terça-feira, 22 de março de 2011

´Out` é ´In`

Portugal foi recentemente colocado na lista dos 11 países desenvolvidos a serem ponderados para a realização de outsourcing de tecnologias de informação e processos pela Gartner, uma das principais consultoras mundiais na área de tecnologias de informação. Ficando assim, pela primeira vez, na lista dos melhores destinos mundiais.
A entrada neste ranking surge após várias acções de promoção nos mercados internacionais desenvolvida pela Associação Portugal Outsourcing e vem afirmar o potencial do nosso país para a indústria exportadora de serviços em operações de offshore (outsourcing para destinos longínquos) e nearshore (outsourcing para mercados de proximidade). Fazendo então, parte de um conjunto de países com ambiente doméstico maduro, mão-de-obra qualificada nas tecnologias de informação e processos de negócio, infra-estruturas tecnológicas robustas e legislação madura.
Porém, estes frequentemente têm uma performance desfavorável face a mercados emergentes, principalmente ao nível dos custos.
Ora, já nas novas teorias do comércio internacional podemos ver que vivemos numa era do outsourcing, onde o comércio de produtos em partes, componentes e fragmentos trazem mais benefícios que o comércio de produtos finais num ambiente em que termos como distância são cada vez menos usuais.
A associação Portugal Outsourcing reúne empresas como IBM, Siemens, HP, PT Prime, Delloite, Alcatel, entre outros associados e tem o objectivo de dinamizar o sector e transformá-lo num motor da economia nacional. Pretende também divulgar a actividade e a oferta do outsourcing em Portugal, representar o sector junto dos principais agentes, promover melhores práticas na prestação de serviços de outsourcing e dinamizar a criação de centros de competência no país.
As empresas associadas partilham o conhecimento e a experiência que vêm a adquirir ao longo da sua actividade com o intuito de aumentar o prestígio do sector para o poderem representar junto dos agentes e aumentar a qualidade dos serviços oferecidos.
Contudo, o outsourcing só por si não é garantia de benefícios, necessita de ser enquadrado nos devidos modelos e com as capacidades necessárias, pois apesar do seu alto potencial o desempenho atingindo nem sempre atinge as expectativas. Há ainda algumas questões a ter em consideração como a informação confidencial na posse do outsourcer, o contacto estabelecido entre este e os clientes, o tratamento de dados, garantias contratuais, reputação de competências, integridade e adesão de boas práticas.
Nos últimos tempos Portugal tem efectuado uma aposta no desenvolvimento de infra-estruturas e comunicações, na inovação e na investigação e desenvolvimento. No entanto, existem ainda certas barreiras, limitando a competitividade internacional do sector que se prendem com questões laborais (inadaptação das leis a um contexto internacional, falta de flexibilidade na contratação e rigidez na remuneração), fiscais (inexistência de regime específico para o outsourcing) e culturais (percepção negativa do sector entre a opinião pública).
Cabe-nos agora usufruir de características como o posicionamento geográfico na Europa e no mundo, da disponibilidade de mão-de-obra qualificada, das capacidades únicas da nossa cultura, referentemente à flexível adaptabilidade a outras culturas e línguas, dos custos competitivos face a outros mercados e da rede de comunicações, serviços e infra-estruturas, para se colocar num centro operativo.
Principalmente agora, que reduzir custos é uma das máximas do país e a Administração Pública pode reduzir a sua despesa entre 25 a 35% (dados Portugal Outsourcing).
O outsourcing gera actualmente mais de mil milhões de euros por ano, representando cerca de 0,66% do PIB português, mas estima-se que venha a representar 1,3% em seis anos, originando ganhos de produtividade anuais para a economia nacional que poderão ser superiores a 1.500 milhões de euros e as empresas acreditam que o sector pode criar até 12 mil novos empregos (parte desta gerada pela Administração Pública).
Numa altura crítica em que é crucial inovar, inventar, desenvolver, apostar, será este um dos sectores para a nossa salvação?

Marco António Carneiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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