Um dos
aspectos mais importantes, no que respeita à saúde, é saber qual a factura real
e, não ocultar total ou parcialmente, as contas, de modo a não aparecerem PPP,
como já foi alertado pelo Tribunal de Contas, ao ser só contabilizada a
utilização dos edifícios dos hospitais para os próximos 10 anos, faltando logo
aí, obviamente, o resto das contas (e este é apenas um exemplo). E, com estas situações,
aquilo que começamos a perceber é que não temos a noção concreta de quanto é
que custa o Sistema Nacional de Saúde que temos em Portugal. A ideia que
penso que todos temos é que estamos a pagar muito mais do que aquilo que
precisamos e que estamos a receber. Por exemplo, não é normal que seja mais
fácil para um cidadão português fazer um exame num hospital do que ter um
médico num centro de saúde – de modo a que exista assim uma medicina de
proximidade, de cuidados básicos de saúde, apostando mesmo na prevenção.
Posto isto,
sem qualquer dúvida que o mais importante é haver transparência nas contas, de
modo a saber-se qual a factura total e, depois, no curto prazo, começar a cortar
mas com lógica, uma lógica de modo a não haver um idoso que viva no centro do
país sem acesso aos cuidados básicos. Por outro lado, é necessário perceber que
quando um outro cidadão se dirige a um “grande” hospital devido a uma simples
constipação e faz dois ou três exames (mesmo tendo em consideração o seguro), somos
todos nós que pagamos estes exames. Assim, este problema, é também ele cultural
e do modo como todo este “negócio” é gerido. Portanto, em primeiro lugar,
deve-se olhar para a óptica dos custos e renegociar tudo, perceber aquilo que é
efectivamente necessário e apostar, igualmente, na prevenção e não no agir só
após a doença se manifestar – este facto leva-nos para a falta de interesse que
as farmacêuticas e grupos económicos têm no que diz respeito a esta
problemática.
No que
respeita ao Orçamento do Estado para 2014, a Saúde em Portugal irá sofrer um novo
golpe: assim, o governo, irá transferir menos 847,8 milhões de euros do que em
2013, num total de 9051,7 milhões de euros. O ministro Paulo Macedo reconheceu
no documento do OE entregue aos deputados que “a trajectória de redução da
despesa terá de ser aprofundada” e, por isso, “no total, as medidas sectoriais
de redução de despesa a executar ascenderão a 259,2 milhões de euros”. Entre
elas, estão mais poupanças na factura com medicamentos e serviços de saúde
prestados por convencionados, por exemplo.
Assim, será
que iremos continuar a ter, pese embora todos os defeitos que são apontados, um
dos sistemas de saúde mais eficientes?
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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