O futuro está em tudo que é novo. É preciso ideias, criatividade e inovar. Segundo Joseph Schumpeter, um importante economista no séc. XX considerado por muitos o "pai" da inovação, a razão para que uma qualquer economia se desloque de um estado de equilíbrio para um processo de expansão é o surgimento da inovação. Assim, a inovação é uma consequência da economia e da sociedade. Todos os dias as pessoas inovam para evitar rotinas, todos os dias as empresas inovam para obterem mais lucros…a inovação deve ser vista como um ponto de partida e Portugal é um exemplo disso.
Em 2005, foi aprovado pelo Conselho de Ministros um plano tecnológico em que o objectivo era "a aplicação duma estratégia de crescimento e competitividade baseada no conhecimento, na tecnologia e na inovação." Nessa altura Portugal encontrava-se no fundo da tabela do “ranking” europeu da inovação. No entanto, os últimos resultados relativos a 2010 são surpreendentes. Sim, finalmente algo positivo! Portugal é o país que mais cresceu na performance da inovação: subimos sete posições alcançado o 15º lugar no “ranking” no contexto da UE27, liderando o grupo dos "Inovadores Moderados" constituído por países como Itália, Grécia e Espanha. Entre 2005 e 2010 crescemos em média 8,35% acima da média europeia.
Em 2010, foi lançado o programa Estratégia Europa 2020 relativo à UE que visa assegurar a saída da crise e a expansão da economia. Um dos objectivos deste programa é alcançar a percentagem de 3% de PIB consagrado à I&D. Actualmente, esta percentagem é de 2% para a UE. Comparando com outras economias mundiais, não é suficiente dado que os EUA e o Japão investem 2,8% e 3,4% do PIB em I&D, respectivamente. J.M. Barroso, Presidente da Comissão Europeia, referiu na sua apresentação ao Conselho Europeu que “a UE está a perder progressivamente terreno neste domínio” – há escassez de financiamento, falta de harmonização fiscal e legal, o processo de adopção de normas é lento, erros nos sistemas de educação e inovação, entre outros problemas que devem ser ultrapassados até 2020. A UE tem de se unir definindo um orçamento virado para o futuro com maior acompanhamento e orientação dos países.
Assim, Portugal definiu o Programa Nacional de Reformas 2020 que se baseia em cinco metas principais: a nível da I&D investir entre 2,7% e 3,3% do PIB em I&D; a nível da educação reduzir para 10% a taxa de saída precoce do ensino e o aumento para 40% de jovens com diplomas entre os 30 e os 34 anos; a nível de clima/energia o objectivo é que 31% da electricidade consumida seja produzida com recurso a fontes endógenas e renováveis, o aumento da eficiência energética em 20% e a redução das emissões de gases com efeito de estufa ao nível europeu em 20%; a nível de emprego atingir a taxa de emprego de 75% para a população entre os 30 e os 64 anos; e, por fim, a nível de pobreza e desigualdades, reduzir o número de pessoas pobres (menos 200 mil). A partir destas metas, Portugal tomou medidas e estas já obtiveram resultados a nível da inovação. Segundo o Governo, o crescimento "a um ritmo quase 10 vezes superior ao da média da UE27", é consequência de um aumento das despesas das empresas em I&D, do aumento do número de jovens que concluem o ensino obrigatório bem como um crescimento da despesa pública com inovação e universidades acima da média europeia - Portugal regista o 3º melhor desempenho da Europa no número de doutorados com idades entre 25 e 34 anos.
Um estudo levado a cabo pela Alma Consulting veio confirmar que 61% das empresas portuguesas inquiridas consideraram que a inovação é a primeira prioridade estratégica para sair da crise - criar mais competitividade entre empresas nacionais e internacionais, criar mais postos de emprego e aumentar as exportações valorizando os produtos nacionais são exemplos de resultados da inovação que levam a um crescimento sustentável da economia.
No entanto, dado o actual contexto negativo de crise e a entrada do FMI em Portugal, é de esperar que o investimento em I&D não seja uma prioridade máxima. Investimento na educação, no sector da tecnologia, na saúde e também investimento por parte das empresas, neste momento é quase impossível se queremos reduzir o défice orçamental. Cortes, despedimentos e reduções são as palavras de ordem para Portugal. Mesmo não sendo uma prioridade, Portugal deve olhar para o futuro e continuar neste caminho no que toca à inovação para que possamos ultrapassar toda esta situação de crise que vivemos e para que sejamos vistos como um país inovador e não da “idade da pedra”.
Filipa Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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