segunda-feira, 2 de maio de 2011

A CRISE POLÍTICA E A ENTRADA DO FMI

Muita gente já previa uma crise política no nosso País e no dia 23 de Março, quando o primeiro-ministro José Sócrates pediu a demissão (após a rejeição do PEC 4, pela oposição), instalou-se a crise política em Portugal.
De um lado, temos o Partido Socialista a dizer que o PSD criou a crise política ao chumbar o PEC; do outro lado, o Partido Social Democrata acusa o PS de ter sido o causador desta crise, pois, foi quem governou Portugal nos últimos seis anos e que a Assembleia da República não podia aprovar PEC atrás de PEC, pois, se os PEC´s são propostos é porque o Governo não sabe governar o País. Mas, sejamos sinceros…vale a pena estar a discutir quem criou a crise e quem não tem responsabilidade na mesma? O que os portugueses querem saber é como se vai ultrapassar este momento doloroso que estamos a viver!
Após a demissão do primeiro-ministro, os juros da dívida pública dispararam para um máximo histórico e, devido à situação financeira insustentável do nosso País, no dia 6 de Abril, José Sócrates anuncia apoio de ajuda externa, contrariamente ao que tinha anunciado uns dias atrás. A vinda do Fundo Monetário Internacional era inevitável e, conclui-se agora que até já veio tarde demais. O ministro das Finanças assumiu o estrangulamento financeiro do País: só há dinheiro para garantir pagamentos até Maio. Portugal vai precisar de 73,9 mil milhões de euros em apenas dois anos. Quando a Comissão Europeia, o BCE e o FMI começaram a analisar as contas nacionais, tiraram-se ilações das necessidades de financiamento de Portugal. De acordo com o “Fiscal Monitor”, um relatório do FMI que acompanha a evolução dos défices e dívidas dos vários países membros do Fundo, só este ano a economia nacional tem 21,6% do PIB hipotecados com o pagamento de dívidas. Cerca de 27,8 mil milhões de euros terão de ser entregues aos investidores para cobrir o vencimento da dívida já contraída e outros 9,7 mil milhões têm de ser gastos a financiar o défice previsto para este ano.
É, portanto, uma situação gravíssima que Portugal tem de resolver, com o apoio externo, que irá trazer muitos sacrifícios e dificuldades aos Portugueses. (Pode haver despedimentos e redução de prestações sociais, como o subsidio de desemprego e pensões, assim como redução de salários). Há quem seja muito pessimista em relação ao futuro do nosso País, também pela desilusão crescente em relação aos políticos que nos governam. Ouve-se muita gente a dizer que os políticos são todos iguais e que não pensam em exercer o direito de voto no próximo dia 5 de Junho. Ora, se o povo está descontente com a situação em que se encontra Portugal, vai deixar que os outros decidam por si? Temos de ser um povo confiante, irreverente, com pensamento crítico e positivo, pois, se nós não acreditarmos, quem vai acreditar?
Todos nós sabemos que há políticos incompetentes e muitos até oportunistas. E devido à grave situação de Portugal, creio que o próximo Governo deva juntar personalidades fortes, de diferentes partidos (ou seja, por coligação partidária), ou independentes, com competência profissional já demonstrada, pois, assim teremos um Governo mais credível, sem olhar aos interesses próprios, capaz de resolver os graves problemas do País e que tenham como único objectivo salvar Portugal e fazê-lo crescer. Vamos acreditar!

Hugo Sardinha

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: