Enquanto
jovem, finalista de uma licenciatura, o futuro é algo que me preocupa. Como
serão os meus dias após terminar este ano? Será que devo continuar a estudar ou
ingressar no mercado de trabalho? O meu país tem o emprego que eu quero? Será
que vou ser feliz com as minhas escolhas? Progredir no grau vale a pena? Estas
são algumas das minhas preocupações, que creio que sejam semelhantes às de
muitos outros jovens que estejam na mesma situação que eu.
Numa
perspetiva pessoal, considero que nós, estudantes, trabalhamos diariamente para
vermos o nosso esforço refletido numa vida com qualidade. Ou seja, além de
todos os clichés, aquilo que realmente pretendemos é ter um salário que seja
proporcional ao esforço de todos os anos que investimos na nossa formação.
Basicamente, queremos saber se os anos passados no ensino superior, quer na
licenciatura, mestrado ou mesmo o doutoramento, valeram a pena.
Portugal,
já há bastantes anos que apresenta fragilidades nas suas qualificações. Em
termos cronológicos, podemos destacar o 25 de abril como um marco, tanto para a
democracia como para a escolaridade dos portugueses. Em 1974, 25% da população não sabia ler nem
escrever. Aquilo que se verificou foi uma melhoria significativa, contudo,
Portugal continuava afastado dos níveis de escolaridade de alguns países
europeus e, ainda hoje, isso é algo que se verifica. Apesar de tudo isto, são de realçar
alguns progressos, tal como o facto da escolaridade ter sofrido bastantes
melhorias, tanto ao nível da sua qualidade como ao nível da sua introdução no
quotidiano dos portugueses. Hoje em dia, por exemplo, verifica-se que é muito
mais comum um jovem prosseguir para o ensino superior.
De uma forma geral, e de consenso comum,
aquilo que podemos começar por defender é qu quanto melhor for a escolaridade
de um país mais formadas serão as gerações futuras e, porventura, melhor
preparadas estarão para apoiar a aprendizagem das que as sucedem. Assim, aquilo
que se espera é que tudo isto culmine num ciclo de sucesso e com um final feliz,
o que é maioritariamente avaliado pelo prémio salarial.
Ao nível da organização do ensino, podemos
facilmente elaborar uma escala, em que o mínimo corresponde ao ensino
obrigatório, segue-se o ensino secundário, e o máximo é o ensino superior. De
forma mais detalhada, podemos ainda dividir o ensino superior em três grandes
níveis, a licenciatura, o mestrado e o doutoramento, sendo este último o auge
da aprendizagem académica. Posto isto, aquilo que se pretende é perceber se
seremos mais felizes quanto mais avançarmos nestes níveis, partindo do
pressuposto que esta felicidade se resume a um salário mais elevado.
Tendo em conta os dados da OCDE, Education
at a Glance, de 2015, em Portugal, aproximadamente 60% da população com o
nível de ensino secundário estava satisfeita com a sua vida. Em relação à
população com o nível de ensino superior, os valores são díspares. Verificou-se
que 90% das pessoas que ingressam no ensino superior estão satisfeitas com a
sua vida. Logo, destes dados apresentados, que seguem a tendência dos restantes
países da OCDE, da UE e da média do G20, concluímos que, claramente, as pessoas
que ingressam no ensino superior não se arrependem disso e tal reflete-se na satisfação
com o seu estilo de vida, ou melhor dizendo, da sua posição proficiente no
mercado de trabalho. A estes dados podemos também acrescentar que, por exemplo,
um licenciado entre os 25-34 anos recebe 50% mais do que um jovem sem formação
superior e, embora estes dados sejam já bastante agradáveis, na faixa etária
entre os 45-54 anos, os licenciados ganham, aproximadamente, o dobro dos
restantes trabalhadores.
Na minha opinião, tudo isto está intimamente
relacionado com as caraterísticas económicas de um país e pode, por isso, ser
interpretado duplamente. Ou seja, num país com uma economia mais formal,
desenvolvida, ter mão-de-obra mais qualificada é só mais uma componente essencial.
Nestes casos, as pessoas com mais formação, entenda-se por isso com mais
estudos, vão ter um maior sucesso, no sentido em que existem postos de trabalho
específicos para eles e, por isso, vão poder usar todo o seu investimento no
presente, garantindo salários mais elevados e promovendo a felicidade do
futuro. Por outro lado, nem sempre esta mão-de-obra qualificada encontra espaço
para si no mercado de trabalho e tal é fruto de uma economia mais frágil, que
não está de todo preparada para receber este tipo de pessoas. Nestas situações,
aquilo que se verifica é que o tempo e dinheiro investidos nos estudos não foi
bem canalizado e assim, de facto, não se confirma a relação de
proporcionalidade direta entre educação e satisfação com a vida. A isto chamamos
um desfasamento entre a procura e a oferta, ao nível das qualificações.
Em jeito de conclusão, diria que estudar tem
benefícios individuais e coletivos. A primeira parte diz respeito a cada um de
nós - aquilo que fazemos diariamente vai ter consequências futuras, que se
esperam que sejam as melhores possíveis tendo em conta também a conjuntura
económica em que estamos inseridos. Por outro lado, pessoas mais formadas
trazem proveito para a sociedade. Isto significa que teremos melhores
profissionais, com perspetivas de vida mais empolgantes, que defenderão os seus
valores em prol do seu sucesso. Estes fatores são as externalidades que vão
afetar todos nós.
Assim, e principalmente em Portugal, tendo
mais uma vez em conta os dados da OCDE, Education at a Glance de 2019,
estudar é mesmo a melhor opção para uma vida pessoal e profissional mais feliz.
Diana
Martins
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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