perspectivas de crescimento económico ou até mesmo recessão económica, porque os países não conseguem estimular a sua economia devido à implementação de tantas condicionantes.
     Uma das possíveis soluções para que exista uma retoma do crescimento económico é um aumento da competitividade das empresas destes países, de forma a tornar estes países mais atractivos para investimentos financeiros, aumentando as exportações e estimulando, assim, a economia. Para aumentar a competitividade empresarial é fundamental aumentar a produtividade das empresas, ou seja, é necessário produzir mais a custos iguais ou menores. Existem duas formas de aumentar a produtividade das empresas, que são o aumento da produtividade entre os trabalhadores e as inovações tecnológicas. Devido à crise bancária que vivemos, o recurso ao crédito por parte das empresas, para inovarem tecnologicamente, tornou-se muito complicado, por isso, as inovações tecnológicas não são uma opção, neste momento, para aumentarmos a produtividade destes países, tendo as empresas que se focar no aumento da produtividade dos seus trabalhadores.
     O aumento da produtividade dos trabalhadores é um assunto que deve ser analisado em várias vertentes porque este aumento da produtividade, depende das condições de trabalho mas, também, do nível de educação do trabalhador, da sua motivação, entre outros.
     A motivação de cada trabalhador tem está intimamente relacionada com o nível de bem-estar que a sociedade em que este está integrado tem. Um exemplo muito prático: saiu uma notícia no dia 23-04-2012 no “Jornal de Negócios”, que nos dizia que o nível de felicidade dos alemães vem a subir há sete meses consecutivos, por outro lado, o Eurostat diz-nos que a Alemanha é o país mais produtivo da EU. Podemos aqui estabelecer uma relação entre o bem-estar da população e a produtividade desta.
     No caso português, actualmente, com a implementação das medidas de austeridade, as pessoas têm mostrado a sua revolta através de manifestações. Os grupos sindicais têm mostrado o seu desagrado, levando a uma quebra na produtividade. Mas, na minha opinião, as novas leis laborais só irão contribuir para um aumento da produtividade dos trabalhadores, isto porque o facto de as empresas poderem despedir trabalhadores mais facilmente, por exemplo, deve ser um estímulo a que os trabalhadores realmente dêem o seu máximo para o bem deles e da empresa.
     Segundo dados do Eurostat, os países que apresentaram uma maior crescimento da produtividade por trabalhador à hora foram a Lituânia, a Polónia, a República Checa e a Bulgária, países que entraram recentemente para a UE, o que lhes permitiu ter acesso a novas tecnologias com mais facilidade, permitindo-lhes aumentar a sua produtividade e tornando-se mais competitivos nos mercados internacionais. Um outro factor que tem influenciado este aumento da produtividade nestes países é a proximidade geográfica com a Alemanha, um colosso mundial a nível tecnológico.
     Por outro lado temos Portugal e Itália, países que, como já disse, apresentam graves problemas de endividamento público e que tiveram que implementar severas medidas de austeridade, um deles porque já sofreu a intervenção do FMI e o outro para evitar essa intervenção. O facto de estas economias estarem rodeadas de incerteza, não só por parte dos mercados mas também da sua sociedade, como eu já disse, leva a uma quebra no bem-estar social que se irá reflectir na produtividade dos indivíduos.
     Outro factor que tem grande relevância na produtividade dos indivíduos é a educação porque, pessoas mais instruídas, teoricamente, terão níveis de produtividade maiores porque têm mais conhecimentos e sabem ver qual a melhor forma de alocarem os recursos de forma a maximizarem a sua utilização. Este é um factor interessante porque a próxima geração de Portugal é a mais instruída, aquela que tem o maior nível educacional de sempre neste país, e será interessante ver como evoluí a produtividade por trabalhador nesta economia.
     Logo, com a actual conjuntura económica na UE, muitos países terão de estimular o aumento da produtividade dos seus trabalhadores, de forma a aumentarem a competitividade empresarial, para poderem estimular o seu crescimento económico, uma vez que, com a “obrigatoriedade” de implementarem medidas de austeridade, não têm recursos suficientes para estimularem as principais variáveis macroeconómicas. Podemos concluir que o nível educacional e o bem-estar da população podem ser dois factores realmente decisivos neste processo. Esperemos que esta nova geração, altamente qualificada, tenha oportunidades para tentar recuperar economicamente este país.      

 José Luís Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: