sábado, 28 de maio de 2011

A “banda desenhada” da economia portuguesa

Provavelmente devido à minha falta de criatividade e perícia para a arte de desenhar é que este artigo de opinião não é uma banda desenhada sobre a situação política e económica portuguesa.
E perguntam vocês, que estão a ler este artigo: porque é que a situação económica e politica portuguesa daria uma banda desenhada?
Porque Portugal parece Patapôlis.
José Sócrates é representado pelo próprio Tio Patinhas e Pedro Passos Coelho pelo seu arqui-inimigo Patacôncio. Todos os episódios (leia-se, dias) assiste-se a disputas (leia-se debates) para se encontrar quem é o mais rico e influente em Patapôlis; ou seja, quem tem maior ou menor razão, menor ou maior culpa sobre a péssima situação económica portuguesa.
176-671, 176-761, 176-176, mais conhecidos por irmãos metralhas estão representados pelos restantes líderes da oposição, Jerónimo de Sousa, Francisco Louça e Paulo Portas. Enquanto os seus actos frustrados em busca da fortuna do Tio Patinhas são os ataques constantes e muitas vezes infundados contra o governo.
Assim se vai indo, as vezes surgem episódios novos, que mais não são do que situações diferentes que nos levam sempre à mesma cena inicial. Às vezes, surgem nos livros personagens diferentes com o objectivo de quebrar a monotonia e revitalizar o humor; às vezes, surgia na Assembleia da República, Manuel Pinho.
Criados a partir da genialidade de Carl Barks, estas personagens não são nada mais do que o espelho da ganância e inveja humana; originados e educados nos seios de associações de juventude política, estes políticos são meramente o reflexo destas personagens, o que interessa é estar no governo e ter a maioria da assembleia. O bem-estar do país? Nem por isso. Afinal de contas só estamos a atravessar uma crise financeira, económica, social e política; a despesa pública é só 51% do PIB (2009); a dívida pública é só 80% do PIB (2010); a taxa de desemprego é só 11,1% e é somente a terceira vez que somos resgatados pelo FMI. Parece que não faltam motivos para nos orgulhamos.
Voltando a umas das comparações mais ridículas e acertadas que fiz em toda a minha vida, tenho a dizer que espero que o novo governo português faça como a Disney, que quando a procura das bandas desenhadas começaram a cair, não se limitou a subir o preço das edições mas entrou noutros sectores, como o cinema, para manter e subir os lucros; portanto, seria bom que o estado não se limitasse a subir os impostos e a descer os salários, mas também encontrasse soluções para a nossa falta de competitividade e produtividade.
Para finalizar, e como estamos prestes a ir às urnas para eleger um novo governo, digo que talvez seria bom para o país algo que aconteceu num dos episódios da banda desenhada, onde o Tio Patinhas cede toda a sua fortuna aos seus inimigos para eles terem a ideia de como é difícil gerir e proteger tal fortuna. Tal facto, poderia acontecer dia 5 de Junho, e José Sócrates e o seu partido dariam lugar a alguém (espera-se) com mais capacidades governativas; mas se isso se concretizar seria bom não acabar como na banda desenhada, onde os adversários do Tio patinhas cedem à pressão de gerir tal fortuna e acabam por desistir do poder que tinham, o que poderia acontecer era o governo que subisse ao poder, governar por bastantes anos sempre com prosperidade económica e social.

Pedro Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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