domingo, 6 de maio de 2012

NOVO PLANO MARSHALL?

Notícias muito recentes apontam para a criação de um novo pacto para o crescimento na Europa, com apresentação oficial em finais do mês de Junho. Este acordo tem vindo a ser denominado Plano Marshall, apesar de Bruxelas ter vindo já esclarecer que não se assemelha de algum modo com o aplicado na economia europeia após a Segunda Guerra Mundial. Sendo consensualmente apelidado de Pacto para o Crescimento, este projecto tem como foco principal o lançamento de investimentos em tecnologias, energias renováveis e infra-estruturas e o fomento de investimentos públicos, de modo a estimular as economias e a criar emprego nos países mais afectados pela recente crise (nomeadamente Portugal). Van Rompuy considera que “esse apoio é essencial para que os países e as empresas consigam encontrar o crescimento que os faça sair da crise”, de modo a salvaguardar o euro.
Estima-se um investimento por parte da Comissão Europeia de 200 mil milhões de euros, que serão aplicados com a participação do sector privado. No entanto, face à fraca liquidez e às dificuldades financeiras que sustentem as bases para estes projectos, há necessidade de encontrar outras fontes que potenciem os investimentos. François Hollande sugeriu a utilização do Banco Europeu de Investimentos, criado com o propósito de financiar projectos europeus, como alavanca; assim, e já tendo sido obtido o apoio por parte da Alemanha, será pedido aos países para injectarem no BEI uns adicionais 10 mil milhões de euros. O objectivo seria possibilitar o aumento dos empréstimos por parte do Banco para a realização de novos investimentos. Uma outra fonte a considerar é a possibilidade de utilização de 12 mil milhões de euros do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira.
Pia Ahrenkilde, porta-voz de Bruxelas, esclareceu dia 30 de Abril que o objectivo da Comissão Europeia seria o de tentar encontrar soluções novas para ultrapassar este cenário de crise, precisamente através da criação de emprego e do crescimento económico. Considera que as medidas que têm vindo a ser anunciadas recentemente são meramente especulativas e que o projecto diz respeito a um suplemento adicional de medidas que possam estimular as economias, ao invés de as restringirem, tendo em conta as medidas de austeridade que têm sido aplicadas.
Ao certo, parece ainda não haver certezas acerca das medidas que realmente serão apresentadas na cimeira de Junho. Existem ainda muitas questões não esclarecidas e um futuro ainda mais incerto. À partida, o financiamento de instrumentos que possibilitem a inovação tecnológica e a sustentabilidade das energias parece ser uma excelente solução para possibilitar a eficácia e a eficiência do sector e a diminuição de custos. A aplicação dos fundos seria vantajosa desse ponto de vista. No entanto, qual será mesmo a possibilidade da Comissão Europeia e dos países para financiarem estas medidas neste contexto económico?
Do meu ponto de vista, estas medidas deviam ter sido já aplicadas há muito tempo, dado que enveredar pelo caminho da inovação tecnológica, embora com riscos altos associados e investimentos muito elevados, pode ser altamente frutífero, visto que tende a reduzir os gastos e a aumentar a eficiência. Igualmente, investir em energias renováveis pode exigir um esforço acrescido inicialmente mas, a longo prazo, já se provou ter benefícios económicos e retornos muito positivos. Embora sejam medidas cuja discussão deveria ter sido já feita quando havia possibilidades de investir e rentabilizar, neste momento temos que ter em conta o contexto económico e financeiro da Europa. Sendo que a Comissão Europeia crê existirem fundos possíveis para destinar a este propósito, resta-nos aguardar para ver como e quando serão aplicados e se serão, de facto, proveitosos e capazes de melhorar esta realidade que hoje se vive.

Adriana Isabel Carneiro Morais de Sousa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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