sábado, 16 de novembro de 2019

A mudança da hora e o impacte na produtividade e na economia

Hoje em dia, com o desenvolvimento das tecnologias e a evolução do conhecimento acerca do ser humano, somos sempre alvo de observação na sociedade em que vivemos. Qualquer que seja a hora a que nós acordemos, a nossa rotina diária e a nossa organização são alguns dos fatores que variam de pessoa para pessoa e que bem combinados tornam possível atingir um máximo de produtividade no trabalho e nas relações pessoais.
Neste artigo irei abordar o facto de alterarmos a hora no nosso horário de verão e inverno e o impacte que esta ação tem ou pode ter no trabalho e na produtividade dos trabalhadores, além da movimentação da economia.
Para aqueles mais desatentos, que pensam que a mudança de hora pouco afeta na vida das pessoas ou que só afeta as horas que se dedicam a dormir, convirá deixar claro que não poderiam estar mais enganados. Na madrugada de sábado para domingo (26 para 27 de outubro), os ponteiros foram atrasados 60 minutos e entrámos, portanto, no horário de inverno. A mudança da hora, além da possibilidade imediata de dormir mais uma hora, segundo estudos já feitos, causa benefícios para a saúde na exposição solar, que pode ser mais prolongada. Num estudo feito com base em dados recolhidos no território, concluiu-se que o corpo humano necessita de pelo menos 14 dias para se adaptar completamente à mudança da hora. Enquanto isso, sintomas como falta de atenção, dificuldades de memorização, sono fragmentado, dores de cabeça e alterações nos ritmos cardíacos são, o que por si só tem consequências no trabalho realizado.
O início desta mudança para o horário de inverno foi uma medida criada há mais de 200 anos, mas tornou-se mais usual durante a I Guerra Mundial, devido à escassez de carvão, o que obrigou assim a uma adoção de uma estratégia que permitisse poupar energia, sendo então bem vista uma vez que permitia diminuir o consumo de energia e tirar o melhor partido possível da luz do dia.
Atualmente, com a evolução das tecnologias, esta poupança energética praticamente não existe uma vez que praticamente é tudo mais eficiente e bastantes tarefas do nosso dia necessitam na mesma de energia, como lavar a roupa, o aquecimento interior, trabalhar no computador ou mesmo o tráfego automóvel.
Quando entra o horário de Verão, é comum dizer-se que a mudança da hora tem um impacte positivo na economia pois os setores do retalho e do turismo beneficiam principalmente da hora extra de luz nas tardes de Verão, que permitem que os clientes fiquem mais tempo nos estabelecimentos para aproveitar a luz do dia e a temperatura mais agradável, aumentando o consumo nos bares. Também com os dias mais longos e a escurecer mais tarde, as pessoas sentem-se mais seguras para ficar até mais tarde na rua, o que permite também ao comércio criar possibilidade de maiores vendas. Por outro lado, há pessoas que no horário de verão estão disponíveis para trabalhar até mais tarde uma vez que estão habituadas a sair do trabalho mais no escurecer do dia. Mesmo estes trabalhadores se saírem do trabalho e ainda estiver de dia, muitas vezes, empolgam-se e param num café ou num restaurante. No entanto, também há algumas indústrias que sofrem com esta alteração da hora, como a agricultura, uma vez que esta atividade se orienta muito pela luz solar.
Em versão inversa, quando falamos no horário de Inverno, pensamos que tudo acontece ao contrário, pois retiramos uma hora de luz às tardes para a colocarmos de manhã. De facto, a diminuição da luz do dia ao final da tarde, no outono ou no inverno, afetam e muito a vida das pessoas. Em primeiro lugar, o nosso estado de humor ao sair do trabalho ou da escola de dia ou de noite é completamente diferente e a nossa disponibilidade para irmos a um café ou a um restaurante de noite é menor. Além disto, afeta e muito a segurança rodoviária, principalmente nas horas de ponta, que nesta época já se começa a fazer essencialmente às escuras, precisamente quando a visão diminui e quando começam a ocorrer mais acidentes.
No entanto, ao imaginarmos que não havia mudança na hora e que não entraríamos em horário de inverno, as consequências seriam que, entre meados de novembro e meados de janeiro, teríamos o sol a nascer sempre perto das 8h e mesmo no final do ano teríamos o sol a nascer depois das 8h, ou seja, isto condicionaria muito as nossas vidas, umas vez que as pessoas aos entrarem no seu trabalho ou na sua escola às 8h da manhã ainda não teriam luz em quantidade suficiente para o seu sistema “acordar”. Assim, em vez do tráfego ser feito ao final da tarde já escurecido era feito de manhã, com as luzes acesas e com pouca iluminação, o que em conjunto com um corpo ainda meio adormecido prevê um número ainda maior de acidentes. 
Uma coisa é certa, o Parlamento Europeu já aprovou o fim da mudança da hora nos Estados-membros em 2021, e esta discussão ainda está em cima da mesa.

André Oliveira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: