Num país como o nosso, em que se perde demasiado tempo com guerras e interesses partidários, não é surpresa nenhuma que o seu povo não esteja unido em volta de um só objectivo: o bem da nação, o bem de Portugal.
É certo que o estado em que o nosso Estado se encontra económica e socialmente não se explica somente de politiquices, mas qualquer pessoa com visão crítica saberá constatar e admitir que em muito contribuíram para esta situação, principalmente nos últimos anos.
É um facto que o nosso país já não pode viver somente dos 3F’s – Família, Fado e Futebol – mas será que nestes tempos difíceis deveremos investir em grandes obras públicas? Ora, é aqui que tem havido grandes guerras partidárias, senão vejamos:
- O famoso novo aeroporto de Lisboa que seria construído na OTA, “jamé” em Alcochete. Numa fase posterior já seria em Alcochete e neste momento já não parece ser em lado nenhum. Passou de prioridade a desnecessário;
- O mesmo acontece com o TGV, Comboio de Alta Velocidade, que no inicio era visto como uma pedra essencial para a construção de um “Portugal Europeu” mas que parece também ele já ter ficado pelo caminho.
Onde eu quero chegar? O debate destas obras devia ser feito tendo em conta os interesses de 10 milhões de portugueses, e não somente dos 230 deputados que constituem a Assembleia da República e que actuam consoante a sua cor partidária.
Estas grandes obras públicas tem que ser vistas como o passo que vai fazer Portugal arrancar da recessão, ou pelo contrário irá afundar ainda mais o país? Note-se que o investimento do TGV, Lisboa - Madrid, está estimado em 2.400 milhões de euros e as previsões apontam para 5 milhões de passageiros/ano, dinamizando assim em grande escala o Turismo Português. O problema reside no facto de actualmente, através de voos low-cost, se comprarem viagens Lisboa - Madrid a preços incrivelmente baixos, desde 15 euros. Os transportes low-cost têm ganho cada vez mais adeptos e são o futuro.
Ainda que parte destes investimentos sejam feitos com fundos privados e de parcerias público-privadas, a solução ou alternativa poderia passar por fazer uso dos aeroportos de Beja e de Alverca, ou a base de Alcochete para as companhias de baixo-custo, complementando assim o aeroporto da Portela.
A crise económica em que Portugal mergulhou é em grande margem explicada pelos mercados internacionais, mas a situação social, pelo menos a meu ver, não. Esta desconfiança nos nossos representantes, total em alguns sectores da nossa população, tem vindo a alastrar e começa a eliminar as hipóteses de coesão que necessitamos para ultrapassarmos este mau momento, que é agravado pelas crescentes desigualdades sociais e aumento do fosso entre ricos e pobres.
Mas nem tudo tem que ser visto como mau. Esta crise social pode servir como uma base de reflexão ou ate mesmo de revolução. Penso que o crescimento e a prosperidade, neste momento, estão dependentes da união do nosso povo e passarmos de um mero grupo de pessoas para uma comunidade, sendo esta “um grupo territorial de indivíduos com relações recíprocas, que servem de meios comuns para lograr fins comuns”
Carlos André Marques
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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