O crescimento de 0,8% da Zona Euro no 1º trimestre deste ano constitui um excelente resultado, tendo trazido um alívio às preocupações e instabilidade observados no mercado actual. O registo foi maior ao das expectativas (0,6%) e na generalidade as economias ultrapassou as previsões, acelerando o crescimento, sendo Portugal o único país onde se verificou uma contracção. A queda de 0,7% adicionada ao recuo de 0,6% entre Outubro e Dezembro de 2010, colocou a economia portuguesa em recessão técnica.
O crescimento da Zona Euro é um dado positivo para a conjuntura mundial apesar dos dados para a produção industrial não serem tão animadores, sugerindo alguma desaceleração da actividade. Estas preocupações surgem no mês de Maio e que tem revelado alguma volatilidade em diversos mercados. Na primeira semana assistimos a uma queda no mercado das “commodities”, o preço do petróleo caiu cerca de 15% no mercado norte-americano, o preço do cobre e alumínio desceram entre 5% e 6%, nos metais preciosos a prata recuou cerca de 26% e o ouro mais de 4%. Nos bens agrícolas, a cotação do milho contraiu-se acima de 9% e a do arroz quase 5%.
Verificou-se também um movimento de igual sentido, mas menos intenso, nos mercados accionistas. Também os principais índices dos EUA apresentaram correcções, aumentando a trajectória descendente iniciada em meados de Abril. A divisa norte- americana regressou a um percurso de apreciação, não só contra o euro (2,9%), mas em termos de taxa de câmbio efectiva (2.6%) e as taxas de juro da dívida pública norte-americana caíram em todos os prazos.
Em suma, observamos uma deterioração do sentimento dos mercados, o que leva os investidores a abandonarem posições de maior risco (“commodities” e acções) e a assumirem posições tradicionais e, como tal, mais seguras (obrigações da dívida norte-americana, dólar).
A razão deste comportamento está assente em duas causas. Primeiro devido aos receios de abrandamento da actividade mundial e em segundo pela queda do dólar e forte crescimento que consequentemente subiram os preços dos bens alimentares que têm um forte impacto nas economias emergentes.
É por isto que as autoridades destas economias têm adoptado políticas monetárias e orçamentais mais restritivas, para conterem as pressões da inflação.
Nos EUA, o crescimento do 1º trimestre deste ano revelou-se uma decepção face às expectativas do início do ano. No reino Unido verifica-se uma elevada inflação e um fraco desempenho do PIB. O sismo no Japão alterou cadeias de produção industrial no país e também a nível internacional o que diminuiu a procura de matéria primas e o fecho de algumas fábricas mesmo que a nível temporário elevando os pedidos de subsídio de desemprego.
Mesmo com o forte crescimento da Zona Euro, o BCE quer elevar os juros de referência o que se vai traduzir negativamente no desempenho da região que está também marcada por políticas orçamentais mais restritivas com uma tendência de “desalavancagem”.
Mariana Machado
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário