sexta-feira, 8 de novembro de 2019

As previsões do Crescimento Económico Português

O caminho foi longo mas o pior já terá passado. A crise deixou cicatrizes, mas os indicadores económicos dizem que Portugal recuperou. No entanto, a opinião dos Portugueses ainda é muito pessimista face à situação atual.
 Impulsionado pela exportações, turismo e investimento imobiliário, o país tem vindo a crescer, desde 2014, atingindo o pico em 2017, com 3,51% do PIB. O desemprego caiu de 16,2%, em 2013, para 7%, o ano passado. Em quase oito anos, foi anulado cerca de 8% de défice orçamental, mas a dívida pública continua a ser uma das mais elevadas da União Europeia, apenas superada pela Grécia, Espanha e Itália. Mesmo assim, as contas parecem estar controladas, embora o “cinto” continue apertado uma vez que a carga fiscal é das mais elevadas de sempre e o investimento público é reduzido.
Segundo o Banco de Portugal, no Boletim Económico de outubro de 2019, a economia portuguesa continuará a crescer até 2021, embora a um ritmo inferior ao registado nos últimos anos. Estas projeções são superiores às publicadas pelo Banco Central Europeu para a Zona Euro. Isto poderá ser traduzido em pequenos progressos num processo de convergência real da economia Portuguesa face a área do Euro. Após um crescimento de 2,4% em 2018, o Produto Interno Bruto, em 2019, deverá aumentar 2%, consoante o Banco Portugal. Este abrandamento pode ter como causa o menor contributo das exportações, dado o crescimento mais fraco do comércio mundial e da procura externa dirigida ao país lusitano e uma ligeira diminuição da procura interna, refletindo a diminuição das despesas de consumo final e do investimento. Assim sendo, tal como aconteceu no ano anterior, prevê-se que a procura interna contribua mais para o crescimento do PIB do que as exportações.
Por outro lado, a Comissão Europeia não deixa de acautelar para um abrandamento económico e antecede um crescimento moderado nos próximos anos. Numa Zona Euro a crescer menos do que o esperado, e com o corte das previsões para países como Alemanha, a Comissão Europeia reviu em baixa a expectativa de crescimento da economia da zona Euro, no entanto Bruxelas espera uma maior resistência de Portugal, projetando, em concordância com o Banco de Portugal, um crescimento económico para este ano, de 2%, ligeiramente acima do que espera o Governo, que tinha previsto um crescimento de 1,9%. Na mesma ocasião, admitiu, que nos últimos anos, as previsões foram um pouco pessimistas para Portugal, bem como para o país vizinho, Espanha. Ainda assim, como já referido, espera-se uma desaceleração do crescimento económico. Em 2020 e 2021, projeta-se um crescimento de 1,7%.
A verdade é que no segundo trimestre 2019 a economia Portuguesa apresentou um crescimento de 0,5% em cadeia, significa isto, comparativamente ao primeiro trimestre do ano, e 1,8% na comparação homóloga, ou seja, com o mesmo período do ano anterior, aumentando uma décima em ambos os casos relativamente ao desempenho registado no final do ano passado. Atualmente, Portugal encontra-se exatamente a meio da tabela, segundo o Eurostat. Sendo que existem dez economias a crescer mais que nós e quatro ao mesmo ritmo. Existem, também, economias a crescer menos, como Alemanha, Reino Unido e Suécia. Apesar de Portugal ainda se encontrar numa posição favorável, uma vez que cresce acima do ritmo averiguado na Zona Euro e na União Europeia, é preciso ter em mente que as maiores economias se encontram no final da tabela devido a taxas negativas de crescimento, resultantes na diminuição do crescimento do conjunto dos países que integram tanto a Zona Europeia como a União Europeia. Portanto, é crucial, não nos deixarmos enganar por esta posição acima da média, que é na sua grande maioria resultante de crises nas grandes economias europeias.
Concluo, então, que a Economia Portuguesa conseguiu uma posição melhor que a média, mas ainda assim aquém da Europa Central e dos países nórdicos. Todavia, no meu ponto de vista, os progressos que têm vindo a ser alcançados constituem pilares sólidos para o crescimento económico num futuro próximo.

Margarida Rosa Pimenta

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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