terça-feira, 29 de março de 2011

FMI? Sim, se faz favor!

Na base da actual crise política em Portugal está a grande crise financeira de todo o Mundo que tem atingido, em muito, a Europa. Antes do pedido de demissão por parte do Governo socialista, ficou na mesa a quarta proposta do PEC recusada por toda a oposição.

No seguimento desta instabilidade política, a direita apoia a ideia de um auxílio financeiro externo para conseguir baixar a taxa de juro que, após nova ameaça de corte no “rating” por parte da Standard & Poor’s, já ascende os 8% em cinco prazos (3, 4, 5, 6 e 7 meses). Em oposição estão os socialistas, liderados por José Sócrates, que prometem “lutar com todas as forças” para que Portugal não tenha de pedir ajuda externa e acusando a rendição do PSD ao FMI. Defendem ainda que mais um país com ajuda externa prejudicaria a Europa e a moeda única.

Assim como Passos Coelho, o actual professor da Universidade de Harvard e ex-economista chefe do FMI, Kenneth Roggof, garantem que a intervenção do FMI não é nenhum drama e muito menos o “fim do mundo”. Portugal faz parte do FMI e este serve para ajudar países a superar crises de pagamentos.

Portugal vive há uma década um período de completa estagnação no crescimento e com uma elevada taxa de endividamento que prejudicará a próxima década. O crescimento rápido é fundamental e, num curto prazo, apenas com as receitas globais do Estado, é impossível.

Na Grécia e na Irlanda, a ajuda externa não resolveu os problemas mas esses países pagam hoje menos do que Portugal pois o juro da dívida sofreu um grande corte com o alargamento do prazo do apoio prestado pelo FMI.

Já não é a primeira vez que o FMI é “chamado” a actuar em terras Lusitanas e também o governador do Banco Central da Áustria, e membro do conselho de governadores do BCE, Ewald Nowotny, garante que seria economicamente “recomendável” para Portugal pedir ajuda.

Jean-Claude Trichet, presidente do Eurogrupo, já terá referido uma ajuda no valor de 75 mil milhões de euros.

Continuamos a apertar o cinto que já não tem muitos mais buracos e de facto Portugal precisa de ajuda. Ainda há dúvidas?

Hugo Jorge Fernandes Marques

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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