Notícias muito recentes apontam para a criação de
um novo pacto para o crescimento na Europa, com apresentação oficial em finais
do mês de Junho. Este acordo tem vindo a ser denominado Plano Marshall, apesar de Bruxelas ter vindo já esclarecer que não
se assemelha de algum modo com o aplicado na economia europeia após a Segunda
Guerra Mundial. Sendo consensualmente apelidado de Pacto para o Crescimento,
este projecto tem como foco principal o lançamento de investimentos em
tecnologias, energias renováveis e infra-estruturas e o fomento de
investimentos públicos, de modo a estimular as economias e a criar emprego nos
países mais afectados pela recente crise (nomeadamente Portugal). Van Rompuy
considera que “esse apoio é essencial para que os países e as empresas consigam
encontrar o crescimento que os faça sair da crise”, de modo a salvaguardar o
euro.
Estima-se um investimento por parte da Comissão
Europeia de 200 mil milhões de euros, que serão aplicados com a participação do
sector privado. No entanto, face à fraca liquidez e às dificuldades financeiras
que sustentem as bases para estes projectos, há necessidade de encontrar outras
fontes que potenciem os investimentos. François Hollande sugeriu a utilização
do Banco Europeu de Investimentos, criado com o propósito de financiar
projectos europeus, como alavanca; assim, e já tendo sido obtido o apoio por
parte da Alemanha, será pedido aos países para injectarem no BEI uns adicionais
10 mil milhões de euros. O objectivo seria possibilitar o aumento dos
empréstimos por parte do Banco para a realização de novos investimentos. Uma
outra fonte a considerar é a possibilidade de utilização de 12 mil milhões de
euros do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira.
Pia Ahrenkilde, porta-voz de Bruxelas, esclareceu
dia 30 de Abril que o objectivo da Comissão Europeia seria o de tentar
encontrar soluções novas para ultrapassar este cenário de crise, precisamente
através da criação de emprego e do crescimento económico. Considera que as
medidas que têm vindo a ser anunciadas recentemente são meramente especulativas
e que o projecto diz respeito a um suplemento adicional de medidas que possam
estimular as economias, ao invés de as restringirem, tendo em conta as medidas
de austeridade que têm sido aplicadas.
Ao certo, parece ainda não haver certezas acerca das
medidas que realmente serão apresentadas na cimeira de Junho. Existem ainda
muitas questões não esclarecidas e um futuro ainda mais incerto. À partida, o
financiamento de instrumentos que possibilitem a inovação tecnológica e a
sustentabilidade das energias parece ser uma excelente solução para
possibilitar a eficácia e a eficiência do sector e a diminuição de custos. A
aplicação dos fundos seria vantajosa desse ponto de vista. No entanto, qual
será mesmo a possibilidade da Comissão Europeia e dos países para financiarem
estas medidas neste contexto económico?
Do meu ponto de vista, estas medidas deviam ter
sido já aplicadas há muito tempo, dado que enveredar pelo caminho da inovação
tecnológica, embora com riscos altos associados e investimentos muito elevados,
pode ser altamente frutífero, visto que tende a reduzir os gastos e a aumentar
a eficiência. Igualmente, investir em energias renováveis pode exigir um esforço
acrescido inicialmente mas, a longo prazo, já se provou ter benefícios
económicos e retornos muito positivos. Embora sejam medidas cuja discussão
deveria ter sido já feita quando havia possibilidades de investir e
rentabilizar, neste momento temos que ter em conta o contexto económico e
financeiro da Europa. Sendo que a Comissão Europeia crê existirem fundos
possíveis para destinar a este propósito, resta-nos aguardar para ver como e
quando serão aplicados e se serão, de facto, proveitosos e capazes de melhorar
esta realidade que hoje se vive.
Adriana Isabel Carneiro Morais de Sousa
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