Para José Sócrates a ideia de exportações como “tábua de salvação” da economia portuguesa parece estar bem clara, sem margem para dúvidas. E, de facto, segundo os dados do INE que apontam para um crescimento de 15,7% das exportações nominais em 2010, com as importações a crescerem apenas 10,5%, parece que a ideia de Primeiro-ministro é confirmada. Deve-se referir que estes resultados se devem fundamentalmente ao desempenho da indústria automóvel e aos produtos industriais.
Contudo, são vários os economistas que consideram esta visão como romântica, não deixando de concordar que as exportações cresceram a um ritmo recorde em 2010, mas considerando que não impedirá que Portugal volte a entrar em recessão este ano. Consideram que o “salto” de 2010 reflecte, pelo menos em parte, uma recuperação natural depois das profundas quebras em 2009.
Penso que seja quase consensual a ideia de que as exportações são o factor central para o relançamento da economia, mas o facto de pesarem relativamente pouco no produto interno (cerca e 30,5%) e ainda menos se descontarmos a componente importada (cerca de 37,7%), o seu contributo potencial fica limitado. Isto reflecte a ideia de que Portugal apesar de ser uma pequena economia aberta, continua muito dependente do mercado interno.
Considero que Portugal tem falta de apoio nomeadamente aos bens transaccionáveis. Durante muito tempo a nossa prioridade foi a aposta noutras áreas como as grandes obras públicas e não é fácil exportar auto-estradas ou pontes, por exemplo. Assim, adoptar soluções menos ortodoxas como o tratamento preferencial ao sector dos bens transaccionáveis, seria uma boa medida. “Apesar de o exterior ser crucial para Portugal, só com políticas activas será possível atingir esse objectivo” (João Ferreira do Amaral, professor do ISEG).
O tema das exportações não deve ser pensado apenas quando o pais está a atravessar uma fase difícil, quando precisa de crescimento, quando o Estado não consegue injectar dinheiro na economia ou quando os empréstimos não são fáceis. É necessário pensar de uma forma estruturante. Neste momento penso que nos estejamos a voltar para as exportações de uma maneira que não é eficaz. Falta-nos eficiência e eficácia.
O nosso mercado interno não é suficiente, temos de olhar para fora, atrair empresas que queiram fixar-se em Portugal, o que não é fácil se pensarmos que temos uma justiça injusta, um sistema demasiado burocrático, uma carga de impostos que afasta os empresários. Os salários baixos também não podem ser vistos como incentivos visto que somos considerados como um país desenvolvido.
Portugal devia encontrar o seu produto de marca que tenha valor acrescentado e nos desse a possibilidade de uma balança comercial mais favorável. Podemos pensar na Alemanha com a sua mais-valia como por exemplo, os carros Mercedes. É de uma mais-valia que Portugal precisa neste momento…
Mariana Pereira
Contudo, são vários os economistas que consideram esta visão como romântica, não deixando de concordar que as exportações cresceram a um ritmo recorde em 2010, mas considerando que não impedirá que Portugal volte a entrar em recessão este ano. Consideram que o “salto” de 2010 reflecte, pelo menos em parte, uma recuperação natural depois das profundas quebras em 2009.
Penso que seja quase consensual a ideia de que as exportações são o factor central para o relançamento da economia, mas o facto de pesarem relativamente pouco no produto interno (cerca e 30,5%) e ainda menos se descontarmos a componente importada (cerca de 37,7%), o seu contributo potencial fica limitado. Isto reflecte a ideia de que Portugal apesar de ser uma pequena economia aberta, continua muito dependente do mercado interno.
Considero que Portugal tem falta de apoio nomeadamente aos bens transaccionáveis. Durante muito tempo a nossa prioridade foi a aposta noutras áreas como as grandes obras públicas e não é fácil exportar auto-estradas ou pontes, por exemplo. Assim, adoptar soluções menos ortodoxas como o tratamento preferencial ao sector dos bens transaccionáveis, seria uma boa medida. “Apesar de o exterior ser crucial para Portugal, só com políticas activas será possível atingir esse objectivo” (João Ferreira do Amaral, professor do ISEG).
O tema das exportações não deve ser pensado apenas quando o pais está a atravessar uma fase difícil, quando precisa de crescimento, quando o Estado não consegue injectar dinheiro na economia ou quando os empréstimos não são fáceis. É necessário pensar de uma forma estruturante. Neste momento penso que nos estejamos a voltar para as exportações de uma maneira que não é eficaz. Falta-nos eficiência e eficácia.
O nosso mercado interno não é suficiente, temos de olhar para fora, atrair empresas que queiram fixar-se em Portugal, o que não é fácil se pensarmos que temos uma justiça injusta, um sistema demasiado burocrático, uma carga de impostos que afasta os empresários. Os salários baixos também não podem ser vistos como incentivos visto que somos considerados como um país desenvolvido.
Portugal devia encontrar o seu produto de marca que tenha valor acrescentado e nos desse a possibilidade de uma balança comercial mais favorável. Podemos pensar na Alemanha com a sua mais-valia como por exemplo, os carros Mercedes. É de uma mais-valia que Portugal precisa neste momento…
Mariana Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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