“They call themselves the geração à rasca”. O anúncio do jornal britânico Financial Times, após a manifestação ocorrida no passado fim de semana, evidencia a propagação internacional que a mesma acabou por acarretar. Em pouco mais de um dia já era possível ler em diversos cabeçalhos nacionais “Greve dos camionistas já param obras públicas”. Recuando alguns meses, mais precisamente em Novembro de 2010, também poderíamos encontrar “Três milhões de portugueses em greve”. Umas mais saudáveis, como é o caso das manifestações, outras até mesmo prejudiciais para os seus participantes, como é o caso das greves, todo este tipo de acções pretende alcançar os mesmos resultados - todos querem fazer-se ouvir, querem dar voz ao seu descontentamento crescente.
Conforme referido por participantes na greve geral de Novembro, «o défice não pode ser o centro de todas as políticas, mas sim o combate ao desemprego». Não sendo apenas os outros países em perder a credibilidade no País, mas também a própria população nacional, é válido reflectir sobre o facto do remédio do combate ao défice estar a ser «demasiado forte» e estar a causar efeitos secundários precários para a saúde económica do país. As medidas, no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento, acabam por desencadear uma queda do nível de investimento, fomentado pela perda de confiança dos agentes económicos e do consequente adiamento das suas decisões. O INE salienta a previsão de uma “redução do peso relativo dos investimentos orientados para a extensão da capacidade produtiva”, mas também é verificada a queda do nível de produção ao mesmo tempo que o aumento e repercussões do desemprego são cada vez mais acentuados. Mas apesar de se insinuar solicitações cada vez mais exigentes aos portugueses, o Ministro das Finanças já anunciou que a carga fiscal irá aumentar, mais uma vez.
Não negando a necessidade dos tão falados sacrifícios que agora são inevitáveis devido a uma herança que a nós estava destinada e apelando a uma atitude mais consciente da forma como estes são aplicados, é importante fazer entender que um conjunto de ideias necessárias, de forma a responder a pressões externas e a fazer face aos níveis insustentáveis em que se vivia, pode gerar resultados inversos aos esperados, e a recuperação da economia pode ser mais dolorosa.
Portugal pode ser comparado a um navio em naufrágio com os seus tripulantes alarmados e desanimados onde tudo que ouvem é que têm de se esforçar mais um pouco. O alarme gera o medo e a falta de confiança e esta leva à quebra vertiginosa do investimento, o desânimo retira a energia e pode levar o país para uma “Zona de Resignação”.
Poder-se-ia começar por substituir a palavra “sacrifícios” pela palavra “incentivos” de vez em quando, para dar espaço ao fomento da economia em vez da sua estagnação. Criar incentivos à exportação que passam pelo incentivo à área da agricultura, de modo a não termos demasiado espaço desperdiçado, com recurso a práticas que sejam mais competitivas e que possibilitem o país não depender tanto do exterior. Também passa por um incentivo às pequenas empresas, de forma a poderem mostrar o seu potencial no exterior e consequentemente poderem começar a exportar em vez de se extinguirem, ou seja, incentivos que poderão trazer benefícios de longo prazo à economia, no sentido de motivação e projecção internacional. De igual modo poderíamos abordar o desenvolvimento do turismo, entre outros.
O ponto importante a ser notado é o de que na passagem do papel para a realidade as curvas e os pontos transformam-se em pessoas que reagem às situações em que são colocadas, e como se viu essas reacções estão a atingir proporções de grandes dimensões. Não falando apenas como contorno a este tipo de atitudes, mas por ser algo benéfico e com proporções a longo prazo, meios alternativos devem ser estudados e encorajados.
Luisa do Nascimento Lourenço
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Conforme referido por participantes na greve geral de Novembro, «o défice não pode ser o centro de todas as políticas, mas sim o combate ao desemprego». Não sendo apenas os outros países em perder a credibilidade no País, mas também a própria população nacional, é válido reflectir sobre o facto do remédio do combate ao défice estar a ser «demasiado forte» e estar a causar efeitos secundários precários para a saúde económica do país. As medidas, no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento, acabam por desencadear uma queda do nível de investimento, fomentado pela perda de confiança dos agentes económicos e do consequente adiamento das suas decisões. O INE salienta a previsão de uma “redução do peso relativo dos investimentos orientados para a extensão da capacidade produtiva”, mas também é verificada a queda do nível de produção ao mesmo tempo que o aumento e repercussões do desemprego são cada vez mais acentuados. Mas apesar de se insinuar solicitações cada vez mais exigentes aos portugueses, o Ministro das Finanças já anunciou que a carga fiscal irá aumentar, mais uma vez.
Não negando a necessidade dos tão falados sacrifícios que agora são inevitáveis devido a uma herança que a nós estava destinada e apelando a uma atitude mais consciente da forma como estes são aplicados, é importante fazer entender que um conjunto de ideias necessárias, de forma a responder a pressões externas e a fazer face aos níveis insustentáveis em que se vivia, pode gerar resultados inversos aos esperados, e a recuperação da economia pode ser mais dolorosa.
Portugal pode ser comparado a um navio em naufrágio com os seus tripulantes alarmados e desanimados onde tudo que ouvem é que têm de se esforçar mais um pouco. O alarme gera o medo e a falta de confiança e esta leva à quebra vertiginosa do investimento, o desânimo retira a energia e pode levar o país para uma “Zona de Resignação”.
Poder-se-ia começar por substituir a palavra “sacrifícios” pela palavra “incentivos” de vez em quando, para dar espaço ao fomento da economia em vez da sua estagnação. Criar incentivos à exportação que passam pelo incentivo à área da agricultura, de modo a não termos demasiado espaço desperdiçado, com recurso a práticas que sejam mais competitivas e que possibilitem o país não depender tanto do exterior. Também passa por um incentivo às pequenas empresas, de forma a poderem mostrar o seu potencial no exterior e consequentemente poderem começar a exportar em vez de se extinguirem, ou seja, incentivos que poderão trazer benefícios de longo prazo à economia, no sentido de motivação e projecção internacional. De igual modo poderíamos abordar o desenvolvimento do turismo, entre outros.
O ponto importante a ser notado é o de que na passagem do papel para a realidade as curvas e os pontos transformam-se em pessoas que reagem às situações em que são colocadas, e como se viu essas reacções estão a atingir proporções de grandes dimensões. Não falando apenas como contorno a este tipo de atitudes, mas por ser algo benéfico e com proporções a longo prazo, meios alternativos devem ser estudados e encorajados.
Luisa do Nascimento Lourenço
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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