A crise da dívida soberana da Europa acentuou-se
no ano de 2010, o que fez recuar os principais índices de acções mundiais e o
mercado bolsista português não escapou à tendência e tem sido severamente
penalizado. O índice PSI20 recuou em 2010 cerca de 10% e tem vindo a demonstrar
uma tendência cada vez mais negativa.
Mas então, será este o momento acertado para se investir
em bolsa? Ou deverão os investidores desfazerem-se dos seus activos? Antes de
se procurar dar resposta a estas questões devemos entender o conceito de
Mercados Financeiros, que são, portanto, realidades que permitem fazer o
encontro formal entre dois agentes económicos: os aforradores (que apresentam
excesso de capital) e os investidores/consumidores (que têm necessidade de
capital). Estes mercados fazem, assim, o encontro permanente entre aforradores
e investidores, permitindo que a sua interacção seja regulada sob determinadas
regras e leis que protejam não só os agentes envolvidos mas também a
estabilidade dos mercados e das economias.
Entendemos que esta crise, apesar de
extremamente profunda, algum dia irá passar, porém, o medo e a incerteza actuais
têm levado muitos detentores de acções a vendê-las, o que tem criado grandes
oportunidades de investimento. Neste momento, encontramos no mercado nacional
bons negócios a preços substancialmente abaixo do seu valor intrínseco. Uma
progressiva estabilização da saúde financeira da nação, apesar de no curto
prazo poder não ser acompanhada de uma recuperação relevante no emprego e
crescimento económico, conduzirá a uma estabilização do mercado nacional, o que
se traduzirá numa recuperação das cotações para valores mais “normais”, que
para já não é o que observamos (nomeadamente no caso Millenium BCP, que tem
vindo a descer abruptamente e cujas nos últimos dias já atingiram valores
abaixo dos 0,10€).
Até há bem pouco tempo ouvíamos frequentemente
falar em investir em bolsa, mas é verdade que a crise financeira incutiu um
conjunto de medos e receios aos investidores, alterando a forma como as pessoas
olhavam para o risco de jogar na bolsa. É certo que o tempo de enorme euforia
que a bolsa tinha experimentado com elevada liquidez já passou e actualmente
estamos numa nova fase, num momento em que um investidor formado e experiente
pode ganhar muito dinheiro. E é precisamente nos momentos de maior depressão
que devemos começar a investir e a acumular posições.
Esta situação apesar de parecer complicada, até
é bastante simples. Sabemos que as economias experimentam ciclos, mas trata-se
de um processo muito intuitivo, pois quando os mercados estão em queda
encontram-se bons investimentos. Contudo, nunca saberemos qual será o momento
mais acertado para se comprar determinado activo.
A solução passa por se ir investindo
de forma periódica e regular sendo conscientes de que a tendência dos mercados
financeiros é para valorizar a longo prazo. O investimento periódico e regular
permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento e não vale a pena
tentarmos adivinhar qual é o melhor momento para investir.
Assim, em momentos de maior incerteza deve-se
evitar o investimento em apenas um activo e o foco deverá
passar por uma estratégia diversificada onde se aposte em vários activos de
diferentes classes, a fim de se reduzir o factor risco.
Ema Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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