sexta-feira, 18 de maio de 2012

Investir na bolsa e as oportunidades da crise nacional

A crise da dívida soberana da Europa acentuou-se no ano de 2010, o que fez recuar os principais índices de acções mundiais e o mercado bolsista português não escapou à tendência e tem sido severamente penalizado. O índice PSI20 recuou em 2010 cerca de 10% e tem vindo a demonstrar uma tendência cada vez mais negativa.
Mas então, será este o momento acertado para se investir em bolsa? Ou deverão os investidores desfazerem-se dos seus activos? Antes de se procurar dar resposta a estas questões devemos entender o conceito de Mercados Financeiros, que são, portanto, realidades que permitem fazer o encontro formal entre dois agentes económicos: os aforradores (que apresentam excesso de capital) e os investidores/consumidores (que têm necessidade de capital). Estes mercados fazem, assim, o encontro permanente entre aforradores e investidores, permitindo que a sua interacção seja regulada sob determinadas regras e leis que protejam não só os agentes envolvidos mas também a estabilidade dos mercados e das economias.
            Entendemos que esta crise, apesar de extremamente profunda, algum dia irá passar, porém, o medo e a incerteza actuais têm levado muitos detentores de acções a vendê-las, o que tem criado grandes oportunidades de investimento. Neste momento, encontramos no mercado nacional bons negócios a preços substancialmente abaixo do seu valor intrínseco. Uma progressiva estabilização da saúde financeira da nação, apesar de no curto prazo poder não ser acompanhada de uma recuperação relevante no emprego e crescimento económico, conduzirá a uma estabilização do mercado nacional, o que se traduzirá numa recuperação das cotações para valores mais “normais”, que para já não é o que observamos (nomeadamente no caso Millenium BCP, que tem vindo a descer abruptamente e cujas nos últimos dias já atingiram valores abaixo dos 0,10€).
Até há bem pouco tempo ouvíamos frequentemente falar em investir em bolsa, mas é verdade que a crise financeira incutiu um conjunto de medos e receios aos investidores, alterando a forma como as pessoas olhavam para o risco de jogar na bolsa. É certo que o tempo de enorme euforia que a bolsa tinha experimentado com elevada liquidez já passou e actualmente estamos numa nova fase, num momento em que um investidor formado e experiente pode ganhar muito dinheiro. E é precisamente nos momentos de maior depressão que devemos começar a investir e a acumular posições.
Esta situação apesar de parecer complicada, até é bastante simples. Sabemos que as economias experimentam ciclos, mas trata-se de um processo muito intuitivo, pois quando os mercados estão em queda encontram-se bons investimentos. Contudo, nunca saberemos qual será o momento mais acertado para se comprar determinado activo.
            A solução passa por se ir investindo de forma periódica e regular sendo conscientes de que a tendência dos mercados financeiros é para valorizar a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento e não vale a pena tentarmos adivinhar qual é o melhor momento para investir.
Assim, em momentos de maior incerteza deve-se evitar o investimento em apenas um activo e o foco deverá passar por uma estratégia diversificada onde se aposte em vários activos de diferentes classes, a fim de se reduzir o factor risco.

Ema Costa


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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