quinta-feira, 26 de maio de 2011

O rumo português

As eleições legislativas de 5 de Junho estão a aproximar-se, e com elas a incerteza portuguesa. Até aqui, as casas dos portugueses foram invadidas todas as noites com debates políticos, sendo o último, antes do início da campanha eleitoral, assinalado com a presença de argumentos e contra argumentos entre os dois principais candidatos ao cargo de Primeiro-Ministro. De facto, aquilo que deveria ser uma discussão sobre propostas e planos de melhoria na, possível, ocupação do cargo, passou por ser uma "conversa" irónica, com acusações, ataques e muitos argumentos, falhados na maioria dos casos, entre os participantes.
Os portugueses têm pela frente o poder de decidir quem governará nos próximos 4 anos. Certamente uma escolha difícil, se tivermos em conta o histórico político português, que acompanhado pelos efeitos adversos das crises, sim porque Portugal não foi atingido apenas pela crise financeira de 2007, mas também pela crise da dívida soberana, cuja responsabilidade recai em parte no Governo actual, e pela mais recente crise política. No dia 5 de Junho a escolha cairá, com certeza, nos dois principais candidatos, e é neste sentido que falo em escolha difícil, por um lado porque ao longo de seis anos, o actual Primeiro-Ministro mostrou-se irredutível nas suas escolhas e inábil no planeamento de políticas suficientemente sólidas para promover o que faltava ao país: competitividade e crescimento. É, claro, importante, alguém que seja inflexível em algumas decisões, mas não naquelas que, certamente, não faziam o país mudar de rumo. Por outro lado, a falta de experiência no mundo político do líder do partido da oposição com crescente ambição de chegar ao poder.
Com qualquer um dos dois, é transparente a certeza que os próximos anos serão difíceis tanto para o país como para os portugueses. O défice é ainda muito elevado e a economia portuguesa contrairá e entrará em recessão. Avizinha-se um período complicado e de sacrifícios, que certamente será mais longo do que o esperado, pois é neste que os portugueses começarão a pagar a factura do empréstimo. Acresce ainda o dever de reduzir o défice sem prejudicar a competitividade do país e fomentar e repor a confiança nos mercados e nos investidores, pois Portugal só recuperará economicamente quando começar a crescer, e para crescer temos de nos tornar atractivos aos olhos dos países e, consequentemente, competitivos face aos mesmos. Precisamos de um Governo forte e capaz, que tenha a consciência de que acima dos interesses políticos, estão os interesses nacionais.

Ângela Rodrigues

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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