Todos nós sabemos que a educação é um mecanismo gerador de desigualdade salarial. Em Portugal, o atraso na evolução educacional mostrou-se evidente quando comparado com outros países. Podemos observar uma diminuição nas passagens do ensino secundário para o ensino superior, mas, no entanto, passa a haver uma contradição quando vemos que a população qualificada (com ensino superior) tem aumentado, e que em vez deste facto ajudar no crescimento económico, é-nos apresentada uma taxa de desemprego crescente.
Em 2004, vimos ser implementado um novo sistema de ensino (Novas Oportunidades) para que pessoas que tinham abandonado a escola voltassem a estudar e através da experiencia de vida, elevassem o seu nível de ensino. No entanto são apresentadas várias falhas a este programa: demasiado tempo de espera; horários difíceis de compatibilizar com a vida pessoal e o pouco impacto a nível profissional. Se pensarmos, seria frustrante para um jovem estudante que está a completar o ensino secundário pelo sistema de ensino normal, ser comparado a um adulto que esteja nas Novas Oportunidades. O esforço não é o mesmo, e apesar de a experiência de vida ser um trunfo os conteúdos programáticos não são os mesmos e a exigência continua a ser maior no ensino normal. Na minha opinião, esta hipótese de voltar aos estudos deve ser vista como uma realização pessoal e um objectivo de vida, mas não como uma maneira de progredir profissionalmente. Segundo alguns estudos, a nível social, este modelo de ensino foi visto como uma ajuda para a auto-estima. A nível governamental, terá sido uma ajuda para que as estatísticas, de pessoal qualificado em Portugal, aumentassem em relação à média europeia. Acredito, que este programa, no entanto, seja positivo para o desenvolvimento do país.
A educação é tida como um investimento no ser humano. Podemos considerar como bem de consumo, na medida em que é intelectualmente estimulante e recompensadora. No entanto, se virmos como uma forma de adquirir benefícios futuros, pode ser considerado um bem de capital! No entanto todos sabemos, que com a idade há alguns conhecimentos que se vão perdendo, e penso que seja importante, para qualquer pessoa, ir investindo ao longo da vida na sua educação. Contudo, penso que não será só o indivíduo a ganhar com estes investimentos pessoais na sua educação. Se considerarmos, os gastos e os benefícios para uma sociedade, é verdade que a sociedade despende muitos meios para uma pessoa poder estudar, mas também é verdade que o nível de qualificação mais alto que esta irá adquirir vai elevar o potencial da sociedade e pode até alterar a estrutura do mercado de trabalho.
Falando ainda da componente psicológica, está provado que em muitos casos o apoio familiar e o exemplo dos próprios filhos, levam a que os indivíduos dêem continuidade à sua formação.
Para concluir: a educação e a formação profissional são metas importantes na vida de uma pessoa que quer ingressar no mercado de trabalho. Mesmo quando pensamos que há empregos em que não é preciso de grande formação, acho que é um erro, pois todas as áreas (sejam mais fáceis ou mais difíceis) necessitam de alguém capaz para as desempenhar. Podemos não precisar dum trabalhador com o ensino superior, mas precisamos certamente de alguém que tenha formação específica na área. A educação influencia o nosso emprego e a nossa carreira até a reforma. No entanto, se não for esse o estímulo para que continuemos sempre com sede de saber mais, pelo menos que seja para elevar a nossa auto-estima e para realização pessoal.
Joana Dias
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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