sábado, 30 de novembro de 2013

Dan Ariely: «As pessoas comportam-se de uma forma irracional na economia»

Em todos os modelos económicos que estudei durante esta licenciatura assumimos sempre que os agentes económicos são “racionais”, talvez numa tentativa de simplificar os modelos e de os tornar mais simples e mais resolúveis. Mas esta excessiva simplificação pode levar a que os resultados não retratem minimamente a realidade e que, portanto, não tenham utilidade prática, isto se os pressupostos que assumimos nos modelos estiverem errados. Neste texto, vou analisar a hipótese da racionalidade dos agentes económicos.
Em primeiro lugar, convém dar uma definição do que é ser-se “racional” em sentido económico: «significa que temos uma capacidade infinita de pensar; pensamos no futuro, consideramos todas as opções e depois tomamos sempre, sempre as decisões certas.» Será que as pessoas têm comportamentos racionais? Como em muitos outros tópicos em Economia, esta pergunta não gera consenso. O autor que eu cito neste texto defende que não e argumenta «as pessoas não têm uma capacidade infinita para pensar. Não pensamos no futuro de todas as formas racionais possíveis». Efetivamente, eu acho que todos concordamos que as pessoas não são perfeitamente racionais como supomos nos modelos económicos. É impossível examinar uma infinidade de hipóteses e escolher a que é a melhor para nós. Todas as pessoas são humanas e por isso têm limitações. Agora, o ponto de discórdia é saber quão longe é que estamos desses agentes económicos perfeitamente racionais. Para isso, vou analisar algumas decisões com que nos enfrentamos no dia-a-dia.
Um dos problemas é que os consumidores dão demasiada importância ao presente, à satisfação no momento, em detrimento do futuro. Nós vemos isso quando as pessoas dizem que “vão fazer dieta a partir de amanhã”, “vão começar a ir ao ginásio amanhã”, “vão deixar os trabalhos que têm para fazer para outro dia”. Isto não é mais do que passar as obrigações do presente para o futuro ou, posto de outra forma, damos mais valor à utilidade no presente do que à utilidade no futuro. O mesmo acontece com as decisões económicas: a poupança é pequena porque os consumidores preferem comprar hoje em vez de comprar amanhã (mesmo com juros); nas lojas, se virmos alguma coisa que gostemos, temos sempre tendência para comprar no momento se tivermos dinheiro em vez de comprar no futuro, porque a satisfação no presente tem mais valor no momento da decisão.
Outro argumento forte que sustenta a irracionalidade dos agentes económicos é a fraqueza humana. Como já disse, os seres humanos não são perfeitos, erram, têm defeitos e vícios que não controlam e, por vezes, isso prevalece no seu comportamento. Um bom exemplo é fumar, que vicia os consumidores e manipula o seu consumo ao causar dependência. Outro exemplo são os impulsos irracionais consumistas que todos temos quando vamos a um centro comercial, ou por causa da decoração, ou da música, ou das cores. Sem darmos por isso, somos apanhados num ambiente tal em que perdemos o controlo dos nossos sentidos e damos por nós a comprar objetos sem pensar, sem qualquer tipo de racionalidade.
Estes dois argumentos serviram para fundamentar a teoria do autor Dan Ariely, que defende que as pessoas não têm comportamentos racionais. Assumindo a outra perspectiva, se considerarmos que os agentes económicos são racionais, então a única preocupação do regulador deve ser a informação, porque se um consumidor estiver bem informado então ele vai tomar a melhor decisão possível. A principal diferença entre estas duas perspectivas é exatamente esta: será que os agentes económicos, estando bem informados, tomam as melhores decisões para eles?
Eu acho que não, que os consumidores não defendem bem os seus interesses e que portanto necessitam de uma entidade superior (o Estado) que regule o seu comportamento, e isso já acontece atualmente com a proibição de fumar em espaços fechados, porque se não existisse essa lei os fumadores prejudicariam a saúde dos demais. Outro exemplo prende-se com o facto da limitação da velocidade nas estradas. Efetivamente, se não houvesse controlo por parte das autoridades, os condutores não moderariam a sua velocidade, o que poderia dar aso a situações de elevado grau de risco para os mesmos. O Estado deve assumir uma atitude paternalista para regular o comportamento dos cidadãos, de modo a defender os seus próprios interesses.

Rui Vasco Rodrigues Ramos

Fonte: http://www.publico.pt/economia/noticia/as-pessoas-comportamse-de-uma-forma-irracional-na-economia-1612878

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

FALHAS E RISCOS DO MERCADO AUTO-REGULADO

O modo como opera o sistema financeiro constitui-se como um dos maiores pilares do desenvolvimento económico da sociedade. Por um lado, temos projectos de investimento por parte das empresas que necessitam de recursos económicos, por outro, temos as famílias que, mediadas pelas instituições financeiras, afectam parte do seu rendimento disponível, a poupança, para estes mesmos projectos. Contudo, esta forma de operar, que coordena e organiza a sociedade num processo de entreajuda, assenta num requisito precioso: a confiança. Referindo Fernando Alexandre et al., no seu livro “A crise financeira internacional”, a confiança é um requisito necessário para o funcionamento dos mercados financeiros, constituindo-se como principal activo das instituições financeiras.
A importância que este activo, a confiança, tem nos mercados financeiros torna-se bem evidente na história passada e recente. As crises financeiras de 1929 e 2008 foram sobretudo resultado de, numa fase inicial, um excesso de confiança por parte dos agentes económicos e, numa fase posterior, de um abalo dessa mesma confiança.
A forma como se gere essa confiança é a que nos conduz ao debate em torno da regulação ou de auto-regulação, que voltou à agenda política e económica. Na verdade, existem duas visões acerca do mercado financeiro: a de um mercado auto-regulado, que defende uma intervenção mínima por parte do Estado; e a de um mercado que privilegia uma intervenção intensa de regulação e supervisão das instituição financeiras.
A questão em torno do ponto óptimo de regulação de supervisão deve ter em conta que, por um lado, este deve procurar evitar a ineficiência associada ao controlo excessivo, e, por outro, deve evitar o comportamento selvagem de um mercado auto-regulado. Desta forma urge a importância de compreender as principais falhas e riscos do mercado auto-regulado, de modo a perceber onde se pode e deve actuar:
O risco sistemático, o risco da ocorrência de um evento não antecipado, afigura-se como sendo um dos principais riscos a ter em conta. Um choque, como o que assistimos com a falência do Lehman Brothers, poderá abalar o sistema financeiro e depressa ceifar parte da confiança dos agentes económicos. Torna-se pois importante um papel activo por parte das instituições na prevenção deste risco sistemático e na intervenção imediata de forma a conter o efeito bola de neve do mesmo na economia real.
A assimetria de informação assume-se como outra das falhas associadas ao mercado financeiro. Na verdade, as empresas dispõem de muita mais informação quanto à disponibilidade de pagar de volta do que os investidores e, para além do mais, existem agentes muito mais bem posicionados, com informação privilegiada, o que distorce completamente o mercado. Informação credível e clara deverá ser um objetivo essencial na supervisão destes mercados com o propósito de defender os investidores.
Por fim, é importante ter em conta o perigo do surgimento de bolhas especulativas, alimentadas sobretudo com recurso à divida, que se constituiu como o principal detonador do crash da bolsa de 1929 e da crise financeira recente.
A existência destas falhas e riscos justifica, sem sombra de dúvida, a participação activa de agentes reguladores e de supervisão independentes ao mercado financeiro. A verdade é que a intervenção por parte das instituições tem sido escassa e ténue neste papel de “controlo” do mercado, como ficou provado com a crise que se iniciou em 2008. Mesmo com a recente experiência, tem existido falta de vontade política de tomar decisões que apontem para uma maior intervenção no mercado financeiro. Não deveremos fazer vista grossa aos acontecimentos passados. Espera-se que o debate se intensifique em torno da regulação e supervisão e se tomem medidas concretas no sentido de uma maior intervenção no mercado financeiro.

Hélder Gaspar Gonçalves Miranda

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Romania GDP & Unemployment rate.

With an area of 238,400 km2, Romania is the twelfth largest country in Europe. Located at the intersection of Central and Southeastern Europe, bordering the Black Sea. Romania has 3,195 kilometers of border. Republic of Moldova lies to the east, Bulgaria lies to the south, and Serbia and Hungary to the west. In the southeast, 245 kilometers of sea coastline provide an important outlet to the Mediterranean Sea and the Atlantic Ocean. And its estimated population is almost 22 milion people.
Romania, which joined the European Union on 1 January 2007, began the transition from Communism in 1989, with a largely obsolete industrial base and a pattern of output unsuited to the country's needs. The country emerged in 2000 from a punishing three-year recession thanks to strong demand in EU export markets. Domestic consumption and investment fueled strong GDP growth, but led to large current account imbalances. Romania's macroeconomic gains have only recently started to spur creation of a middle class and to address Romania's widespread poverty.
Corruption and red tape continue to permeate its business environment. Inflation rose in 2007-08, driven by strong consumer demand and high wage growth, rising energy costs, a nation-wide drought, and a relaxation of fiscal discipline. As a result of the global financial crisis, Romania's GDP fell more than 7% in 2009, prompting Bucharest to seek a $26 billion emergency assistance package from the IMF, the EU, and other international lenders. Drastic austerity measures, as part of Romania's IMF-led agreement, led to a 1.6% GDP contraction in 2010. The economy returned to positive growth in 2011 due to a strong export performance, but in a deflationary environment caused by bountiful crops and weak domestic demand. In March 2011, Romania and the IMF/EU/World Bank signed a 24-month precautionary stand-by agreement, worthing $6.6 billion, to promote compliance with fiscal targets, progress on structural reforms, and financial sector stability. The Romanian authorities have announced that they do not intend to draw funds from the facility. Growth slowed to less than 1% in 2012.
GDP
Composition by structure (2011, est.):
Agriculture 7.9%
Industry 32.9%
Services 59.2%
The evolution of the Romanian economy over the past decade indicates an emerging economy that went through a phase of overheating, but now recovering, with a services sector which is still below the EU average and where low value sectors, such as agriculture, are now replaced by sectors with higher added value, which is beneficial and contribute to the real convergence criteria for the euro.
Industry increased its contribution to GDP in the last five years due to exports, after a decline in 2003-2008. Large share of the industry reflects the existence of cheap and skilled workforce that has attracted some manufacturers from developed countries. On the other way, services were rising in 2003-2008, but they have reduced their contribution to GDP during the financial crisis, although they represent the highest share of the Romanian GDP, over 50%. The share of construction in GDP has risen sharply in the years before the crisis, but this sector has been hit by the recession, contributing to economic growth decline in the last years, around 8.6%
Agriculture has continually reduced its share of GDP: from 11% in 2003 to 6.6% in 2008 and 5.3% in 2012.  Romania remains one of the EU countries with the highest share of agriculture in GDP, even though the agricultural gross value is low compared to other EU economies.
In the years preceding the crisis, economic growth was based mainly on consumption, share of services sector in GDP and the growth of construction sector, while the contribution of industry and agriculture has been declining.
In the coming years, amid slowing economic recovery and fiscal consolidation in Europe, we should see a return to the convergence mainly to support an increase in the relative importance of the service sector, a sector whose share is about 70% in European Union.
Unemployment rate
In Romania, the unemployment rate was at the level of 6.70% at the end of 2012. In all developed countries the number of unemployed young people aged between 15 and 24 years old is growing. Most of the unemployed are young people aged between 15 and 24 years. In this age group, the unemployment rate exceeds 22%. The causes of youth unemployment are often the same as unemployment causes in general. But there are specific elements that influence the share of young unemployed in the total number of people without a job, namely:
1. lack of qualification.  The fact that the training structure does not comply with the employment structure makes the educational system unable to offer the new graduates a training that will allow them to rapidly adapt to the new requirements. Youth people without skills is very hard to be employed, because in these difficult economic times companies want to invest as less as possible in the youth’s development. At this time, many young people are unemployed because of the crisis. Companies prefer, due to the lack of money, to hire people with experience, even when they need to increase their workforce;
2. the slow development of the private sector;
3. the consolidation of the quasi-monopoly of some companies which has as consequence  the non-flexibility of the work-market;
4. the deepening of the tendencies of divisioning and specialization, of forming some  groups and non-competing socio-professional categories as a result of the multiplication  of the specializations and of the differences between the employers from the point of view of practice, skills, adapting capacity.
However, we can say that that there are also a few causes of unemployment that are not determined by the above mentioned characteristics and which can be found in Romania’s economy. These causes are:
·      the natural selection;
·      psychology;
·    the changes in the economic structure and the employees’ difficulties to adapt    themselves to these changes;
·      the people’s will and behaviour;
·      the technical progress;
·  the budgetary expenses for “social protection” or “transfer payments”    (unemployment benefit, poverty benefit, etc.);
·      the laziness and the individual’s failures;
·      the political system.
Another major cause that generates and keeps the high rates of unemployment in our country is the volume of the heavy imports of products, which can be official and “unofficial”. The “unofficial” imports of products, the fact that national persons are bringing to the country products, led to the production decrease in our country after 1989 because the respective products were sold at lower prices than the similar products in Romania. This situation lasted a long period of time and made our country addicted to from the point of view of the supply with production factors. The heavy imports deteriorated the commercial balance and, therefore, the payment balance which created places of employment for the national economy and not for the foreign economies, which generated the increase of the unemployment.

Gabriel Stoica

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Emigration in Lithuania

After Lithuania joined the EU and free migration of people became legal, the extent of emigration rate in the country increased particularly. This resulted from the opportunity to migrate freely and obvious differences in economic conditions between the developed European countries and Lithuania. It is not difficult to understand the willingness of people to earn more money and live better, however this target cannot be absolute. The State has to create favorable conditions for its citizens to have appropriate income to live with dignity, to maintain their family in the country and not going abroad for this reason.
However, emigration especially increased during the 2008-2009 global economic crisis. In 2010, 83 thousand people left Lithuania, which was 4 times higher than the previous year. Based on evaluation of experts, during the 22 years of independence about 30% of population left Lithuania and that mainly concerned youth and qualified specialists. The shortage of jobs, low salary, disappointing opportunities of self-realisation and career, ineffective science and education system are the main reasons of emigration from Lithuania. The increasing scale of emigration creates dangerous demographic, economic and social consequences for Lithuania.
Decreasing population number can be emphasized as one of the essential problems of emigration. Intensive migration processes greatly influence changes of ethnic structure of the inhabitants. Possibility of de-nationalisation is often identified as a problem. As far as partial migration is concerned, where one or both parents go to work abroad and the family remains in Lithuania, the social capital of Lithuania, the family, is weakened. The conception of family as a value and the sense of family stability weakens.
Illegal migration also causes many problems. Two major categories of such problems
are the flow of illegal migrants to/through Lithuania and illegal migration of Lithuanians to other countries. When the extent of illegal migration is large, women’s trafficking tends to increase. On the other hand, women’s trafficking is encouraged by material deficiency, unemployment, flaws of the social support system and lack of knowledge about this problem. Unless the mindset of people about migration and economic conditions in the country changes, it is likely that women trafficking will remain a prevalent problem in Lithuania in the near future.
     One more major problem is the loss of young people. This fact may have very severe consequences in the near future because it will change the demographic structure of the society, i.e., only geriatric people will stay, birth rate and family development will diminish, also labour power will decrease and it will be necessary to compensate it by importing people from the Third World countries. While liberalisation processes of the international labour market are in progress, Lithuania encounters not only emigration but also a very relevant “brain drain” problem. This is about specialists of various fields that are unable to find work environment where they could self-actualise. Therefore, they leave the country and the Lithuanian intellectual capital diminishes, accordingly.
      General standard of living and resolution of socio-economic problems of the country depend particularly on the effective use of that the most productive part of the society. After creating a well-planned national strategy, educated Lithuanian scientists in the West could and should become one of the driving forces of restoring and developing the Lithuanian science.
     The reason of brain drain is not only the general economic lag of Lithuania. Brain drain is also encouraged by the flaws of the Lithuanian science and education systems, their severe and long-lasting problems. Analyses conducted by the World Bank show that Lithuania is among the countries with the least science production and innovations, even compared to Central and Eastern European countries. One of the most important factors leading to brain drain is the position of the Lithuanian Government towards education. Investments in education are ineffective. According to the data of Eurostat, financing of one student expressed in terms of purchasing power standards in Lithuania is 8 times lower than in Sweden, and 5 times lower than in Germany. According to this data, Lithuania leads against Latvia and Bulgaria, is relatively at the same level as Poland, and is lagging far behind from the Czech Republic and Estonia. Also, the financing condition of students is poor. However, in recent years, financing has increased. In this regard we are among the EU leaders. However, study quality depends on education level. Education financing in Lithuania increases very insignificantly.
     Considering this data, we can conclude that governmental financing is not sufficient and Lithuania has a flawed system of distributing money for studies. Another important factor leading to brain drain is low level of education and international acknowledgement. According to various researches, the best college/ university seniors are not satisfied with the quality of education of Lithuania.
      After summarising the problems of emigration (decrease in population, deformation of age structure, lack of labour power, possibility of de-nationalisation, consequences of social migration, especially for family, children, brain drain, human trafficking, illegal migration) encountered by Lithuania, it can be stated that the problem of emigration is associated with socio-economic situation in Lithuania and this problem should be solved at national level.
      Emigration is a serious problem in Lithuania; however, Lithuanian institutions do not pay too much attention to the issue. So far, Lithuania has no strategies or programmes implemented to reduce the amount of emigration and this problem in Lithuania has no adequate solution.

Agne Sipaviciute 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Transmissão intergeracional da pobreza em Portugal

Quando estudamos uma transmissão intergeracional da pobreza, a noção de pais ultrapassa, neste caso, a existência de uma relação biológica ou de adopção legal, questionando-se o indivíduo sobre a pessoa/pessoas, a quem este atribuía a figura parental, no período de referência.
 A pobreza, enquanto conceito multidimensional, pode ser perspectivada de diferentes formas e ser objecto de várias explicações.
 A ideia de transmissão intergeracional da pobreza e das desigualdades constitui um particular domínio que resume a hipótese do risco de pobreza dos indivíduos reproduzir-se de pais para filhos quando se encontra associado ao contexto social, económico e educacional da família de origem.
Vamos então estudar a mobilidade social e escolar intergeracional e relacionar com a taxa de risco de pobreza/transmissão da pobreza.
De acordo com dados tornados públicos em 2004, nos extremos temos uma mobilidade social e escolar descendente/estacionária ou mobilidade social e escolar ascendente, com taxas de risco de pobreza associadas de 14,6% e 12% respectivamente. No meio, é de realçar o peso da mobilidade social, ao invés da mobilidade escolar, ou seja indivíduos com mobilidade escolar ascendente mas com mobilidade social descendente/estacionária têm uma taxa de risco de pobreza mais elevado do que indivíduos com mobilidade social ascendente e moblidade escolar descendente/ estacionária.
Podemos então concluir que para uma transmissão da pobreza é necessário ter em conta vários factores, como a situação familiar do indivíduo, o número de pais que trabalham do agregado familiar, os cargos que estes ocupam e o nível de educação dos pais.
Tendo em conta os estudos, o peso da situação social no risco de pobreza sobrepõe-se à situação escolar, o que evidencia, na minha opinião, a falta de incentivos para continuar a alargar os estudos, uma mobilidade escolar ascendente.

Frederico Pires

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Energias renováveis

            Em 2010 foi aprovado um investimento de cinco mil milhões de euros em energias renováveis, com o objectivo de 31% da electricidade em 2020 ser produzida por energias renováveis, ou seja, 3500 MW de electricidade em nove anos, criação de emprego e desenvolvimento regional. Com isto, haveria um melhoramento da competitividade da economia, pois a subida continuada do preço dos combustíveis faz com que haja maior dependência de Portugal face ao exterior, e ainda melhoraria a qualidade ambiental.
            Portugal, em 2010, conseguiu atingir o 5º lugar dos países europeus com maior utilização de energias renováveis, sendo que 25% do consumo era assegurado por fontes ambientalmente limpas.
            Os subsídios entregues às empresas produtoras de energias renováveis sofreu um grande corte em 2012, pondo em causa 130 mil posto de trabalho. Em Fevereiro do mesmo ano, foram suspensas todas os novos licenciamentos de potências até 2014, colocando em questão o desenvolvimento do mercado interno e a meta estabelecida a nível europeu de, em 2020, 31% do consumo ser proveniente de energias renováveis. Uma das dificuldades mais evidente é a parte correspondente aos transportes (10% dos 31% previstos), pois verificou-se uma diminuição na venda de carros eléctricos, a queda do investimento da Nissan em Portugal e a reavaliação de toda a rede Mobi.E.
            Sendo que em 2012 Portugal ocupava o 4º lugar dos países da União Europeia mais avançados no cumprimento das metas sobre as energias renováveis. Em 2013, a electricidade de origem fóssil sofreu um recuo de 22% no uso de carvão e verificou-se um aumento da produção absoluta de energias renováveis de 34%, em comparação com o ano anterior.
            Verifica-se que as energias renováveis empregaram cinco mil pessoas nos últimos 4 anos e, para 2014, já há mais de 3 milhões de euros de encomendas do estrangeiro em máquinas eólicas fabricadas em Portugal.
            Acredita-se ainda que em 2050 Portugal irá conseguir que 100% da sua electricidade e uma grande parte do resto da energia que necessita seja portuguesa, renovável, com tecnologia portuguesa, feita e investigada em Portugal.

Rafaela Castro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

O subsídio de desemprego: uma política social efetiva?

                Uma das políticas sociais mais controversas no debate político é sem dúvida o subsídio de desemprego, provavelmente porque este é um instrumento utilizado para manter uma igualdade social e muitas das vezes é utilizado pelos utentes de forma imprópria e aproveitadora.
                Desde o início da crise que o governo alterou duas vezes esta política, tendo em vista tornar este subsídio uma compensação eficiente para os indivíduos que perderam o seu trabalho por razões, muitas vezes, alheias e não uma forma de rendimento sem esforço.
                Em 2010, a legislação sobre o subsídio de desemprego alterou-se, não permitindo que o subsídio ultrapassasse 75% do valor líquido da remuneração do trabalho de referência, contudo, se o rendimento de referência for bastante elevado, estes não recebem 75% do seu salário, mas sim o valor máximo de subsídio que na altura se encontrava nos 1257€. Para quem já estava a receber subsídio de desemprego, deixou de poder recusar propostas de emprego, desde que estas superassem em 10% o valor do subsídio de desemprego.
                O problema social do desemprego é um dos mais graves e urgentes do ponto de vista político. Um indivíduo na situação de desempregado tem um incentivo muito maior em ter comportamentos desviantes, limitando o progresso do país tanto a níveis económicos como sociais. De forma a controlar os comportamentos dos desempregados, criou-se um subsídio para que, enquanto não encontram um novo emprego, se consigam sustentar. Contudo, em alturas de níveis de desemprego elevados, os encargos do Estado são bastante grandes. Como se não chegasse, o subsídio motiva indivíduos desempregados a atrasar a procura de emprego, pois recebem uma remuneração durante um período de tempo limitado, mas ainda longo (18 meses, atualmente).
                A meu ver, era necessário contrariar a tendência de sobreviver com subsídio de desemprego e incentivar novamente os desempregados a procurar trabalho. Tendo em conta que foi uma medida implementada em 2010 e a taxa de desemprego continuou a aumentar, o seu impacto não foi muito relevante. Embora concorde principalmente com a proibição de recusar empregos, a meu ver um agente económico que não esteja a contribuir para a progressão do país tem de ser integrado o mais rápido possível e isto não se consegue se dermos a possibilidade deste estar sistematicamente a recusar postos de trabalho. Tendo em conta que, por essa altura, Portugal já sentia pressões externas para um pedido de resgate, o antigo governo diminui o volume de subsídios que ia atribuir, tentando reduzir a despesa pública.              
                Tendo em conta os resultados obtidos pós estas medidas, diria que não são muito efetivas, visto que no ano a seguir Portugal foi obrigado a pedir um resgate e a dívida pública tem continuado a aumentar. É uma visão um bocado pessimista, visto que esta medida, por si só, não é milagrosa, logo não iria resolver nada. Acredito que as medidas complementares é que foram mal aplicadas e esta compensação pode ser ainda mais eficiente do que é atualmente.

José Coelho 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Energy sector in Portugal

Portugal is a country characterized by a small primary energy production, deriving from non-existent fossil energy resources and no nuclear energy production. Primary energy production is entirely associated with renewable energies. Portugal is one of the few advanced economies for which renewable energy is the only form of energy produced domestically. The most important share it is made by the” Combustible renewables and waste”, followed by the share of hydro power plants with an average share of 20%, the quantity is not the same every year due to its dependence on the annual amount of rain. This thing determines the of coal for electricity since Portugal closed its last coal mine in 1994. In the beginning of the sixties, the share of solid fuels represented around 20% of primary energy production in Portugal, but they disappeared in the last decade while renewable energies like solar and wind energy have increased their importance
About 54% of consumed energy comes from oil, 22% from electricity, and 15% from renewable energy, mainly in the form of biomass. Transport and industry are the most important energy-consuming sectors, accounting for a 62% share in total final energy consumption in 2009. Energy consumption by the road-transport sector increased strongly in the 1990s due to the steady growth of traffic. This, however, changed in the 2000s as the total number of vehicles and distance travelled per vehicle stagnated. Energy used for transportation purposes has then remained relatively stable since 2005. 
All of Portugal’s natural gas is imported, mainly from Algeria (via a pipeline that transits through Spain). In addition, some liquefied natural gas (LNG) is shipped from Nigeria. The electricity sector is the largest consumer of natural gas, accounting for 43% of total consumption in 2008. Industry consumed 32% of the total volume in the same year, while the commercial and residential sectors consumed 11%. Over the last decade, Portugal has made significant efforts to deregulate its electricity sector. Both distribution and generation markets have witnessed important changes
This structural situation naturally leads to a high level of energy dependence, which is a feature also shown by other EU15 economies. Nevertheless, such high energy dependence does not pose immediate concerns about energy security as there is evidence on the diversification of foreign energy suppliers. In what concerns energy consumption patterns, the general picture is not much different from that observed in other European countries, with industry and transport representing the bulk of total energy consumption. The largest difference regarding the energy consumption bundles of the residential and industry sectors is the still small role played by gas. Energy intensity in Portugal has recorded an ascending trend until the nineties, followed by a period of relative stabilization and then a decline in the latest years of the sample. Over the same period, the energy intensity in the EU15 showed a steady and significant declining trend. The comparison with other countries reveals that Portugal records a relatively high energy intensity, which is broad based in terms of sectors. Such underlying structural conditions, together with international high and volatile energy prices, will continue to stand as determinants of the potential growth of the Portuguese economy in the future.
In April 2010, Portugal approved a new plan for the energy sector. The National Energy Strategy (Estratégia Nacional para a Energia, or ENE 2020) updated the 2005 plan and established an agenda intended to increase competition, promote economic growth, and reduce Portugal’s dependency on foreign supplies of energy. In particular, it envisages the decentralisation of energy production, the promotion of competition, the consolidation of MIBEL, the creation of an Iberian Common Natural-Gas Market (MIBGAS), the regulation of the national oil system, and the upgrading of the energy-storage infrastructure. As part of ENE 2020, a number of targets were established for the Portuguese energy sector, which are to be achieved by 2020. They include reducing the country’s dependency on foreign energy supplies, increasing the share of final energy produced from renewable sources, developing the industrial cluster related to energy efficiency and consolidating that for renewable energy to boost economic development and foster job creation, and achieving Portugal’s GHG emission-reduction targets, in line with its EU commitments.

Gabriel Stoica

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Celorico de Basto: Poder de Compra

Olhando para o mapa do poder de compra em Portugal, é fácil observar várias disparidades entre regiões: o litoral é mais rico do que o interior e existe mais poder de compra no sul do que no norte do país. 
Um total de 36 municípios portugueses apresentam um poder de compra "per capita" acima da média nacional, situando-se os valores mais elevados nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. De acordo com dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos a 2011, Lisboa apresenta o valor mais elevado de todos os 308 municípios nacionais (216,8), mais do dobro do índice nacional (100).
No ‘top’ três dos municípios com mais poder de compra ‘per capita’, seguem-se Oeiras (193,7) e o Porto (161,7).
No campo oposto, o INE assinala que, no conjunto dos 308 municípios nacionais, mais de metade (172) apresentam índices de poder de compra "per capita" inferiores a 75 pontos. De acordo com o documento, os dez municípios com menor poder de compra situam-se no interior norte do país e na Região Autónoma da Madeira. Celorico de Basto (49,83) é o município nacional com menor poder de compra "per capita", seguido de Cinfães (49,87) e Ribeira de Pena (50,8), todos situados na região do Tâmega.
Celorico de Basto é um concelho do distrito de Braga constituído por 12 freguesias e cerca de 20 000 habitantes. A situação de Celorico de Basto, que se posiciona no último lugar do ranking do índice de consumo, é explicada pelo seu peso demográfico no conjunto dos concelhos do Continente. O valor do índice de população deste concelho é cerca de duas vezes superior ao seu índice de poder de compra, o que explica porque é ele o concelho com menor índice de consumo do Continente. Esta posição do concelho de Celorico de Basto tem-se mantido nos últimos anos.
Ser o ‘concelho mais pobre do País’, ao aparecer todos os anos no fim da lista nacional de poder de compra elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística, não tem agradado aos celoricenses. Contudo, o Presidente da Câmara de Celorico de Basto garante que vai colocar em tribunal o Instituto Nacional de Estatística porque o seu concelho aparece sempre no final da lista nacional de poder de compra, segundo o Jornal de Noticias.
No seguimento da notícia, referiu ainda que “é sempre a mesma pessoa a fazer o trabalho e parte de uma base errada, que gera uma imagem errada da terra, que acarreta prejuízos grandes”.
Para Mota e Silva (presidente da câmara), trata-se de “uma farsa”, já que Celorico de Basto tem assistido à instalação de novas indústrias, pelo que “qualquer pessoa que conheça o concelho e o país percebe a evolução e sabe que o poder de compra tem evoluído”. Na opinião do autarca, a avaliação falaciosa é explicada pelo facto de “40% da avaliação se basear nos depósitos bancários e em levantamentos e pagamentos multibanco”, quando “cerca de 80% das contas dos celoricenses estão tituladas fora [em concelhos vizinhos] e [estes] estão habituados a pagar em dinheiro e não usam muito o multibanco”. Uma opção para um maior rigor na avaliação, segundo Mota e Silva, seria avaliar o PIB de cada concelho (in Noticias ao minuto, 10 de Novembro de 2013)
Sendo assim, será mesmo Celorico de Basto o “concelho mais pobre do país”?

Anabela Marinho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

The budget deficit and external debt

First of all, I think it is very important to distinguish and have a good idea about the difference between the budget deficit and external debt. Budget Deficit and Public Debt are different concepts but are related, since the higher the Budget Deficit the higher the National Debt will increase.
Budget Deficit:
Shortfall exists when the total value of a Country Public Expenditure (Expense of a State), exceeds the value of the Country Total Revenue ( Revenue of the State), for a certain period of time .
Budget deficit is usually expressed as a percentage of GDP, so that you can compare the value of the Budget Deficit of different countries.
Formula for Calculating the Budget Deficit = Total Public Expenditure (State Expenditure) - Total Public Revenue (Revenue of the State).
Public Debt:
Is the total debt that a state has towards others.
The value of the Public Debt can also be expressed as a percentage of GDP, so that you can compare the Public Debt of Various Countries.
At present, the value of the public debt of the Portuguese State is more than 100 % of the national GDP. The Portuguese government debt reached 124.1 % in 2012, the third highest in the Eurstat revised upwards, while the deficit stood at 6.4% of GDP, the fourth largest in the European Union, along with Cyprus.
According to the second notification, Eurostat deficit and debt of the United States in 2012, the general government deficit fell from 4.2% in 2011 to 3.7 % last year, while the one of the European Union increased from 4.4 % to 3.9 %.
Face to the first notification, published in April, the official statistics office of the European Union has now revised slightly downwards (from 4% to 3.9 %) the value of the deficit of the European Union as a percentage of Gross Domestic Product (GDP), as the value of the public debt in 2012 (85.3% to 85.1 %) . In relation to Portugal, Eurostat has revised upwards the ratio of public debt to GDP (123.6 % to 124.1 %).
In 2012, lower public deficits were observed in Estonia and Sweden (both -0.2 %), Luxembourg (-0.6 % ) and Bulgaria (-0.8 %). Germany registered a surplus of 0.1%.
Portugal, like Cyprus, had the fourth highest deficit (-6.4 %) within the European Union, having been one of the seventeen Member States with a deficit above 3 % of GDP. According to Eurostat, the evolution of the Portuguese budget deficit was 10.2 % of GDP in 2009, 9.8% in 2010 and 4.3 % in 2011.
With regard to debt, the ratio of public debt to GDP in the euro area increased (from 87.3 % at end of 2011 to 90.6 % in 2012). Regarding the European Union, the correspondent amounts were 82.3 % and 85,1 %.
In 2012, the lowest ratios of government debt to GDP belonged to Estonia (9.8%) , Bulgaria (18.5 %), Luxembourg (21.7 %) and Romania (37.9 %), while the highest ones occurred in Greece (156.9 %), Italy (127 %) , Portugal (124.1 %) and Ireland (117.4 %) .
In Portugal, the national debt has been increasing since 2009, when was set at 83.7 %. In 2010 reached 94 % of GDP, in 2011 108.2 % and reached 124.1 % in 2012. All this numbers shows us that Portugal is in a real financial crisis and on trying to give an end to it there was the need to get a loan from external entities.
Portugal made a loan on May 16, 2011. The finance ministers of the Eurozone officially approved a loan of 78 billion euros to Portugal. The loan was divided equally by the European Financial Stabilization Mechanism, the European Financial Stability Facility and the International Monetary Fund.
According to the former Portuguese finance minister, Fernando Teixeira dos Santos, the average interest rate of the loan should be around 5.1%. Portugal thus became the third Eurozone country, after Ireland and Greece, to receive international financial support to overcome financial difficulties.
However the value accepted by the Portuguese government was 26 billion euros, with average interest rate of 3.5% to be paid until June 2021.

Rafael Lameiras da Rocha

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Será a austeridade o caminho certo em Portugal e na Europa?

Todos sofremos com as medidas de austeridade que têm vindo a ser levadas a cabo em Portugal e por essa Europa fora, uns directamente e outros indirectamente, contudo já todos notaram que os bolsos estão bem mais leves. Resta agora perceber o porquê deste caminho e se é este a melhor alternativa que os nossos políticos têm para nos oferecer.
Em boa verdade vemos que o défice público Português disparou de 2007 para 2008, muito devido à crise global, passando de -2.7 (milhões de euros)  para -10.2 (milhões de euros), o que só por si indicava que alguma coisa estava mal e que a população em geral iria ser flagelada com aumento de impostos. 
A juntar a este problema, deparamo-nos também com a grave crise da dívida pública Portuguesa, que era demasiado elevada, passando os 100% do PIB ( 2007-2008). Agora, ao abrirmos a distribuição da despesa pública facilmente nos apercebemos que em Portugal não se gasta assim tanto quanto era esperado, comparativamente a outros países bem mais equilibrados, a nível do Estado, pelo menos. Então o porquê desta enorme discrepância?
É certo e sabido que esta austeridade tem sido infrutífera, e inconsequente, onde apenas resultados muito ténues e frágeis vão aparecendo muito de vez em quando, o que comprova que não será este o caminho a seguir pelos nossos políticos e pelos nossos parceiros europeus. De facto, alguma coisa está muito mal, mas será no nível da produção e do desenvolvimento, já que ao nível da despesa estamos muito parecidos com economias muito mais sólidas? Por sua vez, essas economias, optaram por investir ao revés de cortar como uns loucos na sua despesa, o que no longo prazo trouxe grandes benefícios e uma segurança económica que Portugal nunca teve. 
Portanto, em suma, podemos concluir que além de um problema crónico, Portugal tem um problema no que toca à criação de riqueza, e por isso depressa nos inteiramos que a austeridade não será o método mais desejável para resolver esta tão demorada crise.

António Peixoto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Trabalhar: até quando?

A idade da reforma de trabalhadores do Estado e do privado vai aumentar para os 66 anos de idade em 2014 e nos anos seguintes continuará a aumentar, mas o Governo garante que quem abandonar o mercado de trabalho com esta idade não sofrerá o corte do factor de sustentabilidade, o qual se reflectirá apenas no aumento da idade de reforma e não implicará um corte no valor da pensão. 
A explicação dada pelo Governo no relatório do Orçamento do Estado para 2014 indica que existirão sucessivos aumentos, a não ser que o país inverta a tendência histórica de subida da esperança média de vida. No entanto, os parceiros contestam este aumento e a CIP (Confederação da Indústria Portuguesa) argumenta mesmo que “66 anos é o limite admissível”. O novo regime ainda levanta dúvidas tendo em conta que não é conhecido o diploma em causa, mas já é possível ter uma ideia de como ele funcionará. 
Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, afirmou no passado dia vinte e três de Outubro deste ano que a ‘troika’ queria uma subida para os 67 anos mas, em alternativa, o Governo optou por mudanças no factor de sustentabilidade. Actualmente, este factor de sustentabilidade liga o valor das novas pensões à esperança de vida e dá alternativa aos trabalhadores: ou se mantêm activos por mais tempo ou têm cortes no valor da pensão. Por exemplo, quem se reformou este ano teve um corte de 4,78% na pensão ou, em alternativa, teve de trabalhar mais cinco a quinze meses, consoante a carreira contributiva além dos 65 anos, para anular esta redução.  
De acordo com Mota Soares, a aplicação do factor de sustentabilidade já obriga “hoje” os trabalhadores a manterem-se activos até aos 65 anos e seis meses, em média, para receberem a reforma por inteiro. Até agora, o factor de sustentabilidade era calculado com base na esperança de vida do ano 2006, mas passará a ter por base o ano 2000. O relatório do Orçamento do Estado (OE) diz que isto implicará um corte de 12% nas futuras pensões. 
No entanto, as medidas não serão cumulativas. Se assim fosse, seria necessário trabalhar além dos 66 anos para contornar o corte de 12% ditado pelo factor de sustentabilidade. Mas Mota Soares garantiu que não é essa a ideia, afirmando: “Não há nenhum efeito de dupla penalização. A penalização do factor de sustentabilidade é a própria idade da reforma”. O relatório do Orçamento de Estado já indicava que quem se reformasse após a idade legal ficaria salvaguardado do factor de sustentabilidade, tal como o Diário Económico noticiou.
A lógica é, portanto, a seguinte: se se mantivesse como actualmente, os trabalhadores poderiam reformar-se aos 65 anos mas teriam um corte de 12% na pensão, ou, em alternativa, teriam de trabalhar no mínimo mais 12 meses (até aos 66 anos) para contornar a redução. Contudo, isto vai mudar: os 66 anos passarão a ser a idade legal de reforma e esse ano adicional de trabalho agora exigido acabará por eliminar o corte de 12%. Isto quer dizer que o factor de sustentabilidade vai passar a influenciar a idade legal de reforma, quando, até aqui, apenas alterava a idade de acesso à pensão completa.  
Noutros países, a idade de reforma é muito inferior àquela que é praticada em Portugal. Por exemplo, o Governo francês aprovou há alguns meses o decreto que reduz a idade da reforma em França dos 62 para os 60 anos para os trabalhadores com 41 anos de descontos.
A UGT (União Geral de Trabalhadores) é completamente contra esta medida, sem qualquer possibilidade de alterar a sua posição, rejeitando o aumento da idade de reforma e o corte de actuais pensões. “O corte das pensões, a acontecer, é uma medida com efeitos retroactivos, que a UGT rejeita totalmente e que viola princípios fundamentais, como o da confiança no Estado, atingindo um grupo muito vulnerável, que já não tem, nesta fase da vida, outra alternativa de rendimentos”, foi declarado pela central sindical ao Negócios. 
Conclui-se então que a lei de bases da Segurança Social vai permitir que a idade de reforma possa ser ajustada de acordo com a esperança de vida, o que permitirá aumentos progressivos ao longo dos anos. Além disso, a lei vai admitir que o ano de referência utilizado para o cálculo do factor de sustentabilidade possa ser alterado. Assim, poderá acontecer um aumento gradual da idade da reforma e, neste momento, nenhum trabalhador “saberá qual será a sua idade de reforma”, a qual poderá ir além dos 66 anos.
Na minha opinião, esta medida tomada pelo Governo não é vantajosa de maneira alguma! É notório que a esperança média de vida tem vindo a aumentar ao longo dos tempos, devido aos progressos na medicina e à maior qualidade de vida adquirida pela população nos últimos anos, e, provavelmente, irá aumentar cada vez mais. Mas, com o aumento da idade de reforma quando é que os jovens desempregados vão conseguir um emprego? É completamente contraditório, numa altura em que se pretende combater o desemprego jovem, aumentar a idade de reforma. Para além de que uma pessoa com idade de 65 anos ou mais não terá a mesma capacidade e desempenho do que um jovem desejoso de encontrar o seu primeiro emprego. 
As pessoas têm de deixar de ser vistas apenas como números e meros “joguetes económicos” e passarem a ser reconhecidas pelas suas qualidades enquanto trabalhadores, pois só assim teremos trabalho qualificado e pessoas realizadas!

Maria Clara Antunes Lobo Martins

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Productivity and competitiveness of Portugal

Since the financial crisis, Portugal has seen stagnation in productivity but also found a clear decline in its competitiveness. Therefore, the country is on the path of economic adjustment in order to stimulate growth and to correct an excessive reliance on debt. The authorities should therefore seek to meet the objectives of nominal deficit of the EU- IMF program. Particular attention should be paid to the conditions for financing small and medium enterprises, in particular, by encouraging them to pay more per share and less debt, and redirecting EU funds. It is paramount that are implemented structural reforms to strengthen the background potential growth and transfer of economic activity sectors with low productivity focused on the domestic market to the export sectors of goods and services. Strong labor market reforms would help reduce the dualism and gains in competitiveness.
Structural fiscal reforms are needed to restore the sustainability of public finances. The persistence of high risk premiums on bonds that the authorities still have obstacles to regain full market access during the period covered by the program. Structural measures are needed to address the problems of longstanding excessive spending growth and the opaque important commitments relating to arrears accumulation, losses of public enterprises and public-private partnerships. The country should take measures to implement a medium-term budgetary framework, to adopt better financial management tools, to create a fiscal council and increase the transparency of fiscal accounts. In addition, the budgetary framework would be significantly enhanced by the introduction of a clear rule to apply to the government under the new European fiscal framework expenses. The evolution of the finances of local and regional government was marked by significant negative periods, so their budgetary frameworks should be reformed. A wide range of structural reforms is needed to enhance productivity and increase the share of international trade in the economy. 
Although the liberalization of Portuguese authorities is enshrined in law, many markets remain concentrated because of the existence of significant barriers to entry, so that hinder competition and innovation. Simplified procedures for issuing business licenses favor the new entrants in the market, increase competition and enhance employment. 
The Portugal international trade is limited, given the relatively small size of its economy, which suggests that the gains could be derived from increased participation in international trade. It is important that the government should continue its efforts to improve the business environment, particularly in the markets affected by privatization, and reduce incentives to create distortions that divert investment in the export sector. These efforts should help to attract foreign direct investment. The educational level of the workforce remains well below the EU average and has yet to improve, despite the significant progress made ​​by the younger generation, so that companies can develop in areas of activity over high productivity.
Further reforms of the labor market are necessary. The institutional framework has affected employment and resulted in a labor market with two speeds, which hinders the growth of productivity, as workers on short-term contracts are less likely to invest in human capital and the permanent workers are not mobile enough. Efforts to reduce this dualism in the right direction and major reforms have recently been introduced, including the reduction of redundancy, following an agreement with the social partners. Nevertheless, the dominant firms require other conditions of pay and working through the administrative extension of collective agreements, which weakens competition, reducing the entry of new players in the relevant markets and thus night competitiveness.
Finally, a reduction of the costs of non-wage labor for low wages could help to improve the employment prospects of low-skilled individuals.

Seb Rizzi 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

As mulheres no contexto da última década

As mulheres, na última década, são cada vez mais e com maior longevidade. Adiam o casamento e a maternidade, e o número de filhos tem diminuído. Continuam a ser elas a assegurar a maioria das licenças de acompanhamento parental. Estão em maioria no ensino secundário e superior, ainda assim no mercado de trabalho persiste uma maior taxa de desemprego no sexo feminino.
Apesar da legislação do princípio da igualdade de género ser reconhecida como um direito fundamental desde 1995 (sendo que este processo vem estando em curso desde muito antes), promovida pelas Nações Unidas, subsistem problemas, principalmente sociais, de discriminação em função do sexo, e os direitos legalmente garantidos não são cumpridos nas nossas sociedades. Sendo de fácil conclusão, a necessidade de eliminação de estereótipos de género está patente na seguinte análise de indicadores, repartidos por vários temas.
Em 2012, as mulheres constituíam 52 % da população residente em Portugal, ou seja, são cerca de 5,5 milhões. Também em todos os países europeus (UE 27) as mulheres fazem parte da maioria da população residente, de acordo com os dados do PORDATA.
Entre 2001 e 2011, a relação de femilidade passou de 107 para 109 mulheres por cada 100 homens, segundo o INE. Verificando-se também uma diminuição do número de mulheres jovens, nos grupos etários até aos 24 anos, e um aumento nos grupos etários mais adultos, com idades superiores a 24 anos, especialmente no grupo etário dos 75 e mais anos, que aumentou 37,6%. Portugal está envelhecido e a perder jovens.
As mulheres casam e são mães cada vez mais tarde e têm menos filhos, o que pode estar associado à sua escolaridade ou inserção profissional.
Relativamente às condições de vida, registou-se um aumento da proporção de mulheres lesadas/ofendidas no crime registado contra as pessoas. Entre 2000 e 2010, é interessante verificar uma redução para quase metade no número de reclusas.
As mulheres detêm a maior parte das licenças de acompanhamento parental, persistindo a preferência da guarda dos filhos dada às mães e a ideia que a reprodução não é entendida como um direito e uma responsabilidade de ambos, em igualdade.
Beneficiam de prestações de desemprego e de rendimento social de inserção em proporção praticamente idênticas às dos homens. E o risco de pobreza é assinalado como superior para as mulheres.   
Quanto à educação, as mulheres caracterizam-se por alguma polarização, uma vez que, por um lado, existe uma proporção mais elevada de mulheres sem qualquer nível de escolaridade completa (justificada pelo envelhecimento da população), por outro, existem mais mulheres com o nível de escolaridade superior e secundário. Sendo as últimas as que têm maior nível de participação no mercado de trabalho e privilegiam as áreas das ciências sociais, comércio e direito, saúde e proteção social e educação, rompendo a ideia que a mulher é um ser humano apenas com a função reprodutora.
A taxa de emprego é superior para os homens relativamente às mulheres, no entanto, destas, apenas um quinto trabalha em funções dirigentes e de carácter intelectual e científico, o que revela um desperdício de recursos humanos altamente qualificados, para além da injusta diferenciação salarial. O desemprego feminino tem maior incidência nas mulheres jovens, dos 15 aos 24 anos, que representou, em 2011, 31,7% do total.
São as mulheres que fazem mais esforço de conciliação entre a vida familiar e a participação no mercado de trabalho. A população feminina tem acompanhado o crescente uso das TIC, com mais de metade das mulheres a utilizarem computador (55,5%) e Internet (52,5%), em 2011.
Portugal está no 47º lugar em relação a 135 países e apresenta o nível 0,707 no Índice da Igualdade de Género, de 2012 (classificado de 0-1). São dados que o Social Watch publica para ser possível comparar as desigualdades de género e verificar a evolução dos diferentes países do mundo. O Gender Equity Index (GEI) mede a diferença entre homens e mulheres na Educação, na Economia, na Saúde e na Participação Política (obteve, respetivamente 0.994, 0.679, 0.972 e 0.183). A desigualdade no acesso ao poder é o que mais afasta a UE da plena paridade entre mulheres e homens.
Por fim, subjacente a vários indicadores que apresentam a evolução das mulheres, verifico que persiste a desigualdade de género e que a sociedade atribui às mulheres e aos homens capacidades e papéis específicos e tradicionais, não tendo em conta as reais capacidades e aspirações de uns e outras.

Patrícia da Conceição Oliveira Gomes

Fontes:
·    http://www.socialwatch.org/node/14365

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]