Portugal está perante uma carnificina económica e, como pequenas presas indefesas, os portugueses tentam fugir às garras da crise. Um pequeno número consegue fugir ileso enquanto o resto da sociedade sofre na pele as consequências de medidas governamentais ineficientes e inadequadas. A crise começa por atingir apenas alguns sectores mas, com o tempo, alastra-se para toda a economia tendo consequências desastrosas. Os desempregados começam a surgir aos milhares, os preços dos combustíveis e dos bens alimentares aumentam e para piorar a situação surge outro problema: a renda ou a “prestação da casa”.
Está cada vez mais difícil para os portugueses pagar a renda da casa ou o empréstimo bancário para a habitação. Alguns, com medo de ficarem sem tecto para dormir, procuram ajuda entre algumas organizações, sendo uma delas a Caritas Portuguesa. Eugénio Fonseca, presidente desta instituição, relata que "Portugal atravessa uma situação muito difícil e a Cáritas Portuguesa tem visto aumentar de forma muito significativa os pedidos de ajuda, apresentando dificuldades crescentes para dar resposta a todos". Acrescenta também que o aumento rondou os 40%, havendo mais pedidos em zonas com maiores taxas de desemprego, nomeadamente o norte, a zona da grande Lisboa e o Algarve.
Para combater as dificuldades nos pagamentos foi criada a moratória do Estado, medida que entrou em vigor em Julho de 2009 e que terminou em Dezembro de 2010. Dos 3928 desempregados, 2551 viram o seu pedido aprovado, podendo receber no máximo 500 euros por contrato. Em termos de prolongamento desta medida existem diversos argumentos contra e a favor. O economista e professor universitário João César das Neves diz que "medidas dessas fazem todo o sentido, como apoio aos mais atingidos pela crise, e são de apoiar". Contudo acredita que o governo não irá para a frente com esta medida, tendo em vista uma redução da despesa. Já João Cantiga Esteves, igualmente economista e professor universitário, pensa o contrário: "A estrutura histórica do nosso crédito à habitação não é a ideal. Prefiro soluções mais duradouras do que ter de andar a apagar fogos". O economista lembra-nos o facto de que a larga maioria do crédito em Portugal está indexado às taxas Euribor, o que transfere o risco da subida das taxas de juro dos bancos para os clientes. Acrescenta também: "Desconheço outro país no mundo com esta abrangência de taxa variável no crédito à habitação. Acho que o Banco de Portugal deveria manifestar-se quanto a esta situação, sugerindo uma maior utilização da taxa fixa".
A minha opinião relativamente a este assunto é um pouco semelhante à do senhor João Cantiga Esteves. Portugal precisa de soluções permanentes e não de “paninhos quentes”, pois a situação para muitos portugueses é intolerável tanto a curto como a longo prazo. Penso que este problema tem uma grande vertente psicológica, isto é, a maneira como os mercados estão dispostos leva a que o indivíduo, como consumidor, tome decisões inadequadas à sua situação financeira. Compreendo que é aliciante adquirir algo (um carro por exemplo) recorrendo a um crédito com taxas de juro baixas. Contudo é aqui que se encontra a base do problema, uma vez que o indivíduo vai acumulando dívidas e juros até ao momento em que é-lhe impossível pagar as prestações. Seria aqui que o governo deveria tomar uma acção mais preventiva, ao tentar controlar o acesso ao crédito, que muitas vezes provem de empresas financeiras que aparecem na televisão e que “enganam” o consumidor. Julgo também que seria bastante eficiente da parte do governo ou do Banco de Portugal iniciar uma certa promoção ao uso da taxa fixa, possibilitando ao consumidor, um maior controlo e maior resistência a flutuações económicas.
Telmo Rodrigues
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Está cada vez mais difícil para os portugueses pagar a renda da casa ou o empréstimo bancário para a habitação. Alguns, com medo de ficarem sem tecto para dormir, procuram ajuda entre algumas organizações, sendo uma delas a Caritas Portuguesa. Eugénio Fonseca, presidente desta instituição, relata que "Portugal atravessa uma situação muito difícil e a Cáritas Portuguesa tem visto aumentar de forma muito significativa os pedidos de ajuda, apresentando dificuldades crescentes para dar resposta a todos". Acrescenta também que o aumento rondou os 40%, havendo mais pedidos em zonas com maiores taxas de desemprego, nomeadamente o norte, a zona da grande Lisboa e o Algarve.
Para combater as dificuldades nos pagamentos foi criada a moratória do Estado, medida que entrou em vigor em Julho de 2009 e que terminou em Dezembro de 2010. Dos 3928 desempregados, 2551 viram o seu pedido aprovado, podendo receber no máximo 500 euros por contrato. Em termos de prolongamento desta medida existem diversos argumentos contra e a favor. O economista e professor universitário João César das Neves diz que "medidas dessas fazem todo o sentido, como apoio aos mais atingidos pela crise, e são de apoiar". Contudo acredita que o governo não irá para a frente com esta medida, tendo em vista uma redução da despesa. Já João Cantiga Esteves, igualmente economista e professor universitário, pensa o contrário: "A estrutura histórica do nosso crédito à habitação não é a ideal. Prefiro soluções mais duradouras do que ter de andar a apagar fogos". O economista lembra-nos o facto de que a larga maioria do crédito em Portugal está indexado às taxas Euribor, o que transfere o risco da subida das taxas de juro dos bancos para os clientes. Acrescenta também: "Desconheço outro país no mundo com esta abrangência de taxa variável no crédito à habitação. Acho que o Banco de Portugal deveria manifestar-se quanto a esta situação, sugerindo uma maior utilização da taxa fixa".
A minha opinião relativamente a este assunto é um pouco semelhante à do senhor João Cantiga Esteves. Portugal precisa de soluções permanentes e não de “paninhos quentes”, pois a situação para muitos portugueses é intolerável tanto a curto como a longo prazo. Penso que este problema tem uma grande vertente psicológica, isto é, a maneira como os mercados estão dispostos leva a que o indivíduo, como consumidor, tome decisões inadequadas à sua situação financeira. Compreendo que é aliciante adquirir algo (um carro por exemplo) recorrendo a um crédito com taxas de juro baixas. Contudo é aqui que se encontra a base do problema, uma vez que o indivíduo vai acumulando dívidas e juros até ao momento em que é-lhe impossível pagar as prestações. Seria aqui que o governo deveria tomar uma acção mais preventiva, ao tentar controlar o acesso ao crédito, que muitas vezes provem de empresas financeiras que aparecem na televisão e que “enganam” o consumidor. Julgo também que seria bastante eficiente da parte do governo ou do Banco de Portugal iniciar uma certa promoção ao uso da taxa fixa, possibilitando ao consumidor, um maior controlo e maior resistência a flutuações económicas.
Telmo Rodrigues
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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