Abastecer o automóvel é um gesto que custa cada vez mais aos portugueses. Os preços dos combustíveis não param de aumentar com recordes a serem batidos dia após dia em Portugal. Chamam-lhe o ouro negro e entende-se porquê.
Em Londres o preço do barril de petróleo chegou a atingir os 120 dólares e é este que serve de referência aos preços dos combustíveis em Portugal. Em apenas 4 dias a petróleo valorizou quase 20% e voltou a níveis que não assistíamos desde 2008.
Mas a que se deve isto? Uma razão é o facto de se verificar uma situação muito complicada na Líbia e os receios de contágio com outros países da região que se traduz num nervosismo nos mercados pois se atingir a península arábica o cenário será catastrófico. Os preços têm recuado ligeiramente devido às conversações entre sauditas e negociadores europeus, sendo que estes primeiros admitem aumentar as exportações de crude para compensar a falta de petróleo da Líbia. Mas chegarão estas medidas para que os preços recuem?
Apesar de toda esta instabilidade, alguns especialistas afirmam ainda ser cedo para falar num novo choque petrolífero como o de 2008.
Mas porque será que estamos a bater máximos históricos quando abastecemos os automóveis se os preços do petróleo em 2008 estavam quase mais $50 acima do que estão hoje? Na minha opinião alguns dos factores explicativos são, em primeiro lugar, o facto que o que influencia a formação do preço é o que os distribuidores pagam pelos produtos refinados à saída da refinaria. Temos então de considerar a questão cambial. E em segundo lugar, temos de ter em conta a carga fiscal. No pico de 2008 tínhamos o IVA a 20% e agora está a 23%. A carga fiscal sobre os combustíveis em Portugal é muito pesada, 50% do preço do gasóleo é carga fiscal e 60% do preço da gasolina também.
Face a estas circunstâncias são muitos os que defendem os combustíveis low cost, como por exemplo o PCP. Mas também são muitos os que consideram que seria necessário grande investimento pois só se conseguem implementar preços baixos criando de raiz uma rede vocacionada para esse efeito.
Também a Autoridade da Concorrência é muito criticada. O facto de os preços entre bombas serem quase homogéneos e de quando os preços de petróleo baixam demorar muito mais a sentir-se do que quando aumentam são algumas das razões para a contestação. Também é difícil entender como as mesmas petrolíferas praticam preços mais caros em Portugal do que em Espanha sem impostos.
A Autoridade da Concorrência defende-se afirmando que tem limitações na análise. Não pode resolver descer os preços. Pode, eventualmente, manter alguma pressão no sentido de que não subam excessivamente. Também não podem forçar as empresas a concorrer. Mas pode e deve saber se estão a combinar e não a concorrer.
E enquanto duram todas estas discussões e incertezas, pagamos cada vez mais pelo abastecimento dos nossos automóveis.
Em Londres o preço do barril de petróleo chegou a atingir os 120 dólares e é este que serve de referência aos preços dos combustíveis em Portugal. Em apenas 4 dias a petróleo valorizou quase 20% e voltou a níveis que não assistíamos desde 2008.
Mas a que se deve isto? Uma razão é o facto de se verificar uma situação muito complicada na Líbia e os receios de contágio com outros países da região que se traduz num nervosismo nos mercados pois se atingir a península arábica o cenário será catastrófico. Os preços têm recuado ligeiramente devido às conversações entre sauditas e negociadores europeus, sendo que estes primeiros admitem aumentar as exportações de crude para compensar a falta de petróleo da Líbia. Mas chegarão estas medidas para que os preços recuem?
Apesar de toda esta instabilidade, alguns especialistas afirmam ainda ser cedo para falar num novo choque petrolífero como o de 2008.
Mas porque será que estamos a bater máximos históricos quando abastecemos os automóveis se os preços do petróleo em 2008 estavam quase mais $50 acima do que estão hoje? Na minha opinião alguns dos factores explicativos são, em primeiro lugar, o facto que o que influencia a formação do preço é o que os distribuidores pagam pelos produtos refinados à saída da refinaria. Temos então de considerar a questão cambial. E em segundo lugar, temos de ter em conta a carga fiscal. No pico de 2008 tínhamos o IVA a 20% e agora está a 23%. A carga fiscal sobre os combustíveis em Portugal é muito pesada, 50% do preço do gasóleo é carga fiscal e 60% do preço da gasolina também.
Face a estas circunstâncias são muitos os que defendem os combustíveis low cost, como por exemplo o PCP. Mas também são muitos os que consideram que seria necessário grande investimento pois só se conseguem implementar preços baixos criando de raiz uma rede vocacionada para esse efeito.
Também a Autoridade da Concorrência é muito criticada. O facto de os preços entre bombas serem quase homogéneos e de quando os preços de petróleo baixam demorar muito mais a sentir-se do que quando aumentam são algumas das razões para a contestação. Também é difícil entender como as mesmas petrolíferas praticam preços mais caros em Portugal do que em Espanha sem impostos.
A Autoridade da Concorrência defende-se afirmando que tem limitações na análise. Não pode resolver descer os preços. Pode, eventualmente, manter alguma pressão no sentido de que não subam excessivamente. Também não podem forçar as empresas a concorrer. Mas pode e deve saber se estão a combinar e não a concorrer.
E enquanto duram todas estas discussões e incertezas, pagamos cada vez mais pelo abastecimento dos nossos automóveis.
Mariana Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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